Fifa vai cobrar Dilma Rousseff por segurança na Copa do Mundo
Blatter quer garantias da presidente de que manifestações nas ruas não vão interromper Mundial
23 de janeiro de 2014 | 4h 59
Jamil Chade - Correspondente - O Estado de S. Paulo
ZURIQUE - A Fifa
vai cobrar da presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira garantias de
que, seja o que ocorrer nas ruas brasileiras, as manifestações não vão
interromper a Copa do Mundo
e o torneio não terá partidas adiadas. Nesta quinta, a presidente
visita pela primeira vez a sede da Fifa em Zurique e terá um encontro
com Joseph Blatter, o mandachuva do futebol mundial. Oficialmente, a
entidade insiste que se trata apenas de "uma visita de cortesia". Mas a
agenda está carregada.
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A situação do estádio de Curitiba é alarmante e a entidade quer um
envolvimento direto do governo federal para não obrigar o calendário da
Copa a ser revisto e eventualmente liberar verbas.
Outro ponto da agenda que ainda precisa ser negociado é a presença da
presidente na abertura e encerramento da Copa. Depois da vaia recebida
pela presidente na abertura da Copa das Confederações, a Fifa quer
garantias de que ela não vai esnobar o torneio para se blindar em um ano
eleitoral.
O Estado revelou na semana passada com exclusividade
a realização do encontro desta quinta. Parte do esforço tanto de Dilma
quanto de Blatter é o de dar uma sinalização internacional de que a Fifa
e o governo estão trabalhando juntos para garantir o sucesso de um
evento mergulhado em polêmicas.
Mas, sem saber o que vai ocorrer quando os dois se encontrarem, a
Fifa não confirmou ainda se uma conferência de imprensa seria realizada,
justamente para evitar que as diferenças sejam escancaradas.
Em desavenças permanentes desde 2007, o governo e a Fifa se deram
conta que precisam unir esforços se querem que a Copa, em menos de cinco
meses, seja um sucesso. Se Dilma esnobou Blatter, agora ela foi
orientada a dar atenção ao Mundial que, se sair dos trilhos, pode custar
até sua reeleição.
Blatter, depois dos protestos na Copa das Confederações, entendeu que
apenas o estado brasileiro pode colocar um volume suficiente de polícia
na rua para garantir a segurança da Copa. O Estado apurou que um plano para blindar o Mundial está sendo preparado.
A meta é a de garantir que, seja qual for a situação das ruas, os
jogos não serão adiados. Na Fifa, fontes do departamento de segurança
admitem que precisarão "conviver" com a situação das manifestações.
Mesmo que seja exigido que estádios sejam blindados, a Fifa quer
garantias de que a bola vai rolar no horário e dia determinado. Por mais
que possa significar um problema, é justamente a audiência mundial que
não pode ser afetada, seja por conta das televisões que pagaram milhões
ou por conta dos interesses de patrocinadores.
ATRASOS
Blatter e Dilma também tem sobre a mesa outro ponto delicado: os atrasos dos estádios e, em especial, o caso de Curitiba que pode ser excluído. A Fifa quer garantias de que o governo vai se envolver nas próximas semanas e, se necessário, acelerar a liberação de verbas do BNDES em locais onde ainda precisam ser concluídos.
Dilma tem recebido relatórios periódicos sobre os avanços das obras.
Mas responsáveis na Fifa não disfarçam o mal-estar. Blatter ainda quer
um compromisso de Dilma de que ela estará pessoalmente empenhada no
sucesso da Copa. E isso significa também não se esconder. Fontes na Fifa
confirmam que a presença de Dilma na abertura e final do Mundial está
sendo "negociada".