segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nota

Quando se trata de seres humanos, todos mortais, a crítica deve ser mantida, mesmo após a ida da pessoa para os braços de Abraão. O costume nacional (hipócrita) exige que de falecidos só o elogio deve restar. Errado. Os vivos têm o direito e a obrigação de conhecer os fatos, os feitos, os ditos de quem deixou de ser. Mesmo os seus erros são uma riqueza que não lhes pertence, mas à humanidade. Quando eu deixar este vale de lágrimas (penso por no meu testamento) exigirei que ninguém da universidade compareça ao funeral. Os amigos estarão proibidos, porque desejo que retenham de mim o que em mim viam. E os inimigos, ah! não quero que eles me vejam morto, o seu desejo perene! Quanto ao que eu fiz, escrevi, disse, são coisas que já estão fora de meu domínio há muito tempo. Na verdade, assim que uma coisa é feita, dita, escrita, deixa de ser propriedade, torna-se domínio público. É por tal motivo, penso, que Pascal critica os que dizem "meu livro". Ele recomenda: "nosso livro". E tem razão, porque as criticas (sobretudo elas) integram o trabalho efetivado. Assim, quem critica impensadamente, ou por fanatismo, deveria lembrar o seguinte: os xingatórios, as análises enviezadas, os ataques sem base lógica ou empírica, serão comparados aos textos que o autor deixou. Os leitores poderão ter uma visão sinótica das teses e das antíteses. E aí...pode ficar ruim para os que seguem a ideologia, a crença, os partidos, etc.

RR