segunda-feira, 27 de junho de 2011

Tirania é tirania. Basta ler Platão, na República (562b-563e)

27/06/2011 - 06h17

Exército norte-coreano passa fome, diz reportagem de jornalista encoberto


Em Sydney

O regime comunista da Coreia do Norte não consegue alimentar sequer o Exército encarregado de defender um país onde milhares de pessoas passam fome e sofrem de desnutrição, segundo uma reportagem exclusiva divulgada nesta segunda-feira pela rede australiana de televisão "ABC".

"Todos estão fracos", diz um jovem soldado norte-coreano na gravação. Ele explica que, em seu pelotão, integrado por 100 camaradas, "metade está desnutrida".

As imagens obtidas em câmeras ocultas foram recopiladas durante meses por um jornalista que trabalhou disfarçado na Coreia do Norte no início do ano e, posteriormente, retiradas do país pela fronteira com a China.

O vídeo exclusivo da "ABC" mostra, por um lado, cenas lamentáveis de crianças órfãs mendigando por comida e soldados cobrando propinas e, por outro, trabalhadores construindo uma linha férrea privada perto da capital, Pyongyang.

A obra será um presente do líder norte-coreano, Kim Jong-il, a seu filho e provável herdeiro do regime, Kim Jong-un, comenta ao vídeo o supervisor dos trabalhos, ao ser perguntado pelo jornalista disfarçado.

Apesar da fome, existem na Coreia do Norte mercados privados com abundantes reservas de arroz, carne suína e milho, enquanto o Estado carece de alimentos para distribuir entre a população necessitada, informa a "ABC".

Nesse contexto, um funcionário do regime aparece no vídeo exigindo a um comerciante que faça um donativo de arroz para o Exército.

O japonês Jiro Ishimaru, que treina repórteres norte-coreanos para o uso de câmeras ocultas, afirmou que o documento é importante porque mostra "o enfraquecimento do regime de Kim Jong-il".

"Costumava-se dar prioridade aos militares, mas agora não é sequer possível dar comida aos soldados. O arroz é vendido nos mercados, mas eles (os soldados) morrem de fome", comentou Ishimaru à "ABC".

Essas notícias induzem ao temor de que se repita no país a crise alimentar da década de 1990, que causou a morte de centenas de milhares de pessoas.

A Coreia do Norte depende em grande parte da ajuda externa para alimentar uma população de aproximadamente 24 milhões de habitantes e que sofre longos períodos de escassez, agravados pelas sanções internacionais impostas devido ao programa nuclear do regime e às condições meteorológicas adversas.

A escassez de alimentos que afeta de forma crônica a Coreia do Norte, um dos países mais isolados do mundo, levou 40 mil crianças a sofrerem de desnutrição aguda, segundo dados do Unicef, e fez com que um terço da população sofresse raquitismo.