Há bom tempo, no seu livro sobre Diderot e o Materialismo Encantado, E. De Fontenay analisava criticamente a exposição, no Museu do Homem (!) em Paris, do esqueleto de Bartman, cortado de mil modos pelos olhares machistas, olhares "escalpelo". O filme vem indicar o quanto os machos do Ocidente são ferozes, covardes, sanguinários. Não sei quanto ao filme, mas o livro de Fontenay é um chute nas entranhas da "civilização cristã". Ah, para finalizar : Bartman era "propriedade" de um bispo anglicano, inglês. Depois foi vendida para espetáculos na polida França, a terra da "Liberdade, Igualdade, Fraternidade". E terminou nas vitrines "científicas" do Museu do Homem, o lugar certo, em cultura masculinizante. Rabisquei algumas coisas sobre o tema, também há bom tempo, no artigo "A mulher e a des-razão Ocidental"(in Roberto Romano, Lux in Tenebris, São Paulo, Unicamp Ed., 1985).
PS: os moralmente superiores "cientistas"machos da França não apelidaram Bartman como "Venus Negra"como sugere, com eufemismo, o repórter da Folha. Eles a chamaram "Venus esteatopígia"(Venus de bunda feia), comparando-a à Venus kalipígia (de bunda bonita), que está no Museu do Louvre. Eles, os "cientistas"seguiam a doutrina de Aristóteles (na Política), segundo a qual os povos do Norte eram valentes e burros e os do Oriente eram inteligentes e covardes. Homens, de fato, eram os gregos: inteligentes e valentes. O resto, bem, o resto, não era propriamente composto de homens. Agora, quanto às mulheres, pode-se concluir pela história de Bartman.
RR
PS: os moralmente superiores "cientistas"machos da França não apelidaram Bartman como "Venus Negra"como sugere, com eufemismo, o repórter da Folha. Eles a chamaram "Venus esteatopígia"(Venus de bunda feia), comparando-a à Venus kalipígia (de bunda bonita), que está no Museu do Louvre. Eles, os "cientistas"seguiam a doutrina de Aristóteles (na Política), segundo a qual os povos do Norte eram valentes e burros e os do Oriente eram inteligentes e covardes. Homens, de fato, eram os gregos: inteligentes e valentes. O resto, bem, o resto, não era propriamente composto de homens. Agora, quanto às mulheres, pode-se concluir pela história de Bartman.
RR
São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011