quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reinaldo Azevedo. Para registro e análise.

16/11/2011

às 16:02

Eu me interessei pela origem do pensamento de um professor “revolucionário” da USP. E vejam o que descobri

O professor Vladimir Safatle, da USP, colunista da Folha de S. Paulo e comentarista da TV Cultura (que os petistas, mentindo, como de hábito, acusam de tucana…) é um homem de esquerda. Ele se considera, inclusive, à esquerda do PT. Escreveu aquele artigo na Folha com mentiras grosseiras sobre a universidade, tentando fazer uma espécie de arranca-rabo de classes no campus. Na sua imaginação, há uma luta entre os “proletários” da FFLCH e os “burgueses” das demais unidades. O moço é ousado. Em artigo histórico no Estadão, tentou demonstrar as virtudes revolucionárias do terrorismo.

No vídeo abaixo, Safatle discursa num evento ocorrido na USP no ano passado em defesa da candidatura Dilma. Ele já era colunista do jornal — isento claro! O que não é tão claro é que Safatle e seus amigos estão desrespeitando a Lei Eleitoral. Ouçam depois o que diz o rapaz, já que o melhor deste post vem lá no fim… Para ele, “a luta [a necessidade de Dilma vencer] só começou.” Ele revela seu inconformismo com o fato de existir “um eleitorado forte, articulado e muito presente de direita”. O rapaz acusa a candidatura do PSDB de ser aliada dos “setores mais reacionários da igreja e do cinturão do agronegócio”. E termina sua exposição apelando a suas origens goianas, com um clichê muito aplaudido por todos os outros transgressores da lei que o ouvem: “No Goiás, a gente costumava dizer que o sujeito inteligente é aquele que dá um boi para não entrar numa briga e uma boiada pra não sair. Tá na hora de a gente mostrar que a nossa boiada é grande”.

Boiada, é? Entendi. O vídeo vai abaixo. Depois vocês vêem. Retomem o texto que segue depois dele.

Voltei
Vocês sabem que costumo dizer que a “revolução” na USP, promovida pela minoria de extrema esquerda entre professores e alunos, é coisa dos “remelentos e Mafaldinhas” alimentados com sucrilho e toddynho. Bem, é o caso de Vladimir Safatle. Como a sua coluna deixou claro, ele certamente se opôs à reintegração de posse na USP determinada pela Justiça. Está entre aqueles que acreditam que o que é público não é de ninguém.

De reintegração de posse, Safatle entende. Ele é filho do economista Fernando Safatle, radicado na cidade de Catalão, em Goiás. O homem foi um dos fundadores do PT local, mas transita com desenvoltura no PSDB também, amigo que é do governador Marconi Perillo. Em suma, Safatle, o Vladimir Lênin da USP, pertence às chamadas “classes superiores”, entendem? Até aí, né?, ele poderia dizer que seu homônimo russo também era… A questão seria o compromisso de classe. Sei…

Um grupo de sem-terra teve o mau gosto de invadir a propriedade de Fernando, de que Vladimir é herdeiro, Opa! Aí, não! Onde já se viu invadir terra de gente progressista, de esquerda? Não pode! Leiam o que informa o Portal do Sudeste no dia 28 de junho deste ano.

*

Foi realizada hoje (28) à tarde audiência com famílias invasoras de terra em Catalão e o proprietário, o economista Fernando Safatle. Segundo informações, 15 famílias estão acampadas no local desde o dia 17 de junho. Parte delas participou da audiência de reintegração de posse.

A audiência durou pouco mais que uma hora. Segundo o juiz, Antenor Eustáquio, foi tranquila. A sentença, de acordo com ele, foi que as famílias deixem a área em oito dias. Até lá, ele não pediu reforço policial. Mas deixou bem claro que, se o prazo não for respeitado, solicitará. “Dei o prazo de oito dias até por questão social. Há crianças. O prazo é suficiente para eles se organizarem e deixarem a área”, resumiu. (…) Ela [reintegração de posse] foi proposta pelo economista, que alegou que foi impedido de exercer a legítima posse. Segundo ele ao juiz, o grupo arrombou a porteira, não permitindo que as pessoas chegassem até a propriedade. Ainda de acordo com Safatle, os invasores estavam armados de foices, facões, enxadas, causando certo temor à população local. O pedido foi acompanhado de documentos.

O grupo foi à audiência acompanhado por dois advogados. Um deles, João Francisco Marques, de Goiânia, informou que vai entrar com recurso para revogar a decisão do juiz. “Se conseguir, as famílias ficam na área. Se não, saem”. O presidente da Central dos Trabalhadores Rurais de Goiás, Victor Rodrigues de Oliveira, também participou da audiência e disse que o movimento de Volta do Trabalhador ao Campo é ligado à Central e tem uma parceira, como ele chamou, com o Incra de Goiás. “Fazemos as mobilizações e as pré-seleções de famílias que podem ser assentadas e entregamos ao INCRA”. De acordo com ele, além dessa ligação com o Incra, ele disse que o grupo está em conversação com o Banco do Brasil. A intenção com isso, segundo ele, é fazer um levantamento de terras com algum problema junto à instituição e que podem servir para a reforma agrária.

Victor disse que o movimento não é ligado aos Sem Terra e contou ainda que não considera uma invasão à fazenda. “Nós entramos nessa área, que dizem ser do Fernando Safatle, mas é do banco (Banco do Brasil). Nós temos documentos que provam que essa área é do banco. Ele está simplesmente reivindicando uma área que não pertence mais a ele”, disse.

O presidente contou ainda que as famílias que vieram para Catalão estavam acampadas na porta do Incra em Goiânia há quase um ano. “Quando tivemos uma liminar expedida pela Prefeitura (de Goiânia) para remoção das famílias, nós fizemos um acordo com o Comando da Polícia Militar juntamente com o Incra que essas famílias viriam para uma área do Banco do Brasil em Catalão. E elas vieram e estão em uma área do Banco do Brasil”. De acordo com ele, a intenção é que as famílias permaneçam no local até que o Incra legalize o processo.

(…)

Encerro
Entendi. O pai do revolucionário da USP reivindicou, e obteve, a reintegração de posse de uma fazenda ocupada por sem-terra. A tal fazenda está enrolada com a Justiça. Ela foi, com efeito, arrematada pelo Banco do Brasil, que é público, mas Safatle recorreu. Essas coisas costumam ocorrer quando o banco empresta um dinheiro e não recebe, depois, o pagamento.

Vladimir, o Safatle, poderia ir lá na porteira da fazenda ocupada por seu pai e discursar como Vladimir, o Lênin. Mas ele prefere fazer isso a muitos quilômetros de distância, na USP, que, na sua concepção, deve ser terra de ninguém. Tudo saindo no melhor dos mundos pra ele, ainda acaba herdeiro daquelas terras, não é?

Por Reinaldo Azevedo