Instituto Vladimir Herzog divulga nota
de repúdio às declarações de ex-militar
O Instituto Vladimir Herzog divulgou nesta segunda-feira (5/3) uma nota de repúdio às declarações do general da reserva, Luiz Eduardo Rocha Paiva, durante entrevista à jornalista Miriam Leitão durante o programa "Espaço Aberto" dedicado ao desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva, apresentado na última quinta (1/3).
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No comunicado, a instituição discorda das afirmações do militar sobre a Comissão da Verdade, especialmente sobre a dúvida levantada sobre a responsabilidade do Estado na morte do jornalista Vladimir Herzog.
Durante a entrevista, Miriam Leitão lembrou que “Vladimir Herzog foi se apresentar para depor e morreu”, Rocha Paiva questionou afirmando “e quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado? Nisso há controvérsias. Ninguém pode afirmar.”
Na nota, o Instituto Vladimir Herzog lembra que alguém que se apresenta para depor está sob a guarda e a responsabilidade do Estado e de seus agentes, que tem a obrigação de assegurar a integridade física e a própria vida de um depoente e que, ao contrário da afirmação de Rocha Paiva, a Justiça brasileira reconheceu oficialmente, há 33 anos, após processo movido por Clarice Herzog e seus filhos, que Vladimir Herzog foi preso, torturado e assassinado nos porões da ditadura, por agentes do Estado.
A entidade reafirma no comunicado que "por ser um crime cometido pelo Estado [tortura] – não por cidadãos comuns, julgados pela Justiça comum – que as torturas e mortes perpetradas por agentes do Estado e sob sua bandeira são o que precisa ser investigado e exposto pela Comissão da Verdade. Não acobertado pelo Estado ou por qualquer de suas instituições".