REITORIA OCUPADA
Estudantes fecham reitoria; cenário é de destruição
Protesto é pela presença da PM; funcionário disse que paredes e monitores estão pichados
04/10/2013 - 08h58
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Foto: Shana Maria Pereira/ Correio Popular
Estudantes cobrem o rosto em ocupação da reitoria; grupo protesta contra PM no campus
Cerca de 400 estudantes da Unicamp permanecem na reitoria
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) após terem passado a
noite e invadido o local na quinta-feira (3). Os funcionários chegaram
esta manhã para trabalhar, mas foram impedidos de entrar porque os
alunos lacraram o prédio. Segundo um funcionário que conseguiu acesso
nas dependências do prédio, o cenário e de destruição. Os alunos são
contra a presença da Polícia Militar no campus.
João Marques, auxiliar administrativo da Unicamp, teve autorização dos invasores para entrar para pegar um remédio de uso contínuo. Segundo ele, monitores de computador estão pichados, assim como paredes, armários tombados e janelas quebradas. Segundo ele, que durante todo o trajeto à sua mesa foi acompanhado de um um grupo de 15 pessoas, muitos alunos ainda estavam dormindo. "É muito triste ver isso porque é o meu local de trabalho', disse Marques, completando que os estudantes voltaram a afirmar que o motivo do protesto é a presença da PM.
A imprensa também está impedida de ingressar no edifício. O protesto é contra a presença da Polícia Militar (PM) no campus. A direção da universidade solicitou o policiamento depois que um aluno foi morto dentro da escola em setembro durante uma festa clandestina. Ele levou uma facada no coração e foi espancado.
No começo da noite de ontem, os universitários tamparam as janelas do prédio com panos escuros para evitar que a polícia e a imprensa vissem o que estava acontecendo no interior das salas. Alguns deles, encapuzados, chegaram a subir no telhado. Dois seguranças foram obrigados a abandonar uma sala a mando dos ocupantes. Três viaturas da polícia acompanhavam a movimentação de longe, sem interferir. O delegado assistente da Delegacia Seccional de Campinas, Oswaldo Diez Junior, esteve no local para constatar a invasão e relatar os danos ao patrimônio público. Além disso, fez o registro para que a universidade entre com medida judicial para a reintegração de posse da reitoria.
Foto: Shana Maria Pereira/ Correio Popular
Depredação em patrimônio da universidade
Foto: Shana Maria Pereira/ Correio Popular
Funcionários da Unicamp chegaram para trabalhar logo cedo e foram impedidos de entrar em prédio
Segundo a coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Carolina Figueiredo Filho, os estudantes exigem que a direção reveja a decisão sobre a PM.
Vários cartazes foram colados nas janelas com os dizeres: 'Fora PM'.
Entenda o caso
A permissão para que o patrulhamento da Polícia Militar fosse realizado dentro da universidade ocorreu no dia 26 deste mês depois que a reitoria aceitou a proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de colocar a PM para atuar na segurança do campus.
A preocupação com a segurança da instituição ficou exposta após o assassinato do estudante Denis Papa Casagrande, de 21 anos, no sábado (21). Ele foi espancado e esfaqueado em uma festa clandestina que acontecia no Ciclo Básico, no interior da universidade.
Maria Teresa Peregrino, de 20 anos, confessou ser autora do golpe fatal no peito do universitário. Ela alega legítima defesa.
Com informações da repórter Patrícia Azevedo