sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Thiago Coser...Gabriel Naudé, Thiago, Gabriel Naudé. Mas pouco importa o nome, vale o fato, que já se torna cansativo, por serem tantos os golpes.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Bostalipse

Anos atrás formulei uma teoria a qual posso conjurar rapidamente “distorção histórica”. O conceito envolve práticas diversas, por motivos diversos, podendo ser um ato anarkhos ou caminhar para uma espécie de “terrorismo histórico”. Para sondar a prática, comecei a pensar sobre as fundamentações da História, sua relação com a coleta e validade de dados, a criação de um sentido a partir desses dados. Essa construção histórica carrega uma problemática de reinterpretação dos dados, e estes podem passar por qualquer sorte de aleatoriedades imensuráveis, desde um contexto político específico em sua criação, até seu forjamento; os ganhadores contam a história, etc. Resumindo, há um problema intrínseco em qualquer reconstrução que queira tornar-se válida oficialmente, e ainda pior quando quer torna-se eterna. Neste contexto, Brecheret pichado e as prisões sucessivas de Stephen Gough são manifestações contrárias a certas leis herdadas: entramos aqui na termodinâmica das leis, e aqui reside, a meu ver, uma importante questão política humana da atualidade: a validade das leis e direitos herdados. Vejamos o caso de Gough: ele acredita que tem o direito natural de andar nu, defende que o uso da roupa cria uma série de deformações de caráter no ser humano, sua relação com o corpo muda para pior. As beatas ficam horrorizadas. Na raiz desse problema encontramos o direito à propriedade privada (afinal, o Criador do corpo e da Terra deixou bem claro para nós mortais quais leis eternas são boas e corretas), na rasteira, direitos de salários de políticos obtidos por práticas caracterizadas como golpes. E do que resta há sempre, sempre um interesse econômico velado por trás da moral . Nesses casos, a distorção histórica apresenta-se como um oásis, uma outra possibilidade, o termo nem se adequa muito bem, soando inclusive um pouco pejorativo. Mais acertado seria seu uso em casos (utilizando a expressão de um amigo escritor, Daniel Liberalino), a "capitalização do bostalipse", momento atual vivido por milhões de pessoas vetores de memes; o engraçado torna-se vírus e a informação fácil cria uma “capitalização de um fluxo de besteiras particulares”, vulgo facebook e cia.; trabalhadores voluntários mantedores de uma torrente escusa. Textos clássicos em versões zumbis, guerras em versões Filmes e Games (com 20% de desconto na FNAC). Sobre os livros didáticos relembro apenas o ponto sempre revisto acerca de Tocqueville pelo professor Roberto Romano: o golpe de Estado efetivo é aquele feito sutilmente, na calada da noite.


 
 Imagem - Wolpertinger de Albrecht Dürer.
Fonte - http://en.wikipedia.org/wiki/Wolpertinger