sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Diario do Comércio. Engraçado, no mínimo...

Política

E Dilma vira Madre Teresa de Calcutá

Folhapress - 14/10/2010 - 22h23

Evaristo SA/AFP
No altar: nas funções de candidata, Dilma Rousseff guarda semelhança com Madre Teresa de Calcutá, diz a propaganda eleitoral gratuita da petista. Ela apareceu em fotos com o papa Bento 16, com Barack Obama e com Nicolas Sarkozy, e foi também associada à lider Indira Ghandi e a Joana d'Arc. O tom de "ringue eleitoral", no qual Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trocam acusações e comparações entre um governo e outro, permaneceu firme na propaganda eleitoral de rádio ontem de manhã.

Dilma, apesar de subir o tom com menos irritação na televisão que no rádio, continua a comparar o governo de Lula com o de se antecessor tucano, Fernando Henrique Cardoso.


A candidata garante que traça paralelos "sem fazer ataques ou ofensas pessoais". Mas cutuca Serra, sem citar seu nome, ao afirmar que sua disputa pela Presidência "não é fruto de ambição pessoal".

Em resposta à proposta de Serra de aumentar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 600, a propaganda de Dilma focaliza o depoimento do pedreiro Marcílio, que termina sua história de vida jurando que "o salário que a gente ganha tem poder de compra".

Dilma Santa– No programa de ontem, o presidente Lula fez um depoimento rápido. Atribuiu o sucesso do seu governo à atuação de Dilma e exaltou: "Dilma respeita a vida, a liberdade e a religião". Logo depois, a petista disse que "a turma do contra tem dificuldade em reconhecer os méritos do governo Lula".

Além de aparecer em fotos com o papa Bento 16, com Barack Obama (presidente dos EUA) e com Nicolas Sarkozy (presidente da França), Dilma é comparada com Joana d'Arc e Madre Teresa de Calcutá.

Duas caras– A propaganda de Serra repete a estratégia de tentar colar na adversária a imagem de "candidata duas caras", exibido como se estivesse dissociado da propaganda do tucano, cuja introdução começa logo depois.

Um pandeiro aparece com os escritos "antes" em um verso e "depois" no outro. Como trilha, um jingle tenta colar oscilações de Dilma em questões como MST, aborto e escândalos na Casa Civil.

AE
Logo depois, Serra afirma ser fundamental que um candidato fale "uma coisa hoje e a mesma coisa amanhã".

Depois que uma das pesquisas assinalou o embate eleitoral em torno de indecisos (cerca de 7%) formado por mulheres – de 25 a 35 anos, com média escolaridade, despolitizadas, muito religiosas e suscetíveis a mensagens de impacto emocional – o candidato tucano passou a centrar seu programa no poder feminino.

Na propaganda, Serra derrama uma série de adjetivos às mulheres e exalta que o País deve "olhar com mais carinho para as mulheres".

Jogo de mídia – O programa de Dilma criou um quadro novo: o jingle diz "o jornal tá aí pra você não deixar de se enganar" e os locutores citam matérias da Folha de S.Paulo. As matérias citadas servem para, segundo o programa, comprovar a má gestão de Serra como ministro de FHC e como governador de São Paulo.

Dilma diz que é "muito importante comparar governos" e que o poder de consumo aumentou no governo Lula. E diz mais: que está cada vez mais evidente as diferenças entre o jeito de governar de cada um.

Revanche – Serra, por sua vez, afirma que "nunca dependeu de padrinho" – crítica sutil ao apoio de Lula a Dilma. A propaganda do tucano focaliza o aumento do salário mínimo para R$ 600 por meio de personagens contando o que fariam com R$ 90 a mais por mês. Compara-se "o mínimo de Dilma" com o "mínimo de Serra". Sobre saúde, o locutor diz que a área "foi abandonada pelo governo da Dilma" e reafirma a promessa de reajuste de 10% para aposentadorias e pensões do INSS.