sexta-feira, 8 de outubro de 2010

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08/10/2010 - 09:14


Ásia

Nobel da Paz para dissidente é 'obscenidade', diz China

Liu Xiaobo foi sentenciado a 11 anos de prisão ao lutar pela democracia no país

Liu Xiaobo Nobel

(AFP)

Pouco depois do anúncio da entrega do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo, preso por lutar pela democracia em seu país, o governo da China reagiu com fúria à decisão. Para o porta-voz da do Ministério de Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, a escolha de Liu representa "uma obscenidade" e contraria os objetivos da premiação. Em um comunicado divulgado pelo Ministério, Ma ainda diz que a escolha vai prejudicar as relações entre a Noruega e a China.

No texto, a chancelaria chinesa palpitou sobre as escolhas do comitê do Nobel, afirmando que o prêmio deveria ser dado a pessoas que promovam as relações internacionais amistosas e o desarmamento. "Liu Xiaobo é um criminoso que foi sentenciado pelos departamentos judiciais da China por violar a lei", diz o texto. O Ministério diz que laurear Liu "vai na contramão dos princípios do Nobel e também constitui uma blasfêmia ao legado do prêmio".

Anteriormente, o vice-chanceler chinês, Fu Ying, já havia alertado o chefe do instituto norueguês de que, se Liu fosse laureado, as relações entre Oslo e Pequim seriam estremecidas, justamente em um momento no qual é negociado um acordo comercial entre os países.

No mês passado, uma representante do Ministério de Exteriores chinês também já tinha se antecipado à possível premiação, dizendo que as ações de Liu são "diametralmente opostas às procuradas pelo Nobel". Pequim também fez duras críticas ao Nobel quando o Dalai Lama, líder espiritual tibetano, recebeu o prêmio, em 1989.

Liu Xiaobo é o primeiro dissidente chinês a receber o prêmio, que, segundo o comitê, se justifica "por seu longo e pacífico esforço pelos direitos humanos fundamentais na China". Ele cumpre sua terceira pena de prisão desde que, em 1986, iniciou sua luta pela democracia na China. Na última ocasião, foi sentenciado a 11 anos, em 25 de dezembro de 2009, após redigir um manifesto político pedindo reformas democráticas em seu país.

Emoção - O também dissidente e advogado Teng Biao, um dos mais destacados na luta pela democracia na China, afirmou nesta sexta à agência EFE se sentir "emocionado" com a concessão do prêmio a Liu Xiaobo. Teng, que também trabalha para promover a democracia na China, se mantém em contato com a família do dissidente. "Espero que o prêmio ajude Liu a conseguir a liberdade".

O advogado destacou a atitude pacifista de Liu em sua luta, que lhe causou certa oposição até entre a própria dissidência chinesa. Para Teng, ela é crucial para se conseguir avanços na defesa das liberdades no país. O ativista, que se ocupou da defesa de inúmeros casos de direitos humanos na China, disse acreditar que "o prêmio ajudará o desenvolvimento da democracia no país".

(Com agências Reuters e EFE)