Em plano de governo, Dilma prioriza ambiente, imprensa e fé
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
VALDO CRUZ
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
A campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência lança na próxima semana o programa de governo da candidata, deixado de lado no primeiro turno. Além de defender a democracia, liberdade de expressão e religiosa e o direito a vida, o documento terá ênfase na sustentabilidade e no meio ambiente. A divulgação, quatro meses após o início da campanha, de um programa com ênfase ambiental tem por objetivo atrair o voto dos eleitores de Marina Silva (PV).
Agora prioritária, a questão ambiental aparecia de forma genérica nos dois programas apresentados no registro da candidatura. Segundo a avaliação de aliados, o destaque para questões ambientais no documento evitaria que o debate fosse pautado pelo PV e pelos "marineiros". Ao ressaltar a liberdade de imprensa no documento, a campanha visa neutralizar o desgaste causado pelos ataques da candidata e do presidente Lula à imprensa. Ontem, o candidato a vice Michel Temer afirmou que o primeiro ponto será o compromisso com a "democracia, liberdade de expressão e religiosa e o direito à vida".
VACINA
A defesa da liberdade religiosa é uma tentativa de estancar a perda de votos no eleitorado religioso, devido à mudança de posição de Dilma em relação ao aborto. Segundo o coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia, o texto não se estenderá no tema do aborto porque não há intenção de dar ênfase às polêmicas religiosas, mas à comparação dos projetos do governo atual e o tucano, de Fernando Henrique Cardoso. "Essa discussão [sobre o aborto] é uma tentativa de setores da oposição de dividir votos religiosos. É usar a religião como fator de divisão, quando ela é na realidade um fator de união", disse. O programa será batizado de "13 Compromissos de Dilma com o Brasil". A campanha petista afirma que chegou a elaborar 13 pontos para um programa de governo ainda no primeiro turno, mas eles não chegaram a ser divulgados.
Em julho, o PT registrou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como programa de governo um documento aprovado em congresso nacional do partido, em fevereiro. O texto continha reivindicações das alas mais à esquerda do PT --como tributação de grandes fortunas, redução da jornada de trabalho e combate "ao monopólio" dos meios de comunicação. Após repercussão negativa, o partido retirou o texto e fez uma versão mais amena.