'Marina exagerou na dose ao criticar Serra', diz professor da Unicamp
Para Roberto Romano, atitude da candidata do PV torna delicado para ela declarar apoio ao tucano no 2º turno
O potencial de votos de Marina Silva cresceu nessas eleições por ela ter conseguido manter a imagem do PT de vinte anos atrás, afirmou o professor de Política e Ética da Unicamp, Roberto Romano, neste domingo, 3, em entrevista à TV Estadão. Para ele, a grande questão recai agora sobre os analistas políticos. "É preciso muito cuidado quando se fala em certeza de pesquisas", diz.
Para o professor da Unicamp, Marina exagerou na dose ao criticar Serra no primeiro turno. "Fica delicado para ela neste momento declarar apoio ao candidato tucano." De toda forma, Romano lembra da recente força da candidata do PV, que já vislumbraria uma candidatura para 2014. "Nada mais próximo de Luiz Inácio Lula da Silva que Marina da Silva", diz. Para ele, a questão da corrupção e a questão religiosa tiraram eleitores de Dilma.
Em relação ao presidente Lula, o professor vê chances de um retorno em 2014, mas com modificações significativas no modelo de governo. "Vivemos hoje uma República em que a lei não vale", alega Romano. Ele lembra da Lei Ficha Limpa, assim como dos veículos de imprensa que trabalham sob censura. "Vivemos um retorno à época absolutista, com a escalada da Justiça fora da sua competência", afirma.
Considerando um eventual cenário de derrota de Dilma nas eleições, Romano aposta que o papel do PT como oposição mudará, com menos ênfase na questão da ética e mais peso no poder de obstruir as votações legislativas, já que agora possui uma base muito mais ampla.