terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Roberto Romano, curso de pós-graduação sobre propaganda e manipulação das massas, primeiro semestre de 2011.



HF314-D – TÓPICOS ESPECIAIS DE FILOSOFIA POLÍTICA

PROF. ROBERTO ROMANO DA SILVA

1º SEMESTRE/2011

Horário: sextas feiras, das 14 as 18 horas.


PROGRAMA:

“Chegamos hoje à internet, aos meios eletrônicos de busca e controle, além da espionagem dos próprios cidadãos, com uma eficácia que recorda os procedimentos descritos na imaginação que gerou o romance 1984. O fisco como razão de Estado impulsiona a perda quase absoluta do espaço individual pelas ações comandadas (seja em clima de guerra a países, seja na luta contra o terrorismo) pelos governos poderosos, em detrimento das liberdades e dos direitos humanos. Trata-se de um labirinto que tem início na própria gênese do Estado e da Igreja modernos. O que apenas tornará mais sombrias as perspectivas dos séculos XXI e seguintes, caso não se consiga diminuir o desejo de tudo ver, ouvir, tocar e reprimir das chamadas autoridades públicas, para as quais o ato de arrecadar impostos e taxas tornou-se mais do que uma segunda natureza.”

É assim que este professor termina um artigo acadêmico cujo título é “Reflexões sobre impostos e razão de Estado” (Revista de Economia Mackenzie, Vol. 2, No 2, 2004 no endereço eletrônico seguinte : http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/rem/article/view/766). Os poderes mundiais, desde os eventos de 11/setembro nos EUA e atentados vários na Europa e na Ásia, seguem o rumo de aumentar o segredo para os cidadãos, impedindo que eles recebam informações confiáveis sobre assuntos que os interessam. E os mesmos governos restringem os direitos individuais (em nome da guerra contra o terrorismo) no mesmo passo em que vigiam os cidadãos de maneira cada vez mais ampla e rigorosa. O acréscimo do sigilo estatal se compensa com várias campanhas de propaganda dirigida às massas, campanhas feitas de maneira científica e sofisticada. O laboratório de Artes do MIT, por exemplo, gerou mentiras convincentes dirigida ao mundo inteiro, entre as quais as “bombas inteligentes” que só matariam os terroristas no Iraque, no Afeganistão, etc. Trata-se de uma panóplia de procedimentos inovadores e terríveis no processo mundial e nacional de dominação.

O curso visa analisar, a partir de vários prismas (histórico, filosófico, ideológico, social, religioso) o segredo de Estado (que se acirra a cada instante) e o da propaganda, cujo alvo, justamente, é compensar a violação das normas comezinhas do direito individual, nacional e internacional. Para semelhante fim, serão lidos e comentados textos clássicos sobre as massas, a razão de Estado, a propaganda, o segredo. Em aulas expositivas o professor apresentará o núcleo da temática. Em debates, os estudantes examinarão os mesmos temas, seguindo uma pauta combinada no começo do curso.


BIBLIOGRAFIA:

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