31 de janeiro de 2014 17h34
Funcionários do Guardian destroem arquivos de Snowden
Jornal foi ameaçado de processo pelas autoridades do Reino Unido caso não eliminasse o material considerado confidencial
Por Camilo Rocha
SÃO PAULO – Imagens de jornalistas do diário britânico The Guardian
destruindo computadores que continham os arquivos passados ao jornal
pelo ex-agente da CIA Edward Snowden foram divulgadas nesta sexta-feira.
O episódio aconteceu em 20 de julho do ano passado.
O jornal foi ameaçado de processo pelas autoridades do Reino Unido
caso não destruísse o material, que continha informações sobre o governo
do país consideradas confidenciais. O chefe da casa civil britânico,
Jeremy Heywood, teria dito a Alan Rusbridger, editor do Guardian:
“Podemos fazer isso de um jeito tranquilo ou podemos seguir a lei.
Muita gente no governo acha que vocês deveriam ser fechados”.
Através das reportagens de seu correspondente Glenn Greenwald, que
teve acesso a documentos vazados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden, o
Guardian revelou o esquema de espionagem online da agência norte-americana NSA.
O governo britânico agiu para barrar a divulgação de segredos seus
contidos na massa de informação. O serviço de inteligência do país
(GCHQ) pediu ao jornal que entregasse os computadores onde as
informações estariam armazenadas para que fossem destruidos.
O Guardian recusou, propondo que seus próprios jornalistas
eliminassem o material. Oficiais do GCHQ acompanharam então o processo
de destruição, feito por três funcionários do Guardian. Foram
usadas furadeiras e rebarbadoras para “lixar” as placas dos
computadores. Depois, tudo foi passado por um desmagnetizador do GCHQ.
Segundo o Guardian, todos os arquivos relacionados a Snowden
que o jornal tinha em seu poder estavam em quatro laptops sem conexão à
internet ou qualquer rede interna. Os computadores ficavam numa sala
especial, vigiada 24 horas por dia por seguranças. Havia múltiplas
senhas e uma proibição ao uso de aparelhos eletrônicos na sala. Apenas
uma pequena equipe de repórteres veteranos de confiança tinha acesso aos
arquivos. O editor do jornal, Alan Rusbridger, lembrou ao governo,
porém, que cópias dos documentos existiam em outros países.
Na semana que vem, a editora do jornal lança o livro The Snowden Files,
de Luke Harding, que conta a história do agente, desde seus tempos de
juventude, o período em que trabalhou para a CIA até o ano passado,
quando decidiu contar ao mundo tudo que sabia.