Idi Amin Dada, pai espiritual (?) de Uganda.
Tabloide de Uganda publica lista com nomes de homossexuais
Matéria expôs ugandenses que não haviam dito publicamente ser gays por medo da violência
25 de fevereiro de 2014 | 11h 50
AE - Agência Estado
Foto: AP
KAMPALA - O jornal Red Pepper, da Uganda, publicou nesta
terça-feira, 25, uma lista do que chamou de "os 200 principais"
homossexuais do país, expondo alguns ugandenses que não haviam dito
publicamente ser gays, um dia depois de o presidente do país, Yoweri Museveni, ter sancionado uma severa lei contra homossexuais.
O tabloide publicou os nomes e algumas imagens de pessoas que seriam
gays em uma matéria de capa sob a manchete "Expostos!". A lista inclui
ativistas gays como Pepe Julian Onziema, que já havia alertado que a
nova lei antigay do país despertaria violência contra homossexuais. Um
popular astro de hip hop ugandense e um padre da Igreja Católica também
estavam na lista.
Poucos ugandenses se identificam como gays publicamente. A matéria
faz lembrar outra lista similar publicada em 2011 por um tabloide que
não existe mais e que pedia a execução de homossexuais. Um proeminente
ativista dos direitos dos gays, David Kato, foi morto depois que a
lista de 2011 foi divulgada. Na época, ativistas disseram acreditar que
ele havia sido alvo de violência por seu trabalho na promoção dos
direitos de homossexuais no país. Um juiz condenou a exposição em um
país onde gays enfrentam descriminação, dizendo que isso significava uma
invasão de privacidade.
"A caça às bruxas da mídia está de volta", escreveu em sua conta no
Twitter Jacqueline Kasha, conhecida ativista lésbica da Uganda, que está
entre os listados na matéria publicada no tabloide.
A nova lei antigay de Uganda pune as relações homossexuais com
sentenças que vão até prisão perpétua. Réus primários podem ser
condenados a 14 anos de prisão. O porta-voz da polícia de Uganda
Patrick Onyango disse nesta terça-feira que nenhum homossexual foi preso
desde que Museveni assinou a lei, mas que pelo menos duas pessoas
haviam sido detidas desde que legisladores aprovaram a lei em dezembro
passado. O ativista Pepe Onziema disse que havia contabilizado até seis
prisões e que mais de uma dezena de homossexuais ugandenses fugiram do
país desde dezembro por preocupações com a própria segurança.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay,
advertiu que a lei institucionaliza a discriminação e poderia incentivar
assédio e violência. O Secretário de Estado dos Estados Unidos, John
Kerry, afirmou, em comunicado, que a assinatura da lei pelo presidente
na segunda-feira marcava "um dia trágico para Uganda e para todos os que
se preocupam com a causa dos direitos humanos" e alertou que Washington
poderia cortar a ajuda ao governo à nação africana. "Agora que esta lei
foi promulgada, estamos começando uma revisão interna de nossa relação
com o governo do Uganda para garantir que todas as dimensões do nosso
envolvimento, incluindo programas de assistência, sustentem nossas
políticas e princípios de não discriminação e reflitam nossos valores."/
AP