sábado, 1 de fevereiro de 2014

O Globo

‘Delúbio sempre foi o cara da arrecadação’, avalia cientista político

  • Especialistas consideram que histórico como ex-tesoureiro ajudou na busca por recursos
Tatiana Farah 
Publicado:
SÃO PAULO — A campanha que arrecadou, em nove dias, R$ 1 milhão para Delúbio Soares reforça seu perfil de homem do dinheiro no PT. Essa é a opinião de cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO. O ex-tesoureiro petista conseguiu arrecadar em nove dias mais que o dobro do que precisava para pagar a multa imposta pelo STF por causa do mensalão.

— Delúbio sempre foi o cara da arrecadação. Ele mobiliza um setor do petismo vinculado a ações financeiras. É impressionante como ele arrecadou bem mais rápido que José Genoino. Isso mostra a natureza das relações políticas de Delúbio — avaliou Carlos Melo, cientista político do Insper.


Para Fernando Faria de Azevedo, do departamento de Ciências Sociais da UFSCar, a campanha teve tal desempenho porque “Delúbio tinha posição estratégica, extremamente articulada e colada à máquina do PT”.

— Delúbio chegou a ser expulso do PT, foi um bode expiatório, mas nunca deixou te der relevância no partido. Parte dos petistas o vê como um herói. Delúbio era um burocrata extremamente influente e isso deve ter feito a diferença nas doações — disse Azevedo.

Para o professor da UFSCar, o ex-tesoureiro superou Genoino nas doações porque suas conexões têm outras bases. Enquanto Genoino sempre se portou como militante, o ex-tesoureiro atuava na burocracia.

O filósofo Roberto Romano, professor de Ética da Unicamp, diz que o comando do PT se empenhou em pagar as multas dos mensaleiros porque o caso tornou-se um fardo para o partido:

— Para o PT, todos esses condenados são um obstáculo e um peso na marcha deles. O que podem fazer para diminuir esse peso eles estão fazendo. Querem tirar do caminho os réus do mensalão. Algo como “afasta de mim esse cálice”.

Tanto Melo quanto Azevedo destacam que a impressão é de que as doações são lícitas, uma vez que são declaradas e nominadas.
© 1996 - 2014. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.