Terça-feira, 2 de Junho de 2009
Governo proíbe chineses de lembrarem massacre de 1989
Em todos os continentes, de Sydney a Londres passando por Paris, Washington e Hong Kong, cerimônias serão realizadas para marcar a trágica data.Na China, porém, na melhor das hipóteses o silêncio sepulcral estabelecido pelo regime será quebrado aqui e acolá por atos pequenos e isolados, já que os dissidentes são constantemente vigiados - quando não são mandados para "respirar o ar das montanhas".Alguns vestirão branco, a cor do luto chinês, como pedem as lideranças opositoras no exílio.
O PCC "teme enormemente que a sociedade se ampare na comemoração e acuse os 'herdeiros dos carniceiros de Tiananmen'", estima o sinólogo Jean-Philippe Béja.Tabu na China, a "rebelião contra-revolucionária" nunca foi estudada, e não se sabe sequer o número exato de mortos: não há nenhum balanço oficial, enquanto a prefeitura de Pequim afirma que foram 241 e os defensores dos direitos humanos estimam milhares de vítimas.
Estimulado pela queda de vários regimes comunistas naquele ano, antes impensável, na época o movimento contagiou depressa dezenas de milhares de chineses, superando depois um milhão, que foram às ruas exigir a democratização do país em dezenas de cidades. A onda cresce durante sete semanas, sem que o PCC se manifeste.A assombrosa paralisia do poder gerou grande euforia e criou esperanças.
Câmeras da imprensa de todo o mundo, presentes em Pequim para cobrir a chegada do dirigente russo Mikhail Gorbachev e a cúpula da normalização sino-russa, filmam sem problemas os desfiles de estudantes usando camisas brancas e os desmaios dos grevistas de fome. Líderes do movimento são entrevistados, e a humilhação do comitê central aumenta.Os líderes estudantis Wang Dan, Wu'er Kaixi e Chai Ling - todos exilados hoje em dia - criticam diretamente o primeiro-ministro Li Peng, que terá depois papel-chave na repressão, pedem prestação de contas e exigem liberdades.
Aceitam dialogar com Zhao Ziyang, que os encontra no dia 19 de maio, mas o então chefe do PCC, que suplica em vão pela desmobilização na praça Tiananmen, cairá em desgraça. No dia seguinte, é decretada a lei marcial.
Deng Xiaoping opta pela força e decide evacuar a praça Tiananmen. Na noite do dia 3 de junho, alto-falantes instam os ocupantes da maior esplanada do mundo a voltarem para suas casas.Nenhum manifestante morre na praça Tiananmen, e sim nas ruas adjacentes e em outros bairros, onde a população pequinesa resiste como pode ao banho de sangue do exército popular, que atira sem remorso contra os civis.
Em estado de choque, o mundo expressa sua indignação e oferece asilo aos dissidentes que conseguiram escapar. A China entra num período de profundo isolamento internacional, rompido apenas anos depois, com a modernização econômica que atraiu investidores de todo o Ocidente.
Este é o sonho do sr. Lula da Silva e seus 'acólitos' do PT. Eles estão quase lá. Logo nossa imprensa, já quase domada, pedirá permissão ao Planalto para o que pode e o que não pode.
PS: A reportagem é de uma TV de Hong Kong, quando esta ainda pertencia a Inglaterra.
E mais, no site da BBC (RR)
China bloqueia sites às vésperas de aniversário de repressão a protestos
A China não costuma permitir que os eventos de 1989 sejam lembrados.Às vésperas do aniversário de 20 anos, na próxima quinta-feira, da repressão aos protestos da Praça da Paz Celestial, em Pequim, a China bloqueou o acesso a uma série de sites. Usuários na China não conseguem acessar sites de relacionamento social como o Twitter, contas do Hotmail ou sites de fotos como o Flickr.O correspondente da BBC em Pequim, James Reynolds, diz que - à medida que o aniversário se aproxima - o governo chinês se demonstra empenhado em garantir que o "incidente de 4 de junho" não seja mencionado. A China costuma proibir discussões sobre os eventos de 4 de junho de 1989, quando o Exército pôs fim, de forma violenta, a semanas de protestos que exigiam mais democracia no país.
Símbolo
Estima-se que centenas de pessoas morreram na repressão aos protestos, mas a China nunca divulgou o número oficial de mortos do que diz ter sido um movimento contrarrevolucionário. Em 1989, inúmeros estudantes e populares ocuparam a praça no centro de Pequim para reivindicar mudanças democráticas. O governo chegou a negociar com os estudantes, mas mudou de posição por temer que sua liderança pudesse ser comprometida e entrou em confronto com os manifestantes. A imagem de um manifestante, até hoje anônimo, tentando conter o avanço de tanques circulou o mundo e se tornou um símbolo do episódio. A ONG de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional afirma que até 200 pessoas permanecem presas por causa dos eventos de 1989.