sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Dia.

30.09.10 às 01h27

Presidente do PT convoca militantes para ajudar na campanha de Dilma

POR SHEILA MACHADO

Rio - Cada um dos 1,4 milhão de filiados ao PT recebeu ontem um e-mail do presidente do partido, José Eduardo Dutra, convocando a militância a suar para garantir a vitória de Dilma Rousseff ainda no primeiro turno da eleição presidencial, como exige o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — ele próprio está nas ruas em campanha por Dilma e hoje fará comício em São Bernardo do Campo.

A missão, que precisa ser cumprida o mais rápido possível — até o último minuto — é responder a boatos que possam prejudicar a campanha do PT e reforçar o corpo a corpo em associações de moradores, sindicatos e igrejas, locais com maior concentração de eleitores em potencial. O discurso dos militantes será o de mostrar feitos do governo Lula e destacar que votar em Dilma é escolher “a continuidade da mudança” — papel do presidente é, mesmo quando não faz campanha explícita, lembrar o que ele fez de positivo. “Essa é a principal eleição que o PT disputa, é a eleição de nossa vida, porque é o coroamento do ótimo trabalho do Lula”, afirmou Jorge Coelho, secretário nacional de mobilização do PT.

“Você, que tem uma estrela vermelha no peito, pegue sua bandeira, reúna os companheiros, vá para as ruas defender nossa candidata, a candidata do PT e do presidente Lula, diz Dutra, no e-mail. Foi um eco ao pedido de Dilma, na terça — “Não esmoreçam, vão para as ruas”.

Embora a militância do PT não esteja tão aguerrida este ano, a filiação ao partido cresceu. Em 2002, quando Lula foi eleito presidente, o partido tinha cerca de 600 mil filiados. Na reeleição, em 2006, 800 mil. Agora, são 1,4 milhão, com 60 mil dirigentes de militância. Atualmente, o PT só não tem diretório municipal em 220 dos 5.565 municípios brasileiros.

Especialista em militância partidária, o cientista político Roberto Romano, da Unicamp, explica que perder militantes entusiastas é comum em partidos que chegam ao poder: “No governo, não consegue cumprir todas suas promessas de mudança, frustrando muitos militantes. São esses que migram para outros partidos, como aconteceu com o PT, que perdeu ativistas para o PSOL e o PSTU”.

No caso do PT, “devemos lembrar que ele não é um monobloco, uniforme”, acrescenta Romano. “Há ali tendências políticas que se degladiam. Foi destas tendências que saíram também boa parte dos quadros políticos do PSOL e do PSTU. A ala católica do PT, embora tenha permanecido nele, ficou muito insatisfeita com decisões e escândalos e diminuiu a militância”, destaca.

Dilma desmente boatos espalhados na internet

Dilma Rousseff passou duas horas e meia reunida com 27 representantes de igrejas evagélicas e católica. O objetivo foi desmentir boatos na internet ofensivos à fé cristã e atribuídos a Dilma. No encontro, a petista reafirmou que, pessoalmente, é contra o aborto.

“Lamento a campanha difamatória, que diz que estou usando o nome de Cristo para falar que nem ele me derrotaria nesta eleição. Isso é uma vilania”, criticou.

Até o presidente foi convocado para rebater a onda de boatos. “Estou vendo acontecer com a Dilma o que aconteceu comigo no passado, quando pessoas saíam do submundo da política mentindo a meu respeito”, disse Lula, na TV.

Seguindo orientações do PT, a militância atuou na internet contra os boatos. Foi divulgada nas redes sociais Twitter, Facebook e Orkut a mensagem “Mentiras contra Dilma são espalhadas na internet. Vejam esses aburdos e seus respectivos desmentidos”, com link para o blog 'Seja dita a verdade', que lista 13 notícias inventadas para prejudicar a imagem da petista.

No Twitter, José Serra também se defendeu de “mentiras” na Internet. “Não vou privatizar a Petrobras, isso é terrorismo do PT”, acusou.

SERRA: ENCONTRO COM SERVIDORES

Enquanto o PT sai às ruas para evitar que a eleição vá para o segundo turno, José Serra (PSDB) participou ontem em São Paulo do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado. O candidato afirmou, para um público formado por servidores, que, numa eventual reforma da Previdência, seria mais favorável a uma mudança no critério de idade mínima do que a uma alteração no valor do pagamento das aposentadorias.

“Toda questão previdenciária eu quero refazer no Brasil de maneira realista, que funcione. Eu prefiro mexer muito mais na idade do que na remuneração”, disse, no Sindicato dos Fiscais de Renda de São Paulo.
O tucano se declarou favorável à aposentadoria integral para servidores públicos. “E também não precisa se aposentar com quarenta e poucos anos, como ocorre em alguns casos”.

Serra criticou também o loteamento de agências reguladoras e empresas estatais e citou as denúncias envolvendo os Correios. “Vou estatizar os Correios”, prometeu o candidato, ao dizer que órgãos públicos estão sendo “privatizados” por partidos e sindicatos. O tucano pregou a valorização dos servidores e a admissão de funcionários por meio de concursos públicos. “Sou um fanático por concursos”, afirmou.

Confiante de que vai para o segundo turno, o tucano disse, em seu último comício antes de domingo, que a campanha ficará “mais fácil”, porque líderes estaduais, como o ex-governador Aécio Neves, de Minas Gerais, candidato ao Senado, poderão se empenhar mais na corrida presidencial: “Cada um esteve em sua campanha, em seu lugar”.