Sábado, 28 de Julho de 2012
O capitalismo não é ético
Teresa Forcades nasceu em 1966, é médica, teóloga e monja. E é uma mulher extraordinária. Muito corajosa, fala claro e sem complexos.
Numa entrevista a um canal catalão defende que o capitalismo não é ético e faz a sua denúncia de uma forma desassombrada. Segundo ela, o mercado "foi sempre regulado a favor de certos interesses: da realeza, interesses protecionistas, da classe dominante, do parente dos governantes de turno." Mercado livre é "uma hipocrisia, uma falácia".
Retenho um exemplo que me parece lapidar. Teresa exemplifica que "no mosteiro, temos uma pequena empresa de cerâmica e há uma pessoa de fora que lá trabalha; se lhe pagarmos um euro e ganharmos mil, o capitalismo dirá: que bem! Mas isto é indigno, pois vai contra a dignidade do trabalho." As diferenças matam a democracia, "talvez esteja bem que eu ganhe um e tu ganhes quatro ou até dez, mas mil não pode ser de modo nenhum".
Isto tem muito significado.
Eu disse coisas semelhantes numa Tedx Talk em Abril de 2012. E isto não é uma revolução (grande música de Tracy Chapman).
A ética, a responsabilização e o mérito são valores basilares de qualquer sociedade democrática justa e saudável.
Nota: este texto foi originalmente publicado em http://www.re-visto.com
2 comentários:
- É uma afirmação tão gratuita e inútil como dizer que a Natureza não é ética, ou que a História não é ética. Que novidade.Responder
Alguma vez o capitalismo pretendeu ser ético? Alguém lhe gabou essa qualidade?
E na Noruega, na Suíça ou no Canadá, países onde se vive melhor e com mais justiça? o capitalismo não é o mesmo? Se calhar é mais ético o regime da Coreia do Norte? ou a sociedade rural de Timor ?
Questão totalmente descabida e mal posta. Proponham de uma vez um modelo social e económico mais justo, mais livre e que funcione. Isso é que era ético. Propor.
E o facto de o ser, não nos obriga a conduzir o olhar para as teorias Marxistas, ou para a resolução do Parlamento Europeu «salário igual para trabalho de igual valor». Basta atentarmos nas discrepância dos lucos e sobretudo, no que refere Teresa Forcades "Mercado livre é "uma hipocrisia, uma falácia".
Mercado livre foi criado sob a capa "transparente" da livre concorrência, tendo como resultado, preços mais baixos e portanto, mais acesso para o cidadão com menos recursos, poder adquirir os bens necessário.
Assim é, ou seria, se não desse lugar aos tais interesses proteccionistas das classes dominantes.
Tudo isto não seria trágico, se o produto desse cúmulo capitalista, voltasse à sociedade como investimento em áres de produção, industrialização, promução, etc. Criando riqueza, mas distribuindo-a através do trabalho e da especialização do mesmo.
Mas não, os milhares de milhões, são usados no desmantelamento das empresas que podem de alguma forma reduzir-lhes os lucros e o cúmulo do capital.
Em suma, uma sociedade inteiramente corrompida e prostituída ao poder que o capital confere.