segunda-feira, 23 de julho de 2012

Do amigo Alvaro Caputo...um artigo que também me atraiu na Folha. Sobretudo pela consideração da individualidade, algo que sumiu do horizonte nos últimos tempos, num retorno ao positivismo, e a outros ismos que imbecilizam os militantãs. É raro, nos dias atuais em que a Folha é na verdade um alto falante do PT, ler artigos como o abaixo. Obrigado Alvaro Caputo!

Clichês da violência
Vinicius Mota na Folha
Um homem de 24 anos pratica um massacre num cinema dos Estados Unidos. Começam as explicações: “É a cultura das armas na sociedade americana”; “É a estética do justiçamento em Hollywood”.
Tiras perseguem e matam um empresário na capital paulista porque, alegam, pensaram que ele sacava uma arma. Era seu telefone celular. Começam as explicações: “É a militarização da polícia”; “É a sociedade cada vez mais violenta”.
O crime é alvo dileto das explicações universais. Não que estejam sempre erradas -como um relógio parado, têm sua taxa de acerto.
Quando a economia piora, o desemprego cresce e a desigualdade aumenta, reza o axioma, a violência sobe. Se as armas estão à disposição e o cinema valoriza a brutalidade, compõe-se então o caldo do capeta.
Todos esses fatores atuam de 2008 para cá nos Estados Unidos, que atravessam uma das piores agruras econômicas de sua história. No entanto a criminalidade atingiu, nesse período recente de desemprego, o mais baixo patamar em 40 anos.
No Estado de São Paulo, a taxa de homicídios caiu fortemente, enquanto os indicadores do emprego e da renda progrediram. Mas o fenômeno não se repetiu nos roubos e furtos. Outras regiões do país, que passaram por boom da renda até mais expressivo, nem sequer na taxa de assassinatos melhoraram.
Eficácia de prisões, polícia e Justiça e certos traços da população -como a proporção de jovens, mulheres e migrantes- melhoram a explicação das tendências mais gerais, coletivas. Fatores culturais influem, embora seja difícil objetivá-los.
Mas a receita do fracasso, e às vezes da picaretagem, é tomar barbaridades específicas como determinadas por vetores estruturais. Não foi o militarismo que matou o empresário paulista, nem a cultura das armas que massacrou no Colorado.
Foram indivíduos, plenamente responsáveis pelo que fizeram.