Baderneiros e Excrementos
Roberto Romano
.
"Dis, front blanc que Phébus tanna, /De
combien de dollars se rente/PedroVelasquez, Habana;/Incague la mer de
Sorrente. /Où vont les Cygnes par milliers ;/ Que tes Strophes soient
des réclames…" (Rimbaud, Ce qu´on dit au poète à propos des
fleurs). Os versos do poeta são precisos e francos. Tento traduzí-los
com a ousadia trôpega que me é habitual: "Diga, testa alva que Febus
amorenou,/Quantos dólares vale/Pedro Velasquez, Havana;/ Caga o mar de
Sorrento./Para onde vão os cisnes aos milhares; /Que tuas estrofes sejam
propaganda…" . O leitor cultivado não tem direito aos eufemismos
hipócritas. Ele sabe perfeitamente que as palavras só têm sentido quando
usadas para afirmar coisas de modo exato. Em tempos de linguagem
covarde e "políticamente correta" (e, justo por isto, na maioria das
vezes éticamente incorreta) o eufemismo impera no Brasil. É assim que
roubo e caixa dois, quando praticados por líderes petistas, se
transformaram em "recursos não contabilizados" . Orwell teria muito a
aprender com os éticos aposentados, e hoje apenas cínicos, do Partido
dos Trabalhadores.
Há uma saborosa expressão francesa sobre alguém que não teme falar o termo certo na hora aprazada: "il ne mache pas les mots" (ele não masca as palavras). Ou seja: enuncia o que deve, sem temor. Outra fórmula saborosa da lingua manipulada com destreza por Rabelais e por tantos outros artistas do verbo na França : "il n´a pas froid aux yeux" (ele não tem frio nos olhos), não pisca quando se trata de afirmar algo "desagradável" aos poderosos. Rabelais foi mestre da língua franca e livre, a de um povo inteligente e generoso que, ao lado do mais estrito respeito pela tradição, inovou muito o vocabulário decoroso do cristianismo. Basta ler o Gargantua, onde surge a mais hilária e correta definição dos confessores. Estes seriam os "mâchemerdes" do mundo. Os pecadores fazem "aquilo" e os padres os limpam… O século 17, dito clássico, censurou a lingua e os costumes, de modo a disciplinar elites e populacho, para que fosse bem obedecido o poder absoluto do Rei. Desde então, a lingua francesa perdeu a força que dela fez a mais encantadora torrente verbal da modernidade.
Volto aos palavrões. O verbo usado por Rimbaud, "incaguer" (transitivo, derivado do italiano "incacare" ) é conhecido desde 1552, época de Rabelais e da Renascença. Daí, passou para a nossa "inculta e bela" , sempre com o mesmo significado. Em francês ele designa "incomodar" (com o sinônimo, "emmerder" ) e por volta de 1561 passou a assumir o traço de "desprezar, tratar com desprezo" . Na lingua popular brasileira, alguém atoleimado, sem destreza mental ou digital, sempre comete algo passível de ser designado pelo vocábulo.
Os baderneiros que invadiram a Câmara Federal para intimidar deputados, senadores e, sobretudo, os "inimigos" da vida civil (a maioria que não aceita seus métodos e supostas doutrinas) prepararam com frieza metódica a sua intervenção. A fita gravada do encontro que mantiveram para ordenar o crime, mostra um deles, com voz boçal e fanatismo notório, arengando os seus pares sobre a relevância do grande feito a ser cumprido. Tratava-se, no seu entendimento, de levar o desgaste aos partidos da oposição, visto que o presidente da república, na dianteira das pesquisas eleitorais, estaria defecando e andando para tudo.
Aqueles indivíduos, cujos cérebros são imersos nos excrementos da alma, foram mantidos, até então, pelo governo petista, para efetivar atos de vandalismo. Entre outros "feitos" invadiram o Ministério da Fazenda, recebendo bençãos e dinheiros governamentais (ou seja, nossos). Covardes, souberam escolher agora a sua vítima certa: o Congresso nacional onde os seus companheiros de "ideologia" promoveram a maior expulsão de dejetos éticos da nossa história, com as absolvições dos mensaleiros e danças ridículas para comemorá-las. Aliás, devido à lama espalhada por eles no plenário da Câmara, vários deputados receberam de cidadãos enojados, envelopes com dejetos humanos mal cheirosos. Estava preparada a ação dos baderneiros: um símbolo nacional conspurcado por parlamentares indignos, só poderia mesmo servir como receptáculo dos excrementos humanos mantidos pelo Executivo da república. Como diz o "líder" Sua Excelência o presidente está….. E paro por aí.
Caro leitor: não me queira mal se uso as palavras certas. Como indiquei, Rabelais e Rimbaud, grandes escritores, empregaram os mesmos termos hoje reproduzidos na boca imunda dos terroristas que invadiram o Congresso. Só que nos franceses o palavrão tinha sentido ético. Tratava-se de criticar costumes fedorendos, cujo símile físico só poderia algo desagradável à narina. Quando os mesmos termos aparecem em bandidos pagos pelo governo para nos atemorizar, o significado expressa a essência do mesmo governo. Para falar de modo chic, o atual governo é uma bela maneira de "incaguer" , nada mais. PT, saudações.
Há uma saborosa expressão francesa sobre alguém que não teme falar o termo certo na hora aprazada: "il ne mache pas les mots" (ele não masca as palavras). Ou seja: enuncia o que deve, sem temor. Outra fórmula saborosa da lingua manipulada com destreza por Rabelais e por tantos outros artistas do verbo na França : "il n´a pas froid aux yeux" (ele não tem frio nos olhos), não pisca quando se trata de afirmar algo "desagradável" aos poderosos. Rabelais foi mestre da língua franca e livre, a de um povo inteligente e generoso que, ao lado do mais estrito respeito pela tradição, inovou muito o vocabulário decoroso do cristianismo. Basta ler o Gargantua, onde surge a mais hilária e correta definição dos confessores. Estes seriam os "mâchemerdes" do mundo. Os pecadores fazem "aquilo" e os padres os limpam… O século 17, dito clássico, censurou a lingua e os costumes, de modo a disciplinar elites e populacho, para que fosse bem obedecido o poder absoluto do Rei. Desde então, a lingua francesa perdeu a força que dela fez a mais encantadora torrente verbal da modernidade.
Volto aos palavrões. O verbo usado por Rimbaud, "incaguer" (transitivo, derivado do italiano "incacare" ) é conhecido desde 1552, época de Rabelais e da Renascença. Daí, passou para a nossa "inculta e bela" , sempre com o mesmo significado. Em francês ele designa "incomodar" (com o sinônimo, "emmerder" ) e por volta de 1561 passou a assumir o traço de "desprezar, tratar com desprezo" . Na lingua popular brasileira, alguém atoleimado, sem destreza mental ou digital, sempre comete algo passível de ser designado pelo vocábulo.
Os baderneiros que invadiram a Câmara Federal para intimidar deputados, senadores e, sobretudo, os "inimigos" da vida civil (a maioria que não aceita seus métodos e supostas doutrinas) prepararam com frieza metódica a sua intervenção. A fita gravada do encontro que mantiveram para ordenar o crime, mostra um deles, com voz boçal e fanatismo notório, arengando os seus pares sobre a relevância do grande feito a ser cumprido. Tratava-se, no seu entendimento, de levar o desgaste aos partidos da oposição, visto que o presidente da república, na dianteira das pesquisas eleitorais, estaria defecando e andando para tudo.
Aqueles indivíduos, cujos cérebros são imersos nos excrementos da alma, foram mantidos, até então, pelo governo petista, para efetivar atos de vandalismo. Entre outros "feitos" invadiram o Ministério da Fazenda, recebendo bençãos e dinheiros governamentais (ou seja, nossos). Covardes, souberam escolher agora a sua vítima certa: o Congresso nacional onde os seus companheiros de "ideologia" promoveram a maior expulsão de dejetos éticos da nossa história, com as absolvições dos mensaleiros e danças ridículas para comemorá-las. Aliás, devido à lama espalhada por eles no plenário da Câmara, vários deputados receberam de cidadãos enojados, envelopes com dejetos humanos mal cheirosos. Estava preparada a ação dos baderneiros: um símbolo nacional conspurcado por parlamentares indignos, só poderia mesmo servir como receptáculo dos excrementos humanos mantidos pelo Executivo da república. Como diz o "líder" Sua Excelência o presidente está….. E paro por aí.
Caro leitor: não me queira mal se uso as palavras certas. Como indiquei, Rabelais e Rimbaud, grandes escritores, empregaram os mesmos termos hoje reproduzidos na boca imunda dos terroristas que invadiram o Congresso. Só que nos franceses o palavrão tinha sentido ético. Tratava-se de criticar costumes fedorendos, cujo símile físico só poderia algo desagradável à narina. Quando os mesmos termos aparecem em bandidos pagos pelo governo para nos atemorizar, o significado expressa a essência do mesmo governo. Para falar de modo chic, o atual governo é uma bela maneira de "incaguer" , nada mais. PT, saudações.