terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Em crise, universidades particulares do Rio têm dívida de R$ 900 milhões
Do UOL:
Em crise, universidades particulares do Rio têm dívida de R$ 900 milhões
Felipe Martins
Do UOL, no Rio de Janeiro
A crise que atinge duas das maiores redes de ensino superior privado do
Rio de Janeiro, a Gama Filho e a UniverCidade, ganhou um novo capítulo
nesta terça-feira (26) com o depoimento de Alex Klyemann, presidente do
Grupo Galileo Educacional, mantenedor das duas instituições, à CPI das
Universidades Privadas.
Klyemann foi ouvido pelos integrantes da comissão por cerca de duas
horas e meia na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Ele
reconheceu o montante total da dívida, mas não informou o valor do
débito com os professores e demais funcionários e também não soube
precisar se as instituições recolhem e descontam o imposto sindical dos
profissionais de educação. Ele alegou o “pouco tempo” da nova
administração da Galileo, desde outubro de 2012, como motivo para a
falta de detalhamento das informações.
Questionado sobre o fato de um grupo econômico assumir o controle de
empresas com uma dívida dessa magnitude, Klymann disse que não tinha o
conhecimento do valor total da dívida ao assumir a presidência. “Não
tinha noção do débito, mas acho possível a equação dessa dívida.
Acredito muito no resgate dessas duas instituições”, disse.
O Grupo Adenor Gonçalves adquiriu o controle da Galileo Educacional em
outubro de 2012. O conglomerado é controlado pelo pastor evangélico
Adenor Gonçalves dos Santos, representante da Igreja Batista
Internacional no Brasil. É composto por empresas de segmentos da área de
construção civil, distribuição de medicamentos, além de emissoras de
rádio e até petrolíferas voltadas para o pré-sal, cuja exploração ainda
está por começar.
A CPI convocou o empresário Adenor Gonçalves para prestar depoimento no dia primeiro de março.
Atrasos e irregularidades
Sobre o recolhimento da contribuição sindical, o presidente do Grupo
Galileo afirmou que tratou do assunto com o Sinpro-Rio (Sindicato dos
Professores do Rio de Janeiro). O presidente do sindicato, Wanderley
Quêdo, presente à reunião extraordinária da CPI, no entanto, ao ser
chamado a falar negou a afirmação de Kleymann, afirmando que no encontro
trataram apenas das demissões dos professores.Kleymann prometeu que os
salários atrasados, 50% de dezembro e o integral de janeiro, seriam
pagos ainda hoje.
O presidente da Galileo admitiu ainda que o corpo docente dos cursos de
Ensino à Distância e de Pós-Graduação da Gama Filho são terceirizados,
pertencentes à empresa Central de Cursos, sediada em São Paulo. O
relator da CPI, deputado estadual Robson Leite (PT) perguntou se
Klyemann sabia que esse tipo de contratação é ilegal. “Cheguei em cinco
de novembro de 2011 e ainda estou analisando os contratos”, respondeu.
Procurado pela reportagem do UOL,
o Ministério da Educação informou que há irregularidade quando o
professor não tem contrato firmado por meio do CNPJ da empresa
mantenedora.
Crise se agravou em 2012
A crise na Universidade Gama Filho e na Univercidade se agravou em 2012.
Cerca de 600 professores foram demitidos segundo informações do
sindicato. O grupo Galileo confirma 410 profissionais de educação
mandados embora. Muitos dos professores demitidos ainda não receberam o
dinheiro referente à rescisão de contrato.
Em abril, professores da Gama Filho e Univercidade cruzaram os braços em
uma greve que durou cerca de um mês. De acordo com os docentes, parte
dos salários de dezembro, janeiro e março e também o 13º salário de 2007
estavam atrasados.
Em maio, foi a vez dos alunos protestarem. Cerca de mil estudantes
fizeram manifestação no campus da Gama Filho na Piedade, bairro da zona
norte do Rio, contra a falta de infraestrutura da unidade e a demissão
de professores e aumento das mensalidades. Banheiros sem água, lixo
acumulado nas salas de aula eram algumas das reclamações.
Ao longo do ano, cinco campi das instituições foram fechados, quatro por
ordem de despejo. Alunos reclamam o aumento do tempo de deslocamento de
casa à faculdade. “Eu desde que fui transferido passei a levar uma hora
e meia no trajeto de casa à faculdade, antes levava penas meia hora”,
disse Ana Paula Santos, que estudava no campus Freguesia, na zona oeste,
e foi deslocada para Madureira, na zona norte da cidade.
No início de 2013, mais 70 professores foram demitidos. Gama Filho e Univercidade têm, juntas, quase 34 mil estudantes.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/02/26/em-crise-2-universidades-particulares-do-rio-tem-divida-de-r-900-milhoes.htm