- Estadão Conteúdo - 19 minutos atrás
SÃO PAULO - Em minoria no Congresso Nacional, a
oposição ao atual governo federal tem apresentado dificuldades em
articular posições políticas, carece de um programa econômico e político
alternativo para o país e tem atuado de maneira tímida diante do
desempenho da administração da presidente Dilma Rousseff. A avaliação é
de cientistas políticos entrevistados pelo GLOBO, segundo os quais
partidos como PSDB e DEM não têm conseguido, de maneira eficiente,
esclarecer e reverberar as suas posições e críticas na sociedade. O
professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) Roberto Romano lembra que, na história recente do país, a
oposição quase sempre foi minoria no Congresso Nacional, mas considera
que nunca foi tão dramática a sensação de sua inexistência como na
atualidade.
Para ele, a votação do senador Pedro Taques (PDT-MT) ao comando do
Senado Federal, inferior à anunciada dias antes por lideranças da
oposição, mostra que, nos últimos tempos, ela assumiu o "realismo" como
"arma de negociação política". O analista político avalia que a oposição
tem tido uma posição dúbia desde o início do governo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo em Segundo ele, pelo governo do PT
ter dado continuidade à política econômica do governo anterior, a
oposição adotou uma espécie de "fidelidade canina" a uma política que
imaginou ser a mesma conduzida pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, tornando-se "refém de si mesma".
- Em troca de um cargo na mesa do Senado Federal, eles traíram, em
sigilo, a palavra de ordem oposicionista. Essa oposição não diz a que
veio, ela não tem uma alternativa de curto, médio e longo prazos para a
economia do Brasil. A oposição nunca foi tão insignificante do ponto de
vista político e legal como neste momento - afirma.
O cientista político e professor do Insper Humberto Dantas avalia que
falta à oposição ao governo federal capacidade de articular posições e
se comunicar com a sociedade de maneira eficiente. Ele considera que no
Congresso Nacional membros da oposição têm colocado os interesses
fisiológicos à frente da lógica oposicionista. Segundo ele, no primeiro
ano da presidente Dilma Rousseff, a taxa de adesão no PSDB ao governo
federal era de quase 20%. No segundo ano, o mesmo índice passou para
cerca de 40%.
- O fisiologismo e as estratégias de curto prazo se sobrepõem à
lógica de oposição. Os partidos efetivamente estão negociando as suas
posições com o governo federal e esperando que uma catástrofe ocorra
para tomar o poder novamente - diz.
O cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Luiz Jorge Werneck avalia que a oposição está
sem um programa alternativo para se contrapor ao atual governo federal.
Segundo ele, ela ainda não formatou uma agenda que faça sentido tanto
para ela mesma como para a sociedade.