segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Resposta de José Dirceu no Correio, que será respondida na próxima quarta .

Publicada em 23/2/2009

Opinião
Resposta a Roberto Romano


José DIRCEU

Em artigo publicado neste Correio Popular no dia 18/2, com o título Resposta a José Dirceu, Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) perdeu a oportunidade de travar um debate de alto nível sobre o papel desempenhado pelo Congresso Nacional e resvalou para a subjetividade dos julgamentos no campo pessoal.

Aqui no Correio, ao responder a um texto que publiquei em meu blog (www.zedirceu.com.br) em que retruquei críticas por ele dirigidas ao nosso parlamento, o professor desferiu-me uma série de ataques, alguns até de natureza pessoal.

Ao fazê-lo, desrespeitou o meu direito de presunção à inocência e repisou acusações que sofri e sofro em processo judicial ainda pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), além de fazer considerações de natureza absolutamente subjetivas sobre mim, como por exemplo sobre minha “arrogância”.

À oportunidade que tinha de se explicar, de esclarecer sua crítica infundada ao Congresso, Romano jogou por terra e preferiu ficar me atacando seja por causa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a que compareci para depor, seja pela minha passagem pela chefia da Casa Civil da presidência da República, seja pelo fato de eu ser hoje um consultor de empresas e, até mesmo por eu ter estudado inglês durante um mês nos Estados Unidos nesse início de ano.

O professor gastou “tinta e papel” para me atacar desbragada e desenfreadamente, mas infelizmente não respondeu ao essencial de minhas considerações sobre sua entrevista. Romano não trouxe luz aos pontos centrais de meu questionamento e não justificou o que afirmou ao O Globo — que o Congresso Nacional está na lama e não fez nada pela segurança pública, a ciência e a tecnologia, nem contra consequências e efeitos da crise econômica mundial no Brasil.

O que, em se tratando do Congresso Nacional, insisto, é — e repito aqui o que disse no blog — uma mentira das grossas. Termos, aliás, que chocaram o professor e que ele considerou “próximos da sarjeta”. Eu entendo, o professor talvez preferisse expressões mais eufemísticas, mais próximas do muro em que atuam certos partidos políticos, ao invés de uma tão dura e clara.

O texto de Romano sobre mim no Correio Popular está eivado de pura baixaria. E eu que pensava que suas acusações sem fundamento ao Congresso eram só um deslize, tenho que reconhecer que me enganei. Agora, vejo que elas fazem parte do seu jeito e estilo de ser.

Pior, eu, que inicialmente pretendi apenas travar um debate em defesa de uma das nossas mais fundamentais instituições políticas — o Parlamento — diante da resposta de Romano, convenci-me de que isso, com ele, não será possível. Receio, porém, ter de retomar o assunto. Não sou eu que quero, meu pressentimento vem dessa frase final com a qual o professor encerra o seu artigo neste jornal de Campinas: “Voltarei ao caso, podem esperar”.

José Dirceu é ex-ministro-chefe da Casa Civil