Mesmice
Os políticosTodo dia a mesma notícia (farra com o dinheiro público)
Todo dia a mesma corrupção
Todo dia a mesma família (o pai prefeito, o neto vereador, a esposa deputada)...
Todo dia a mesma faca
Navalha na carne
No monumento cultural chamado Massa e Poder, Elias Canetti (que muito jornalista, apedeuta como seu líder, considera "irrelevante") indica a sobrevivência como lógica dos poderosos. Eles querem se perenizar no mando por todos os meios. O rico, diz Canetti, acumula tesouros. O famoso acumula aplausos e citações de seu nome. O poderoso acumula cadáveres para garantir sua sobrevida no comando. O delírio dos autocratas os leva, com frequência, à imaginar para si mesmos a condição divina.
Um jeito de perenizar a si mesmo e o próprio nome é por no trono o filho, ou filha pouco importa, encarregado de garantir a imortalidade do pretenso ser "Supremo". Toda tirania, popular ou não, quer efetivar tal façanha. As tiranias comunistas não diferem da regra. É o que assistimos hoje na Coréia do Norte. É o que ocorre, em escala ainda moderada, com o Brasil. A "herdeira" (repito palavras do jornal adulador do governo brasileiro, o Le Monde) é Dilma Roussef, na impossibilidade (apenas acidental, pois tudo no Brasil pode ser mudado em favor dos Palácios) de perenizar o Príncipe do petismo.
No fato em pauta, a "herança" do ditador coreano, o filho estudou (anônimo, como sempre a fraude) nas melhores escolas européias. O herdeiro natural do trono brasileiro não estudou nem estudará, dada a ojeriza do "noço" Príncipe às leituras e ao saber. Mas a tentativa de eternizar o poder adquirido é a mesma. É bom recordar que o tirano pode ser assim designado pela origem de seu mando ou pelo exercício. O Príncipe de Brasilia tem, por enquanto, origem legítima. Mas os seus bajuladores oportunistas do Congresso, por um golpe de Estado, podem dar-lhe a chance, ilegítima, de perpetuação ditatorial.
Com uma oposição conivente, tíbia ou desprovida de luzes, a tarefa é fácil. Parte hegemônica da imprensa (incluindo áreas da chamada "grande", pois a "pequena" já está comprada, pois pertence a oligarcas locais ou a "empresários" que recebem propaganda federal) apoia, disfarçadamente ou sem vergonha, a ditadura do Iluminado (cito uma filósofa petista: "quando Lula fala, o mundo se ilumina e tudo se esclarece").
Democracia sem alternância no poder é democracia plebiscitária. Esta, por sua vez, de imediato é domínio de um indivíduo, ou de vários, em nome da massa. E todo cesarismo traz embutida, no seu âmago, a ditadura.
RR
São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Ditador da Coreia do Norte nomeia caçula seu sucessor Mensagem foi enviada a missões do país no exterior, diz imprensa da Coreia do Sul Jornais dizem que e-mail foi enviado após teste nuclear do mês passado; Pyongyang prepara disparo de míssil capaz de chegar ao Alasca
O regime do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, enviou mensagem a todas as missões diplomáticas do país no exterior anunciando a escolha do seu filho caçula, Kim Jong-un, 26, à sua sucessão, noticia hoje a imprensa sul-coreana. "Foi confirmado por meio de vários canais que a Coreia do Norte enviou e-mails a missões pedindo lealdade a Kim Jong-un", informou o jornal "Dong-a Ilbo", citando fonte anônima. A informação foi veiculada também pela agência de notícias Yonhap e pelo "Hankook Ilbo", que a atribuiu ao serviço secreto sul-coreano. A agência de Inteligência disse, porém, não poder confirmar a notícia. Nenhum dos órgãos que a divulgaram trouxeram detalhes a respeito de quando a substituição do atual ditador por seu filho ocorreria. Procurada pela Folha, a Embaixada da Coreia do Norte no Brasil não confirmou o recebimento da mensagem. Kim, 67 e desde 1994 no poder, teria sofrido um derrame em agosto de 2008 e estaria em frágil estado de saúde. Desde então, cresceram as especulações sobre sua sucessão. A imprensa sul-coreana diz que a mensagem foi enviada logo após a realização do teste nuclear do último dia 24 (manhã local do dia 25), o segundo da história da Coreia do Norte e pivô da recente crise regional. Especialistas acreditam que o teste e o endurecimento nas relações com o Grupo dos Seis (EUA, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte), Washington à frente, façam parte do esforço de Kim para aplacar pressões da linha dura interna e manter o controle sobre sua sucessão. Recentemente, a imprensa sul-coreana vinha noticiando também um movimento de eliminação da ala "liberal" do regime, e já apontava Jong-un como favorito a perpetuar a família à frente da Coreia do Norte pela terceira geração. Kim Il-sung, pai de Jong-il e fundador da República Democrática Popular da Coreia, morreu em 1994, aos 82 anos. Sobre o futuro líder do regime norte-coreano, sabe-se que estudou na Suíça com identidade falsa, fala inglês e aprecia música ocidental e basquete, segundo o jornal espanhol "El País". Jong-un é tido ainda como dotado de capacidade de liderança e parecido com o pai no estilo de exercê-la. Em abril, ele havia sido indicado para a Comissão Nacional de Defesa como instrutor de baixo nível, segundo o jornal. Jong-il tem ainda dois outros filhos. O mais velho deles, Kim Jong-nam, 38, foi durante muito tempo considerado o seu sucessor natural. Isso, porém, até ser detido no Japão em 2001 com passaporte da República Dominicana quando tentava visitar um parque de diversões no estilo "Disney" em Tóquio. Kim Jong-chol, 29, o filho do meio, é considerado "afeminado" pelo pai, segundo livro de um dissidente norte-coreano.
Também segundo a imprensa sul-coreana, a Coreia do Norte transportou para a base de lançamento seu míssil de longo alcance mais avançado entre domingo e ontem e pode lançar o projétil, capaz de atingir o território americano do Alasca, na próxima semana. Pyongyang tem realizado exercícios navais na sua costa leste, em áreas próximas à fronteira marítima com a Coreia do Sul, até hoje disputada pelos vizinhos. Na última década, em pelo menos dois episódios escaramuças fizeram vítimas. A Coreia do Norte ameaça adotar medidas de "autodefesa" caso o CS (Conselho de Segurança) da ONU decida adotar novas sanções contra o país em retaliação à realização de um teste nuclear há nove dias. A detonação do artefato, que viola resolução do CS e tem potência estimada em cinco vezes à da explosão de 2006, provocou reprovação internacional unânime. Na semana passada, Pyongyang invalidou armistício de 1953 com Seul. Com agências internacionais |