terça-feira, 12 de abril de 2011

No Blog abordagem policial.

Falar sobre os fatídicos acontecimentos, ou os fatos, ou massacre, chacina, tragédia… Seja lá como queira chamar, ou termo empregado pela mídia, de agora em diante não será tarefa fácil, e com certeza será maçante, tanto para quem lê, como para quem escreve, isto porque não há tanto o que contar, não há novidades; muito embora a imprensa continue a nos bombardear com suas repetidas chamadas, suas massificantes entrevistas que torturam mais e mais os pobres jovens vítimas/testemunhas do fato, em detrimento de trazer-nos informações novas ou relevantes para o caso… Como se fosse suficiente para aplacar nossa ânsia ‘necrófila’ por entender o que, como e porque dos acontecimentos, que, sem sombra de dúvida não há o que explicar, não há o que motivar, até porque quem mais poderia nos subsidiar sobre isso, também está morto.

Mas as grandes mídias e o geral não querem nem pensar em largar o osso, se sucede reportagens e mais reportagens; traçando o perfil do assassino, refazendo passo a passo seus últimos dias. E o pior, como abutres e urubus na carniça, parafraseando a ótima jornalista Jaciara Santos em belíssimo artigo no A Queima Roupa; correm atrás de entrevistas EXCLUSIVAS, com as vítimas/sobreviventes do acontecido, promovem o destemido Policial Militar (uns eleitoreiramente… O péssimo salário que ele recebe ninguém fala…), o 3° Sgt PM Alves, em herói (esquecendo dos outros dois parceiros dele), vizinhos e populares consternados, logo alçados a condição de celebridade (?) e como não poderia deixar de ser, o pior, como se tivessem esquecido que são apenas crianças, assolam os pequenos em entrevistas e mais entrevistas, em diversos programas e horários, esquecendo o trauma, desprezando a dor e o luto. Tudo é um show! É TV, é jornal é entrevista. E corroborando com o adágio popular, “Nada é tão ruim que não possa ser piorado”… Promovem o algoz das crianças mortas em celebridade, talvez tudo o que ele almejava, em prol da “explicação”, “motivação”, os “porquês” para os fatos, algo tão subjetivo que beira a anedota, isso pode, até deve ficar para o campo dos leigos, dos pouco compromissados socialmente, porém nunca para os estudiosos, os formadores, os de responsabilidade social.

Pois como sabemos, se assim for, teremos respostas para todos os gostos (ou não?). Se disserem que é falta de Deus, como tem apresentador que faz por aí, ressalta-se o excesso de citações cristãs na carta/testamento e nos rascunhos apresentados; se disseram que é fanatismo ou Deus de mais, pergunta-se, qual deus? Pois como está evidenciado, ele nem era membro efetivo de alguma religião/seita que se saiba, e todas as oficiais rechaçam sua atitude, e afirmam que ele não tem vínculo com estas; se fores à introspecção, pergunta-se novamente; e os falastrões à solta aí, contando e vangloriando-se de seus “feitos”? Não, não é o bullying, é a esquizofrenia, a psicopatia, mania… Ou ardilmente podre, como só a confusão midiática pode ser e de pronto o fez: é algo ligado a adoção, a HIV, internet… O certo é que nunca saberemos com exatidão! Nunca teremos a máxima certeza.

Daí, passamos ao debate fácil, como “eles” propõem: detectores de metais nas entradas dos colégios, tem certeza? Com o fluxo de estudantes nas entradas e saídas, nos três turnos… É ruim! Quem já foi estudante sabe da dificuldade que me refiro… Sim, adotando essa medida, como seria? Apenas alarmes disparados na detecção do “suspeito”? Uma pessoa teria de ficar para a revista, e seria um por um a passar? Ou seria como é nos bancos e instituições financeiras com portas e trancas? Que tal segurança armado? Como qualquer um pode cometer um erro e atirar em uma criança, ou algo do tipo… Nada disso, proibindo o comércio de armas no Brasil! Mas não já é proibido? Sim! Muito embora o comentarista de segurança, que até outro dia gozava de muitos méritos para comigo, da Rede Globo tenha, ao vivo, em rede nacional, dito que não! Pior é ter que ouvir, reiteradas vezes, ele dizer que o matador era um exímio atirador, que tinha prática com o manuseio… O mais inexperiente dos policiais que tiver contato com um speedloder constatará como ele deixa mais “fácil nossas vidas”, além de atestar que menos de uma semana com uma arma em mãos, o aprendiz desejoso, aplicado e dedicado, pode manuseá-la com habilidade. Ora bolas, quer dizer então que comprar uma arma registrada e legalizada no Brasil é tarefa fácil? Então, eu e ele, vivemos em países diferentes… Quantos colegas, policiais, têm por aí esperando meses, até anos, aguardando uma autorização? Tenho amigos que não são policiais; e que comprovadamente necessitam de uma arma, tanto pela condição peculiar em que vivem, como pela profissão que exercem, e mesmo preenchendo todos os requisitos exigidos pela Policia Federal, fora postergado, quando não indeferido seu pleito. Não senhores, comprar uma arma legal no Brasil não é tarefa fácil, pra ninguém. O Estatuto do Desarmamento é uma lei nova e boa, com poucas falhas, o que se precisa é de uma pequena reformulação, na verdade uma adaptação, mas cogitar outra lei, ou outro plebiscito, em época de comoção, além de falacioso, é politiqueiro.

Não quero dar conotação proselitista a este texto, não se trata disso. Óbvio que temos um país desarmamentista, armado! E assim não pode ficar, devem as polícias, a sociedade em todos seus seguimentos, lutar para tirar das mãos de criminosos e/ou leigos armas clandestinas, como bem lembra o Dep. Estadual do Rio de Janeiro Marcelo Freixo: “É preciso investigar o caminho dentro do Estado, percorrido por armas fabricadas e vendidas legalmente até o seu uso em crimes”. No entanto, será que com essas campanhas e essas passeatas/protestos se chega a algum lugar? Sensibilizam-se os meliantes? Ou será que apenas banalizam o que há muito está banalizado? É essa meta aceitável? E não me venham com números superfaturados, parecidos como as imagens que geralmente vejo, quando da entrega de armas voluntariamente, onde seria mais proveitosa a contratação de atores reais para a encenação, pois, as que apresentam “por aqui”, são mambembes; e talvez justifique os rios de dinheiro público investido nesses projetos, que em nada abala a convicção criminosa de quem se apodera de tal artefato com o intuito prévio criminoso.

Como perguntou Alex Costa, no Brasil ainda tem algum meio de se informar honestamente? Sem manipulação ou baixeza? Comigo tem sobrado para os sites de relacionamento, como o twitter, pois até a militância esquerdista tem ficado tendenciosa, com toques ‘esquerdopatas’, como diz o pessoal do outro lado. É um emaranhado que não sabemos mais por onde anda a verdade, onde a manipulação e/ou os lucros sem compromisso é a meta mais importante. O indispensável Marcos Rolim cogita novos ataques a escolas, mas é claro, com a possível exaltação e exacerbada exposição do individuo é possível que o encorajamento seja uma real, e o debate se encaminha para um lado mais fácil, da resolução de problemas, aliás, como quase tudo no nosso país, e vamos desramar, vamos trancafiar as crianças dentro das escolas, vamos revistá-las, vamos contratar seguranças armados, ou trazer polícias para cá, tudo muito mais fácil que propor uma mudança cultural, uma mudança de vida, onde o individuo é pensado como primeiro, tanto os docentes como os discentes, valorizando-os, incentivando-os, remunerando-os, pois é na escola que essas mudanças têm que começar a acontecer, e daí espalhar-se, para em conjunto com medidas mais brandas, só que mais imediatas, se consolide uma cultura menos violenta. Falar isso perpassa tanto pelo setor público, como pelo setor privado, na figura da imprensa e das mídias em geral, que visando seus lucros promovem suas carnificinas, suas degradações morais, tanto no entreter como no informar… Se os debates não se pautam primeiramente por este viés, nada terá resultado, pois ao se inviabilizar massacres em escolas, eles podem migrar para parques, hospitais, shoppings, cinemas etc, como, aliás, sem que se notabilizem, já acontecendo.