Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Lula despreza as novas revelações sobre o mensalão Ex-presidente diz que caso "só vai ser julgado em 2050" se novo relatório da PF for levado em conta pela Justiça Documento confirma uso de dinheiro público e pagamento de despesa de campanha de Lula com verba do esquema ANDREA MURTA DE WASHINGTON O ex-presidente Lula desprezou ontem o impacto do novo relatório da Polícia Federal que aponta o uso de dinheiro público no mensalão. Ele afirmou que, se o documento for incorporado aos autos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o processo "só vai ser julgado em 2050". O relatório não faz parte da ação penal do mensalão, em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal), mas traz novidades em relação a pontos-chaves da investigação. O documento, revelado pela revista "Época", confirma o uso de recursos públicos na "montagem de redes de influência" do governo. Afirma que dinheiro do fundo Visanet, do Banco do Brasil, abasteceu contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o mensalão. O relatório traz ainda a informação de que Freud Godoy, ex-assessor de Lula, afirmou em depoimento que Valério bancou despesas com segurança de sua campanha presidencial em 2002. PALESTRA Lula falou a jornalistas em Washington (EUA), após dar palestra remunerada em evento da Microsoft. Disse que não "teve chance de dar uma olhada" no relatório -nem pretende. "Não sou advogado", justificou. O ex-presidente afirmou que o documento, que associa 17 novos nomes ao caso, não é um "relatório final". "Não se sabe se o ministro Joaquim [Barbosa] vai receber ou não, se aquilo vai entrar nos autos [da ação]." Em seguida, sugeriu que a lentidão da Justiça pode comprometer o processo. "Se entrar, todos os advogados de defesa vão pedir prazo para julgar. Então, vai ser julgado em 2050. Então, não sei se vai acontecer." A expectativa hoje é que a ação principal, que tem 38 réus e não inclui Lula, seja julgada no ano que vem. MUDANÇA DE TOM Depois que o caso foi revelado pela Folha, em junho de 2005, Lula disse se sentir traído "por práticas inaceitáveis", das quais não teria conhecimento prévio. "Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e chocam o país", disse, em agosto daquele ano. Em 2006, definiria o caso como "uma facada nas costas". Com passar do tempo, mudou o tom e passou a questionar a existência do esquema. Chegou a chamar o escândalo de "maior armação já feita contra um governo". Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, indicou que não deve pedir a inclusão do novo relatório ao processo do mensalão. "Está havendo um equívoco em relação a esse relatório", disse. "Ele cuida de fatos específicos de um inquérito que não é hoje a ação penal do mensalão." "Tudo o que quero é um microfone", diz ex-presidente DE WASHINGTON Muito confortável no novo papel de palestrante de luxo internacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou clara sua trajetória daqui para frente: "Tudo o que eu quero é um microfone para continuar falando", disse ontem em Washington. A afirmação veio em resposta a convite para falar a alunos do Complexo do Alemão, no Rio. A plateia ontem era diferente, de convidados da Microsoft, neste que foi seu primeiro discurso pago no exterior após deixar o Planalto. Lula disse que "pode ser ex-presidente, mas nunca ex-militante". "Quero terminar minha vida ajudando o continente africano." Fez vários elogios ao Brasil: "O povo que mora na beira da praia é mais alegre, feliz e criativo". (AM) |
quinta-feira, 7 de abril de 2011
A técnica, agora, é o deboche. João Santana tem trabalhado bastante.
São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011