Folha de são Paulo
Novo Conselho de Ética tem Renan e aliados de Sarney
Órgão encarregado de investigar senadores estava esvaziado desde 2009
Novo presidente do colegiado promete independência apesar de amizade com Sarney, alvo de dez processos
Lula Marques/Folhapress
Os senadores José Sarney (à esq.) e Renan Calheiros, durante sessão
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Depois de responder a cinco processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito ontem membro titular do órgão, responsável por investigar a conduta dos 81 senadores. Ao lado de Renan, foram escolhidos para compor o colegiado outros 14 senadores -grande parte com processos na Justiça.Amigo de Renan e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o senador João Alberto (PMDB-MA) foi indicado para presidir o conselho. O peemedebista deve ser eleito hoje para o comando do órgão.Apesar da ligação com Sarney, que respondeu a 11 processos no conselho em 2010, Alberto promete independência. "O conselho é cortar na nossa própria carne", disse. "Já estou preparado, exerci o cargo duas vezes."
A vice-presidência do conselho deve ser ocupada por Gim Argello (PTB-DF), que é investigado em inquérito que está no STF (Supremo Tribunal Federal) por ter alugado computadores por valor superfaturado quando era deputado distrital em Brasília.Entre os indicados para o Conselho de Ética estão os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), que também respondem a processos judiciais. Foram indicados seis líderes partidários, depois que muitos senadores se recusaram a ocupar cadeiras no conselho temendo futuros desgastes políticos.
Único a votar contra as indicações para o conselho, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que Sarney escolheu sua tropa de choque para controlar o órgão. "Quem vai mandar alguma coisa para um conselho que tem pessoas amigas do presidente da Casa?", perguntou. O conselho estava sem seu quadro completo desde agosto de 2009, quando a oposição se retirou do colegiado em protesto contra o arquivamento dos processos contra Sarney. Criado em 1993, o órgão analisou desde então mais de 20 representações contra senadores, das quais 15 foram arquivadas.No caso de Renan, o conselho chegou a aprovar o pedido de cassação do parlamentar, que foi rejeitado pelo plenário. Renan respondeu a uma série de denúncias em 2007, quando foi acusado de ter recorrido a um lobista para pagar aluguel e pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
"BULLYING"
As indicações para o Conselho de Ética foram feitas um dia depois de o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tomar o gravador de um repórter que o questionou sobre a aposentadoria que recebe como ex-governador.Requião foi ontem à tribuna do Senado para fazer novas acusações à mídia. "Temos que acabar com o abuso, o bullying que sofremos nas mãos de uma imprensa às vezes provocadora e muitas vezes irresponsável."Sem se desculpar por ter tomado o gravador e apagado a entrevista, o senador reconheceu que "não deveria ter perdido a paciência" com o repórter, mas acusou o jornalista de tentar acuá-lo com "perguntas agressivas".
Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES, de BRASÍLIA
Novo Conselho de Ética tem Renan e aliados de Sarney
Órgão encarregado de investigar senadores estava esvaziado desde 2009
Novo presidente do colegiado promete independência apesar de amizade com Sarney, alvo de dez processos
Lula Marques/Folhapress
Os senadores José Sarney (à esq.) e Renan Calheiros, durante sessão
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Depois de responder a cinco processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito ontem membro titular do órgão, responsável por investigar a conduta dos 81 senadores. Ao lado de Renan, foram escolhidos para compor o colegiado outros 14 senadores -grande parte com processos na Justiça.Amigo de Renan e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o senador João Alberto (PMDB-MA) foi indicado para presidir o conselho. O peemedebista deve ser eleito hoje para o comando do órgão.Apesar da ligação com Sarney, que respondeu a 11 processos no conselho em 2010, Alberto promete independência. "O conselho é cortar na nossa própria carne", disse. "Já estou preparado, exerci o cargo duas vezes."
A vice-presidência do conselho deve ser ocupada por Gim Argello (PTB-DF), que é investigado em inquérito que está no STF (Supremo Tribunal Federal) por ter alugado computadores por valor superfaturado quando era deputado distrital em Brasília.Entre os indicados para o Conselho de Ética estão os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), que também respondem a processos judiciais. Foram indicados seis líderes partidários, depois que muitos senadores se recusaram a ocupar cadeiras no conselho temendo futuros desgastes políticos.
Único a votar contra as indicações para o conselho, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que Sarney escolheu sua tropa de choque para controlar o órgão. "Quem vai mandar alguma coisa para um conselho que tem pessoas amigas do presidente da Casa?", perguntou. O conselho estava sem seu quadro completo desde agosto de 2009, quando a oposição se retirou do colegiado em protesto contra o arquivamento dos processos contra Sarney. Criado em 1993, o órgão analisou desde então mais de 20 representações contra senadores, das quais 15 foram arquivadas.No caso de Renan, o conselho chegou a aprovar o pedido de cassação do parlamentar, que foi rejeitado pelo plenário. Renan respondeu a uma série de denúncias em 2007, quando foi acusado de ter recorrido a um lobista para pagar aluguel e pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
"BULLYING"
As indicações para o Conselho de Ética foram feitas um dia depois de o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tomar o gravador de um repórter que o questionou sobre a aposentadoria que recebe como ex-governador.Requião foi ontem à tribuna do Senado para fazer novas acusações à mídia. "Temos que acabar com o abuso, o bullying que sofremos nas mãos de uma imprensa às vezes provocadora e muitas vezes irresponsável."Sem se desculpar por ter tomado o gravador e apagado a entrevista, o senador reconheceu que "não deveria ter perdido a paciência" com o repórter, mas acusou o jornalista de tentar acuá-lo com "perguntas agressivas".
Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES, de BRASÍLIA