terça-feira, 3 de julho de 2012

Jornal do Terra, 02/07/2012

Eleições 2012
 
 
Com 16 minutos, Paes lidera tempo de TV; veja outras capitais

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), tenta se reeleger com uma coligação de 20 partidos, que lhe garantiu mais de 16 minutos de .... Foto:  Divulgação O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), tenta se reeleger com uma coligação de 20 partidos, que lhe garantiu mais de 16 minutos de propaganda na televisão
Foto: Divulgação

Mauricio Tonetto

Com o fim das convenções que costuraram as alianças para as eleições de outubro, os candidatos fecharam o tempo de TV e rádio que terão direito a partir do dia 21 de agosto, quando começa o horário eleitoral. Com 20 partidos na coligação, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, será o campeão de espaço entre os concorrentes das principais cidades do país. O candidato do PMDB à reeleição terá 16 minutos e 24 segundos, mais de 50% dos 30 minutos totais. 

Obrigatório por lei, o horário eleitoral foi criado para equilibrar a disputa e dar espaço a todos os candidatos, mas especialistas ouvidos pelo Terra apontam distorções do sistema e o favorecimento das legendas mais abonadas. 

"Isso mostra o quanto as leis no Brasil são deturpadas com o tempo. A propaganda gratuita surgiu nos anos 1960 com a desculpa de que garantiria aos candidatos pobres a oportunidade de chegar aos eleitores. Isso se transformou no oposto. Os partidos ricos, com recursos, fazem hoje grandes alianças, que lhe garantem muito tempo de propaganda", disse o professor de Ética e cientista político da Unicamp Roberto Romano.

O prefeito do Rio, graças à coligação, terá uma larga vantagem em relação aos candidatos Rodrigo Maia (DEM) - 3 minutos e 56 segundos - e Otávio Leite (PSDB) - 3 minutos e 28 segundos. Para definir a duração da propaganda dos candidatos, a Justiça Eleitoral leva em conta o número de deputados federais que cada partido da coligação elegeu em 2010. Por isso, a ampla aliança formada por Paes lhe dá vantagem.

"O que motiva mais a população é o pleito majoritário. Para muitas pessoas no Brasil, a TV ainda é a única janela de informação política, e isso influencia nas prefeituras. No caso dos vereadores, se o candidato não for conhecido, dificilmente será reconhecido na propaganda. Mas para o executivo é diferente", explicou o cientista político Paulo Kramer.

PSD de Kassab turbina Serra e Manuela

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu direitos políticos ao PSD, partido do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, garantindo o tempo de TV nas inserções da propaganda deste ano. Com isso, a legenda coloca José Serra (PSDB), com 7 minutos e 49 segundos, à frente de Fernando Haddad (PT) - 7 minutos e 48 segundos - e Gabriel Chalita (PMDB) - 3 minutos e 50 segundos.

Para o cientista político Paulo Kramer, o acréscimo de tempo não determina, necessariamente, o sucesso nas urnas: "O tempo de TV, quando é bem aproveitado, não precisa ser tão longo. Em regra, ganha quem tem a propaganda melhor e usa melhor os recursos, e não quem possui mais minutos, obrigatoriamente."

"O tempo virou um dogma, só que não é certo que sempre as legendas com maior espaço de TV e rádio ganhem as eleições. Isso depende de outros fatores, como líderes de apelo popular e militância operante", acrescentou Roberto Romano.

Em Porto Alegre (RS), a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) foi beneficiada com a decisão do STF e subiu de 4 minutos e 20 segundos para 6 minutos e 10 segundos, equilibrando a corrida com Adão Villaverde (PT) - 6 minutos e 20 segundos -, mas ainda atrás do atual prefeito, José Fortunati (PDT) - 12 minutos e 15 segundos. No Recife (PE), Geraldo Júlio (PSB) terá mais de 14 minutos de tempo devido a uma coligação com 14 siglas, que inclui PMDB, PCdoB e PTB.

Ditadura do marketing

Roberto Romano alerta para um prejuízo causado pela propaganda eleitoral moderna: a "ditadura do marketing". "Querem vender candidato como se vende sabonete. O que ocorre hoje é uma ditadura. Os marqueteiros dizem o que os candidatos podem fazer e falar. Acho isso um atentado direto contra a democracia. Não existe mais nada político e econômico, é tudo persuasão, encantamento, fantasia da propaganda", criticou.

A partir do dia 8 de julho, os partidos e coligações, junto com os representantes das emissoras de rádio e televisão, devema elaborar o plano de mídia relativo ao horário gratuito de propaganda de 2012. Ela tem início em 21 de agosto, 45 dias antes do primeiro turno, e vai até o dia 4 de outubro.
Nos municípios onde houver segundo turno, a data limite para o começo da propaganda é em 13 de outubro, 15 dias antes da eleição. O último dia previsto no calendário eleitoral deste ano para esse tipo de propaganda é no dia 26 de outubro, dois dias antes do segundo turno.