O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), tenta se
reeleger com uma coligação de 20 partidos, que lhe garantiu mais de 16
minutos de propaganda na televisão
Foto: Divulgação
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Com o fim das convenções que costuraram as alianças para as eleições
de outubro, os candidatos fecharam o tempo de TV e rádio que terão
direito a partir do dia 21 de agosto, quando começa o horário eleitoral.
Com 20 partidos na coligação, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo
Paes, será o campeão de espaço entre os concorrentes das principais
cidades do país. O candidato do PMDB à reeleição terá 16 minutos e 24
segundos, mais de 50% dos 30 minutos totais.
Obrigatório por lei, o horário eleitoral foi criado para equilibrar a
disputa e dar espaço a todos os candidatos, mas especialistas ouvidos
pelo Terra apontam distorções do sistema e o favorecimento das legendas mais abonadas.
"Isso mostra o quanto as leis no Brasil são deturpadas com o tempo. A
propaganda gratuita surgiu nos anos 1960 com a desculpa de que
garantiria aos candidatos pobres a oportunidade de chegar aos eleitores.
Isso se transformou no oposto. Os partidos ricos, com recursos, fazem
hoje grandes alianças, que lhe garantem muito tempo de propaganda",
disse o professor de Ética e cientista político da Unicamp Roberto
Romano.
O prefeito do Rio, graças à coligação, terá uma larga vantagem em
relação aos candidatos Rodrigo Maia (DEM) - 3 minutos e 56 segundos - e
Otávio Leite (PSDB) - 3 minutos e 28 segundos. Para definir a duração da
propaganda dos candidatos, a Justiça Eleitoral leva em conta o número
de deputados federais que cada partido da coligação elegeu em 2010. Por
isso, a ampla aliança formada por Paes lhe dá vantagem.
"O que motiva mais a população é o pleito majoritário. Para muitas
pessoas no Brasil, a TV ainda é a única janela de informação política, e
isso influencia nas prefeituras. No caso dos vereadores, se o candidato
não for conhecido, dificilmente será reconhecido na propaganda. Mas
para o executivo é diferente", explicou o cientista político Paulo
Kramer.
PSD de Kassab turbina Serra e Manuela
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu direitos políticos ao PSD, partido do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, garantindo o tempo de TV nas inserções da propaganda deste ano. Com isso, a legenda coloca José Serra (PSDB), com 7 minutos e 49 segundos, à frente de Fernando Haddad (PT) - 7 minutos e 48 segundos - e Gabriel Chalita (PMDB) - 3 minutos e 50 segundos.
Para o cientista político Paulo Kramer, o acréscimo de tempo não
determina, necessariamente, o sucesso nas urnas: "O tempo de TV, quando é
bem aproveitado, não precisa ser tão longo. Em regra, ganha quem tem a
propaganda melhor e usa melhor os recursos, e não quem possui mais
minutos, obrigatoriamente."
"O tempo virou um dogma, só que não é certo que sempre as legendas
com maior espaço de TV e rádio ganhem as eleições. Isso depende de
outros fatores, como líderes de apelo popular e militância operante",
acrescentou Roberto Romano.
Em Porto Alegre (RS), a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) foi
beneficiada com a decisão do STF e subiu de 4 minutos e 20 segundos para
6 minutos e 10 segundos, equilibrando a corrida com Adão Villaverde
(PT) - 6 minutos e 20 segundos -, mas ainda atrás do atual prefeito,
José Fortunati (PDT) - 12 minutos e 15 segundos. No Recife (PE), Geraldo
Júlio (PSB) terá mais de 14 minutos de tempo devido a uma coligação com
14 siglas, que inclui PMDB, PCdoB e PTB.
Ditadura do marketing
Roberto Romano alerta para um prejuízo causado pela propaganda eleitoral moderna: a "ditadura do marketing". "Querem vender candidato como se vende sabonete. O que ocorre hoje é uma ditadura. Os marqueteiros dizem o que os candidatos podem fazer e falar. Acho isso um atentado direto contra a democracia. Não existe mais nada político e econômico, é tudo persuasão, encantamento, fantasia da propaganda", criticou.
A partir do dia 8 de julho, os partidos e coligações, junto com os
representantes das emissoras de rádio e televisão, devema elaborar o
plano de mídia relativo ao horário gratuito de propaganda de 2012. Ela
tem início em 21 de agosto, 45 dias antes do primeiro turno, e vai até o
dia 4 de outubro.
Nos municípios onde houver segundo turno, a data limite para o começo
da propaganda é em 13 de outubro, 15 dias antes da eleição. O último
dia previsto no calendário eleitoral deste ano para esse tipo de
propaganda é no dia 26 de outubro, dois dias antes do segundo turno.