Janot garante a procuradores viagem em classe executiva
Novo procurador-geral da República opta por agenda corporativa em uma de suas primeiras medidas no cargo
23 de setembro de 2013 | 22h 09
Ricardo Brito e Andreza Matais - O Estado de S. Paulo
Um dia após tomar posse, o novo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, garantiu a seus colegas de carreira o direito
de viajar ao exterior em classe executiva, espaço com mais conforto aos
passageiros nas aeronaves.
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Valter Campanato/Agência Brasil/Divulgação
Rodrigo Janot garante benefícios que dividem as opiniões entre procuradores
A medida foi publicada no Diário Oficial da União na semana passada e
diferencia os procuradores dos demais servidores do órgão. Na maioria
dos casos, os funcionários comuns terão direito a viajar de classe
econômica, enquanto que os procuradores, de executiva.
Mesmo declarando que nunca viajou para o exterior, o
subprocurador-geral da República Brasilino Santos defendeu a
possibilidade dos integrantes da categoria de voarem em classe
executiva. Ele comparou a situação de um procurador com a de um ministro
de Estado. "Ou é procurador da República ou é descamisado. Tem que
separar as coisas", afirmou Santos, ao destacar que a medida visa a
proteger a "dignidade" da função. Ele lembrou que procuradores têm
direito a passaporte diplomático.
A portaria, que entra em vigor a partir de 1.º de outubro, contempla
procuradores de todos os ramos da União, como o da Justiça do Trabalho e
da Justiça Militar. Atualmente, os 11 ministros do Supremo Tribunal
Federal têm direito a voar de primeira classe. O ato de Janot abre a
possibilidade para que pelo menos 1 mil procuradores da República voem
em classe executiva.
Diárias. A norma estabelece, ainda, regras para
liberação de diárias para viagens ao exterior. O procurador-geral da
República vai receber US$ 485 de indenização em diárias de viagens ao
exterior, igual ao valor pago aos ministros do Supremo.
Ao câmbio desta segunda-feira, daria R$ 1.067 para cobrir despesas
diárias com hospedagem, alimentação e locomoção. O valor, entretanto, é
superior ao pago a ministros do governo federal, cujo teto é de US$ 480 -
o valor varia conforme o destino. Os subprocuradores, os procuradores
regionais e os procuradores da República que atuam na primeira
instância, por exemplo, vão receber diárias que variam de US$ 416 a US$
461.
Dados da página eletrônica do Ministério Público Federal apontam que
foram gastos de janeiro a agosto deste ano R$ 11,3 milhões com diárias, o
que inclui passagem aérea e hospedagem com todas as procuradorias. Em
2012, os gastos somaram no ano todo R$ 12,8 milhões.
Os funcionários de todo o Ministério Público da União poderão ter
direito a passagens em classe executiva quando o tempo previsto entre o
último voo de embarque no território nacional e o destino for superior a
oito horas, quando houver disponibilidade no momento da emissão. Se
forem acompanhar uma autoridade, eles também poderão gozar da passagem
da mesma classe dela.
O subprocurador Moacir Guimarães criticou a decisão. Segundo ele,
embora seja um assunto da alçada exclusiva de Rodrigo Janot, a portaria
poderia ter sido discutida no Conselho Superior do Ministério Público
Federal, instância administrativa máxima da carreira. "Tem que analisar
para ver se esses gastos não são excessivos."
‘Simetria’. A Procuradoria-Geral afirmou, por meio
da assessoria, que a medida tem "simetria com o Poder Judiciário" e
justificou que a viagem em classe executiva favorece que o membro chegue
"em plenas condições físicas para o trabalho nos locais de destino e de
origem, no seu retorno." Conforme a PGR, as viagens ao exterior serão
"extremamente" reduzidas "porque são realizadas normalmente pelo MPF
(Ministério Público Federal) e MPT (Ministério Público do Trabalho) em
períodos extremamente curtos".