sábado, 7 de setembro de 2013

Hipocrisia Acadêmica

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Estudantes dizem ter sido agredidos por vigilantes dentro da UEM

Do G1:
06/09/2013 

Estudantes dizem ter sido agredidos por vigilantes dentro da UEM

Confusão ocorreu na Universidade Estadual de Maringá, no norte do PR.
Reitor Júlio Santiago Filho disse que falará sobe o caso por nota oficial.


Erick GimenesDo G1 PR, em Maringá
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"Enquanto eu cuspia sangue, os vigias riam lá de dentro da universidade", diz a estudante Tamires Schmitt (Foto: Honório Silva/RPC TV)'Enquanto eu cuspia sangue, os vigias riam lá de dentro da universidade', diz a estudante Tamires Schmitt, atingida por uma pedra durante a confusão (Foto: Honório Silva/RPC TV)
Alguns estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no norte do Paraná, dizem ter sido agredidos por vigilantes da própria universidade na noite de quinta-feira (5). Vários deles mostram hematomas, marcas de agressões e ferimentos causados, segundo eles, por socos e pontapés desferidos pelos servidores. Os estudantes registraram Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia de Maringá. Por meio de nota, a reitoria da UEM negou que os vigilantes cometeram excessos e disse que ultimamente têm ocorrido eventos irregulares no câmpus. A UEM informa ainda que está instaurando uma sindicância para apurar os acontecimentos.
Segundo os alunos, aproximadamente 30 vigias cercaram um dos blocos da universidade, no qual eles estudavam, e esperaram a saída deles. Os universitários deixaram o local que, afirmam ser escuro e distante da saída da UEM, e foram até a sala do Diretório Central dos Estudantes (DCE), próximo a um portão. Ainda conforme os estudantes, alguns homens poderiam não ser funcionários da UEM porque estavam sem coletes de identificação.
Os vigilantes, contam os universitários, seguiram o grupo de estudantes, e, por volta das 23 horas, os abordaram. Segundo o estudante de Ciências Sociais João Paulo de Assis, 22 anos, os funcionários pediram, com truculência, para que todos deixassem a universidade.
"Disseram que era proibido ficar aqui, que os portões estavam fechados. Nós alegamos que a universidade era um patrimônio nosso e perguntamos quem é que tornou essa proibição pública. Eles, então, disseram que o diálogo tinha acabado e chutaram um dos nossos. Foi aí que começou a pancadaria", relata o estudante.
Ele conta um dos servidores fazia gestos que simulavam uma arma, dizendo que "ia resolver aquilo". "Não tinha motivo nenhum para fazerem isso. É repressão política. Eles já tinham alvos e estão nos perseguindo há algum tempo", afirma. Assis garante que eles apenas conversavam dentro da universidade e não havia consumo de bebidas ou drogas.
A estudante Tamires Pereira Schmitt, 23 anos, do curso de Artes Cênicas, conta que foi atingida por uma pedra na confusão. Ele teve traumatismo craniano e levou sete pontos na testa, em razão do corte causado pelo objeto. "Quando eu vi, a pedra estava em cima de mim. Veio de fora para dentro. Minha cara jorrava sangue. Enquanto eu cuspia sangue, eles [os vigilantes] riam da minha dor lado dentro", lembra.
Tamires disse que outro estudante teve o nariz quebrado pelos seguranças - ele está internado no Hospital Universitário (HU) de Maringá. "Eu não sei como vou fazer para andar na universidade mais. Não posso mais circular sozinha. Agora, estou marcada fisicamente", lamenta Tamires, indicando o ferimento na testa.
Há 28 anos trabalhando na universidade, a professora Marta Belini, presidente do Sindicato dos Docentes da UEM (Sesduem) garante que o problema com os vigilantes já é antigo. "Eles sempre deram problema e nenhum reitor faz nada. Nos sentimos totalmente desprotegidos aqui dentro. Os vigias estão aqui para proteger o patrimônio, não é? Os alunos são o nosso maior patrimônio. O reitor é o principal responsável por tudo isso. Ou ele assume isso logo e pede para sair ou vamos ter morte dentro da UEM", revolta-se.
Polícia Militar alega que festas dentro da universidade causaram confusão
O tenente-coronel do 4º Batalhão da Polícia Militar (4º BPM), Antonio Roberto dos Anjos Padilha, afirma que os estudantes têm feito festas, conhecidas como "sarau", que geraram denúncias de consumo de bebidas alcoólicas, tráfico de drogas e prostituição dentro da instituição.
Segundo Padilha, o reitor da UEM solicitou à PM que os policiais fizessem ronda no entorno da universidade todas as quintas e sextas-feira - os dias em que ocorrem as festas. "Ontem [quinta-feira] eu determinei que fosse feita ronda no entorno da UEM. No decorrer da operação, nossa equipe foi chamada por alunos que alegavam ter sido agredidos por vigilantes. Nós atendemos à ocorrência, como qualquer outra, e, como não sabíamos quem tinha agredido quem, orientamos que os envolvidos registrassem boletim de ocorrência na delegacia", explica Padilha.
O PM conta que os vizinhos reclamam constantemente de abuso dentro da universidade por parte dos estudantes. "Temos reclamações constantes de pertubação de sossego. Ali é um local de estudo. Portanto, presumios que os estudantes devem ir para lá para estudar e não para incomodar a vizinhança ou os próprios vigias".
Veja a nota da UEM na íntegra
Como é de conhecimento da comunidade maringaense, ultimamente, têm ocorrido eventos irregulares e clandestinos no câmpus sede da UEM, não organizados e não autorizados na pela Administração.
Estes eventos preocupam a Administração Central, porque acabam colocando em risco o patrimônio da UEM e trazendo insegurança a toda comunidade universitária.
Assim, a Universidade passou a exercer maior controle dos portões e portarias, reforçando a fiscalização dos acessos ao câmpus, para garantir o cumprimento das resoluções vigentes.
Na última quinta-feira (5), à noite, depois do fim das aulas, a Diretoria de Serviços e Manutenção e a chefia da Vigilância da UEM perceberam o início de um evento não autorizado. Os servidores da UEM conversaram pacificamente com os estudantes, tentando fazer com que eles não realizassem o que vem sendo denominado de Sarau. E ainda explicaram aos acadêmicos os motivos da ação. Segundo informações internas, em nenhum momento a vigilância cometeu excessos.
Mesmo assim, a UEM está instaurando uma sindicância para apurar os acontecimentos, reunindo todo o material necessário à análise dos fatos, como vídeos e fotos, visto que a Administração Central, repudia, veementemente, qualquer ato de violência.
A UEM está buscando ações para criar e ampliar espaços culturais dentro da Universidade, juntamente com os Conselhos e as Pró-Reitorias. Além disso, fomenta e realiza, de forma integrada com a sociedade, ações de prevenção ao uso de drogas.