segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Parabéns, Senado. Você o merece!






Recordam o nome do grande articulador? É o mesmo que, líder de Collor na Câmara, evocou Carl Schmitt para dizer que Fernando Collor de Melo seria "O Guardião da Constituição". É o mesmo que seguiu os ditames de Mao, etc., etc. É difícil defender a existência do Senado, com lideranças senatoriais assim.

Roberto Romano

02/02/2009 - 15h55

Vitória de Sarney no Senado traz de volta à cena política Renan Calheiros, seu principal articulador


GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

A vitória do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado traz de volta à cena política o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que manteve-se afastado das articulações partidárias desde que deixou a presidência da Casa Legislativa, no final de 2007.

Lula Marques/Folha Imagem
Renan (sentado) estava afastado das articulações partidárias desde 2007
Renan (sentado) estava afastado das articulações partidárias desde 2007

Principal articulador da candidatura de Sarney, Renan conseguiu reunir votos favoráveis ao peemedebista acima do número inicialmente esperado pelo grupo pró-Sarney.

Renan negociou a candidatura do colega de partido desde o final do ano passado, antes de Sarney lançar seu nome oficialmente na disputa.

Em um trabalho silencioso, o peemedebista procurou parlamentares, negociou votos e reuniu apoio suficiente para permitir que Sarney entrasse na corrida pela presidência --o que forçou o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) a desistir de concorrer à reeleição para o comando do Senado.

Renan fortaleceu-se politicamente depois da ampla vantagem no placar da vitória de Sarney: 49 votos para a presidência do Senado contra 32 recebidos pelo senador Tião Viana (PT-AC). Em conversas com aliados na manhã de hoje, antes da disputa, Renan previu que Sarney teria 46 votos contra 35 de Tião --três a menos do que efetivamente o peemedebista recebeu.

As articulações pró-Sarney renderam a Renan a indicação para assumir a liderança do PMDB no Senado em substituição ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que deixa o cargo. Aos aliados mais próximos, Renan confidenciou que o seu retorno político representa uma "virada", já que ele volta à cena política com destaque depois de responder por cinco processos no Conselho de Ética da Casa, em 2007, por suposta quebra de decoro parlamentar.

Na época, o senador renunciou à presidência do Senado em meio à enxurrada de processos, que tiveram início com a denúncia de que o peemedebista teria recebido recursos de uma empreiteira para pagar pensão à filha. O apoio de Renan rendeu críticas a Sarney pelo seu grupo de aliados, mas o peemedebista assumiu o cargo prometendo não privilegiar amigos nem partidos.

Conversas

Sob o comando de Renan, o grupo pró-Sarney conseguiu sem alarde reunir apoios em favor do peemedebista. Nas conversas de bastidores, os caciques do PMDB conseguiram votos para Sarney mesmo dentro de partidos que oficialmente declararam apoio à candidatura de Tião.

O petista tinha o apoio oficial do PT, PSDB, PR, PDT e PSOL. Juntos, os cinco partidos reúnem 35 senadores --três a mais que os votos recebidos por Tião, numa demonstração de que nem todos os parlamentares seguiram as orientações das bancadas.

O PSDB, apontado por alguns senadores como o partido responsável pelas "traições" contra Tião, repudiou as acusações. Como o voto é secreto, os parlamentares fazem apenas especulações sobre aqueles que desembarcaram da candidatura de Tião no momento da votação.

"Eu digo não, não e não. Tivemos apenas o senador Papaléo Paes [PSDB-AP] que votou contra o senador Tião. Eu tenho uma lista de 52 votos que poderiam votar a favor do Sarney, três a mais do que os votos que ele recebeu. Mas dos senadores do PSDB, com exceção do Papaléo, o presidente Sarney não recebeu nenhum voto", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).