quarta-feira, 13 de maio de 2009

Junião, do Correio Popular de Campinas e um excelente artigo, no blog Prosa & Política





13/05/2009 às 14:30:00h

Reais possibilidades – 2º ato

Por Raphael Curvo

Recebi uma observação, do artigo anterior, de um leitor que diz que pela nova regra da reforma política em andamento, a de lista fechada, o partido é o maior beneficiado. Caso seja mantido o conceito atual de partido como um aglomerado de interesses políticos ele está no contexto da reforma. O que vai acontecer de mudança é apenas a redução do tamanho do curral e menos peões para a chefia dos caciques. Entretanto, se considerarmos partido como fonte de ideologia, programas e projeto político, não há como aceitar o que está em andamento.

A fala do presidente do PPS, Roberto Freire, de que há necessidade de uma mudança, é muito válida, mas tem que ser representativa. O que está em evidência é a demarcação de territórios o que afronta a possibilidade de renovação contínua. Até seria, talvez, possível vingar a proposta atual como renovação e novos conceitos de preservação da ética e outros pontos mais, se a reforma estabelecesse única reeleição em todos os níveis. Aí sim, teríamos partidos ágeis e preocupados com a formação dos seus representantes e de seus quadros e, obviamente, com seu comportamento ético.

Vamos deixar este assunto para outro dia, é extenso. Continuando o foco do artigo anterior, o 1º ato, voltamos ao governador que não quer ser escravo da política, mesmo dizendo depois que não vai abandonar a campanha. O que se sente é que Blairo Maggi não quer assumir a paternidade em cartório de qualquer acordo fora do atual arco de aliança política existente no seu grupo. Isto implica em aceitar o PSDB e sua “troupe” que além de não lhe ser carinhosa, é frontal ao seu interesse de total dedicação a campanha de Dilma Rousseff.

Um outro ponto a considerar nesta linha de pensar, é a questão de ausência de liderança, em seu grupo, capaz de confrontar com as únicas possíveis existentes: Jaime Campos e Wilson Santos. Homens com imagens sólidas em todo o estado e mais fáceis de captar apoios com e para Serra. Aliás, homens com forte penetração no campo político da própria aliança de partidos do governador e do presidente. O governador está encaixando em seu modo de vida política, o dito pelo presidente Kennedy: “não sei qual é o segredo do sucesso, mas o do fracasso é tentar ajudar todo mundo”. Blairo Maggi sabe que não pode “passar cola” e no vestibular das eleições municipais ficou patente que não há transferência de votos. O cursinho realizado nas eleições municipais deu mais uma visão e formação da universidade política que freqüenta há pouco tempo. Existe nela muita diversidade de ideias, nos programas e projetos pessoais da classe política e do eleitor.

Como coordenador político de Dilma Rousseff, é possível que esteja se livrando de um problema, o do cartório, e apostando em fazer parte do governo dela, caso vitorioso, lógico. Mas a presença do vírus político continua forte e robusto, como diria Mantega. Esta postura de não abandonar o barco do governo federal, pode trazer grandes mudanças no projeto de governo de candidaturas já postas. Reais possibilidades do “galinho” ficar sozinho em um pequeno cercado. Todos os demais se agrupam ao projeto do DEM, leia-se senador Jaime Campos, Pacto por Mato Grosso.

Este agrupamento poderá sofrer sérios desdobramentos até 2010. O governador, e mesmo o presidente, não poderão desconsiderá-lo. É a reunião das maiores lideranças com o mesmo objetivo e com muita força eleitoral. Ou vai aderir ou não há outro caminho que não o de usar de todas as forças para trazê-lo ao seu arco. Seja lá qual for, fica ao senador Jaime Campos a única “tranqüilidade” política para 2010. Tanto lá como acolá, terá forte apoio de Dilma ou Serra em seu objetivo, o governo do estado. Repito o que já escrevi há algum tempo: esta eleição de 2010 está a cara de 1990, guardadas as devidas proporções. Alguém vai atravessar a ponte.

Ao Senador Jaime Campos a trilha tem muitos espinhos, mas não serão necessárias botinas para seu caminhar. A sua força eleitoral no estado é consistente. O maior espinho é quebrar o tabu de que Senador no gozo do mandato não se elege governador. O mesmo acontece com o governador que deixa o governo e busca por uma senatória. Acho que o governador Blairo Maggi andou fazendo essa consulta.

(*) Jornalista, advogado pela PUC-RJ e pós-graduado pela Cândido Mendes-RJ