Internacional
Entrevista
A derrota do discurso do ódio
9 de maio de 2009
O intelectual Elie Wiesel, de 80 anos, sobreviveu à prisão em dois campos de concentração nazistas. Perdeu a mãe e a irmã em Auschwitz. Viu o pai morrer em Buchenwald. Decidiu que sua missão seria não deixar morrer a verdade sobre o holocausto dos judeus. Em entrevista a VEJA, ele diz que está feliz com o cancelamento da visita do presidente do Irã ao Brasil, mas acrescenta que o mundo não pode esquecer as lições deixadas pela tragédia do povo judeu.
O cancelamento da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é um bom sinal?
Sem dúvida. Seja qual for o motivo real do cancelamento da visita, é uma vitória da democracia e dos direitos humanos sobre o discurso do ódio. Ahmadinejad não merece visitar nenhuma sociedade civilizada, democrática. Como gesto político, o convite que o governo brasileiro lhe fez pode ter suas razões, mas é um grande erro do ponto de vista moral. Convidar alguém para ir a sua casa equivale a prestar-lhe uma homenagem, e Ahmadinejad simplesmente não merece ser homenageado.
Por que negar o holocausto tem de ser um crime e não um direito garantido pela liberdade de expressão?
Porque dói. Dói nos sobreviventes, nos seus filhos e nos filhos de seus filhos. Quem nega o holocausto, por causa da dor que inflige aos sobreviventes e aos seus descendentes, comete mais do que apenas um pecado. É uma crueldade, uma felonia. Mesmo assim, nem todos os países punem a negação do holocausto. Na França e na Alemanha isso é crime. Nos Estados Unidos, não. Há um entendimento de que negar o holocausto é um direito garantido pela Primeira Emenda da Constituição americana, a que garante a liberdade de expressão.
Está errado?
Sou um grande admirador da Primeira Emenda, mas acho que ela deveria comportar uma exceção em relação ao holocausto. Não seria mais novidade, pois há exceções.
Entrevista completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).