"Antes, cada um servia à cidade, um por vez e durante aquele tempo, alguém vigiava pelos seus interesses, como ele também, enquanto o outro exercia suas funções, vigiava pelos interesses deste último. Mas hoje, por causa das vantagens que decorrem dos dinheiros públicos, e das funções oficiais, os homens querem conservar sua função por toda a vida. Imaginemos que os dirigentes, tendo adoecido, só teriam boa saúde enquanto mantivessem seus cargos; neste caso, podemos estar seguros que eles brigariam físicamente pelos mesmos cargos. A conclusão é evidente: os governos que se preocupam com o bem comum são constituídos de acordo com os princípios estritos da justiça, e são portanto formas verdadeiras de governo; mas os que servem apenas os interesses dos governantes, são todos formas defeituosas, e pervertidas de governo, pois são despóticos, enquanto um Estado é uma comunhão de homens livres". (Aristóteles, Política, Livro III).
E mais: segundo o filósofo, existem duas formas de governo bom: uma, quando os cidadãos obedecem as leis, outra quando as leis que eles obedecem são boas. Mas eles podem, adianta Aristóteles, tanto obedecer as leis boas, quanto as péssimas ... (Política, livro IV).