Futuro político de Palocci divide opiniões
Publicada em 29/08/2009 às 00h03m
Adauri Antunes Barbosa e Ricardo GalhardoSÃO PAULO - O professor de filosofia e ética da Universidade de Campinas (Unicamp) Roberto Romano disse que a decisão do STF de livrar o ex-ministro Antonio Palocci do processo pela quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa deixou frustração.
- Infelizmente, a decisão é mais uma expectativa negativa da cidadania em relação ao Estado. A impressão é que a decisão é sempre em prol do poderoso e passa ao largo de alguém que não tem força, poder - disse Romano.
" A impressão é que a decisão é sempre em prol do poderoso e passa ao largo de alguém que não tem força, poder "
Para o filósofo, caso a decisão do STF tivesse sido tomada em fevereiro ou março, possivelmente Palocci ainda teria condições políticas para se candidatar a um cargo majoritário nas eleições de 2010, já que se livrou da acusação. Mas, como o tempo já passou, o espaço político mais provável para Palocci ocupar, na opinião de Romano, seria o Ministério da Fazenda, substituindo Guido Mantega, que o sucedeu:
- Como é muito difícil ele substituir a ministra Dilma (como candidata do governo à sucessão presidencial), a melhor opção seria ele voltar ao Ministério da Fazenda. Assim, substituiria o ministro Mantega, que tem provocado desastres para o governo, como esse último episódio da Receita Federal . Palocci, então, é um forte candidato a ministro.
Caminho aberto para a candidatura em São Paulo
" Uma grande dificuldade, como candidato a governador, seria enfrentar o nome da aliança do DEM com os tucanos "
Para o cientista político Rui Tavares Maluf, ao passar ileso pelo STF, Palocci está com o caminho aberto para ser candidato ao governo de São Paulo. Mas, observou, ele terá muitas dificuldades, como as dúvidas que restam sobre o episódio do caseiro, os problemas internos do PT e, principalmente, os adversários que terá que enfrentar em São Paulo:
- Uma grande dificuldade, como candidato a governador, seria enfrentar o nome da aliança do DEM com os tucanos, que tem, como uma possibilidade muito forte, o próprio Serra como candidato à reeleição ou o ex-governador Geraldo Alckmin - analisou.
No PT de São Paulo, tem-se como certo que Palocci só não será candidato se não quiser. O comportamento partidário do ex-ministro deve ser o de ficar em silêncio até o fim do ano, só entrando no jogo político, se for o caso, na hora da definição de candidaturas.
- Enquanto isso, deixa o PT se engalfinhar - analisou uma fonte petista.
Para o presidente do PT estadual, Edinho Silva, Palocci agora está restabelecido como liderança política de São Paulo.
- Agora ele tem condições de decidir o que quer. Está reinserido no cenário político. Não dava para conduzir um processo aqui em São Paulo ignorando Palocci. Nosso papel, daqui para a frente, é procurá-lo para sabermos qual é a expectativa dele para 2010. Vai depender de ele querer - analisou Edinho.
Uma das conclusões, para Edinho, é o fortalecimento de uma candidatura própria do PT, o que reduz as possibilidades de o partido aceitar uma composição com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).
Com a liberação de Palocci, todas as possíveis candidaturas do PT estão postas: ele próprio, o prefeito Emídio de Souza, de Osasco; o deputado Arlindo Chinaglia; o ministro da Educação, Fernando Haddad; a ex-prefeita Marta Suplicy. O senador Aloizio Mercadante é considerado fora da lista por petistas.
Segundo o presidente do PT paulista, semana que vem começa o processo de consulta aos pré-candidatos. O calendário será decidido neste sábado em reunião do diretório estadual. Edinho espera que dentro de três ou quatro meses haja uma definição. Já o prefeito Emídio de Souza acha que o ex-ministro deve seguir a orientação do presidente Lula:
- Palocci vai fazer o que Lula mandar. Neste momento, o que Lula está mandando é que Ciro seja candidato em São Paulo.
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