25/08/2009 - 19h51
Suplicy dá cartão vermelho a Sarney
Fábio Góis
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) subiu há pouco à tribuna do plenário para “expulsar” o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O petista voltou a pedir o afastamento de Sarney do comando da Casa, e, em discurso para poucos senadores, levantou um cartão vermelho contra o peemedebista.
“O melhor passo para a saúde do Senado e do próprio Sarney é simbolizado neste cartão vermelho. Que ele deixe a presidência do Senado, permitindo que o Senado volte aos seus trabalhos normais”, disse Suplicy, criticando a postura do Conselho de Ética – que, na semana passada, manteve o arquivamento de todas os pedidos de investigação contra Sarney.
“O melhor para o Senado é que ele agora renuncie”, disse Suplicy, com o cartão em punho, tendo iniciado o discurso elogiando a vitória do piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello, no último domingo.
Mas a tropa de choque de Sarney estava presente. Diante das críticas, o senador Almeida Lima (PMDB-PA), pediu a palavra e chamou quem ataca Sarney de “hipócrita”. “Eu exijo respeito, e falo aqui com a dignidade moral que tenho, de membro do Conselho de Ética. Os senhores estão enxovalhando o Senado. O presidente Sarney foi julgado, e o julgamento foi pelo não acatamento das acusações.”
Diante do, o senador Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a Mesa, prorrogou a sessão. Mas a decisão provocou mais um bate-boca no plenário. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu a palavra para apoiar Suplicy, dizendo que “não acabou a crise no Senado”. “O senhor conseguiu, com um símbolo, expressar o sentimento da população brasileiro. Imagino amanhã, as pessoas no Brasil inteiro com cartões contra o presidente Sarney. Com um simples gesto,mais importante do que a fala, vossa excelência conseguiu.”
Integrante da Mesa, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), saiu em defesa de Sarney e dos supostos esforços administrativos que a Casa estaria colocando em prática.“O seu discurso peca pelo aspecto: ele não é sincero”, disse Heráclito. Suplicy reagiu aos gritos. “Vossa excelência não está falando a verdade, para começar.” Heráclito voltou à carga. “Por que vossa excelência não assinou o requerimento?”, disse Heráclito, referindo-se ao recurso que o líder do Psol, José Nery (SP), formalizou com um grupo suprapartidário de senadores contestando a postura do Conselho de Ética.