terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ministério da Fazenda se contradiz sobre questionamento a Lina


Folha de S.Paulo
, em Brasília

A assessoria do Ministério da Fazenda entrou em contradição ao tentar explicar uma conversa do ministro Guido Mantega com Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, sobre a fiscalização do órgão nas empresas da família do senador José Sarney (PMDB-AP).

Conforme a revista "Veja", o assessor de imprensa Ricardo Morais disse, ao justificar o encontro, que "o ministro quis saber a razão pela qual detalhes da investigação da Receita sobre o filho de Sarney estavam saindo nos jornais".

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A confirmação de que Mantega tratou do assunto com Lina reforça, segundo aliados da ex-secretária, sua versão sobre suposto encontro que afirma ter tido com Dilma Rousseff (Casa Civil) no final de 2008.

Em entrevista à Folha, Lina disse que a ministra lhe pediu para "agilizar" a investigação sobre empresas da família Sarney, o que entendeu como recado para encerrar a fiscalização. Dilma nega o encontro.

Procurado ontem pela Folha, Morais confirmou, num primeiro momento, suas declarações na revista. Acrescentou que a conversa entre Mantega e Lina ocorreu no ano passado, "quando começaram a vazar" informações da ação do fisco.



A primeira reportagem com detalhes da fiscalização sobre as empresas comandadas por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, foi publicada no dia 25 de julho deste ano pela Folha. Fazia duas semanas que Lina fora demitida.

Ou seja: não fazia sentido o ministro pedir satisfação a uma servidora afastada. Ao ser confrontado com essa informação, Morais mudou sua versão.

Negou, então, que havia confirmado à "Veja" uma conversa entre Mantega e Lina, mas só um pedido corriqueiro de informações do ministro a um servidor, que podia não ser a ex-secretária, mas um assessor.

Depois disse que podia não ser em 2008, mas sim já neste ano, numa conversa do ministro com o substituto de Lina, Otacílio Cartaxo. A reportagem insistiu em saber a quais reportagens com "vazamento" de dados fiscais da família Sarney Mantega se baseou para pedir explicações a um fiscal.

Ricardo não soube dizer. Até o fechamento desta edição não telefonou de volta.

A Folha fez uma busca em seus arquivos e só encontrou referências à ação da Receita nas empresas da família Sarney em textos publicados entre janeiro e fevereiro de 2008, que só informavam que o fisco havia quebrado o sigilo fiscal das empresas do clã Sarney, sem revelar nenhum dado do trabalho dos auditores.

E Lina Vieira só assumiu o comando da Receita no dia 31 de julho de 2008.