segunda-feira, 11 de maio de 2009

No Congresso em Foco.

Comentário de Roberto Romano: Como se prova, pelos xingatórios da ex senadora, ninguém que estava no PT, ou que nele ficou, escapa. Todos desprezam o bolso e a inteligência do cidadão expoliado. A lingua torta da ex senadora é mais do que eleoquente. Ela também se lixa para a opinião pública.


11/05/2009 - 06h22

Heloísa Helena critica cobertura da imprensa

A presidente nacional do Psol, ex-senadora Heloísa Helena (AL), atualmente vereadora em Maceió, enviou nota a este site em que critica a inclusão de seu nome na relação dos 11 ex-parlamentares que usaram a cota de passagens aéreas do Senado após o mandato.

Sua assessoria nos encaminhou ainda um texto, assinado pela Fundação Lauro Campos (ligada ao seu partido) e pelo Psol. Apesar de citar e atacar este site, o texto se concentra na crítica não à reportagem acima citada, que publicamos na sexta-feira, mas à sua repercussão nas edições de sábado dos principais jornais brasileiros.

Como procura agir em relação a qualquer pessoa cuja imagem possa ser atingida por suas reportagens, o Congresso em Foco deu à ex-senadora a oportunidade de se expressar sobre o assunto antes de publicar a matéria, que foi ao ar junto com suas explicações. No entanto, para que sua visão sobre o assunto seja melhor compreendida, aí vão as íntegras dos dois documentos, que levamos ao ar sem nenhuma edição ou revisão, reproduzindo-os exatamente como nos chegaram.

Leia, abaixo dos dois textos, nossa resposta.

"Declaração de Heloísa Helena (10maio)

A presidente nacional do PSOL, Heloísa Helena, declara que notícia distribuída pelo site “congresso em foco” a seu respeito, em “farra das passagens aéreas”, onde coloca todos na vala comum em desrespeito ao dinheiro público. No afã de obter sucesso, joga lama em todos. Para ser honesto e fazer o bom jornalismo, como quer se mostrar, o site deveria divulgar a sua fonte e para quem o serve, quando veicula este tipo de “fato” onde predomina o modismo, criar factóides para circular em desacreditados jornais de circulação nacional.

"Não faço parte de nenhum dos bandos políticos de Alagoas e Brasília que fazem orgias, políticas e sexuais, com dinheiro público roubado."

Declaração.

“Tenho a minha CONSCIÊNCIA ABSOLUTAMENTE TRANQUILA, pois TUDO que foi feito durante o meu HONRADO Mandato de Senadora está TOTALMENTE de acordo com a Legalidade Institucional vigente. NUNCA fiz nenhuma Ilegalidade ou Imoralidade na minha vida Pública ou Privada. Repito NUNCA! NÃO faço parte de nenhum dos Bandos Políticos de Alagoas e Brasília que fazem orgias, políticas e sexuais, com dinheiro público roubado. NUNCA patrocinei passagens aéreas para Marginais que viajam para articular o Propinódromo da Roubalheira do Eixo Alagoas/Brasília.

USEI as passagens TOTALMENTE de acordo com o que estabelecia a Legislação Vigente. Repito TOTALMENTE de acordo com a Legislação vigente! SE eu gostasse de safadeza política eu teria uma Aposentadoria Parlamentar de R$ 8 mil reais, e abri mão sem pestanejar por não reconhecer legalidade no fato. NUNCA usei o Plano de Saúde de Ex-Senadora como tenho direito exatamente por não reconhecer legalidade no fato. “E para encerrar, Desafio o Jornal que deu manchete com o meu nome a publicar como foram utilizadas TODAS as passagens de TODOS os Deputados Federais e SENADORES de Alagoas.”

Heloísa Helena

Presidente Nacional do PSOL

Cretinice ou bandidagem? (10maio)

É difícil encontrar um qualificativo quando se trata de definir ações premeditadas dos jornais O Globo, Folha de S. Paulo, Zero Hora e nem tão pouco do “site Congresso em Foco” e de boa parte de seus quadros de dirigentes de redações, no sentido de distorcer os fatos da vida real. Sempre, é claro, protegendo seus cúmplices nas altas esferas do grande capital, e procurando difamar os que, na vida pública, se alinham com os interesses dos que vivem do trabalho e do salário.

Não. Não estamos retomando a vergonhosa e parcial cobertura dos episódios relativos a Gilmar Mendes, e o inexplicável habeas corpus a Daniel Dantas, versus a corajosa intervenção do ministro Joaquim Barbosa; ou a operação Satiagraha, conduzida pelo delegado Protógenes. Nesses episódios já ficou bastante claro de que lado se colocou os jornalões. E ficaram claros, também, seus fracassos nas tentativas de manipulação da opinião pública.

Estamos nos referindo à desonestidade do destaques dados nas edições de sábado, 9 de maio, a noticia sobre a utilização de passagens aéreas por parte da Senadora Heloisa Helena.

Estes jornalões sem vergonhas, com histórias marcadas pelas cumplicidades com o que houve de mais grave em ataques à democracia em nosso país, resolveram fazer manchete de páginas com a informação de Heloisa ter utilizado sua cota de bilhetes para deslocamento, entre Maceió e Brasília, de seu filho Ian.

Reparem bem o roteiro de viagem. Não se trata de Paris, nem Havaí.
Trata-se de deslocamentos entre Maceió e a capital federal, a base de trabalho da Senadora, como presidente do PSOL.

Mas os jornalões não operam pela lógica do s fatos objetivos ou da isenção em relação aos fatos. O que não é de surpreender, tendo em vista o descaramento com que atacaram entidades simbólicas - OAB e ABI - na luta contra a ditadura que apoiaram durante todo o tempo, marcando o Jornal Nacional, da Rede globo, como porta-voz do regime autoritário. O que não é de surpreender, tendo em vista o descaramento na omissão de qualquer notícia positiva sobre a senadora e o PSOL.

Os jornalões não citam em destaque, nem estampa fotos, quando as pesquisas mantêm a senadora em excelente posição nas pesquisas presidenciais, sempre à frente de Aécio Neves ou Dilma Roussef. Pelo contrário, citam e publicam as fotos dos que vêm depois dela.

Alguns leitores de jornalões tomaram conhecimento dos atos e mobilizações promovido pelo partido da Senadora, o PSOL, como o ato contra o ministro Gilmar Mendes, em frente ao STF, com mais de 500mpresentes? Não. Mas receberam as respostas, como sempre agressiva e oligárquica, que o ministro deu no dia seguinte, quando afirmou que juiz não deve ouvir o "qualquer um da esquina".

Os leitores dos jornalões não souberam também que, na cidade onde o jornal O globo é editado, um comício na Cinelândia com mais de 1500 participantes se realizou, por iniciativa do PSOL e da Fundação Lauro Campos, em protesto contra as manobras do capital, com apoio do governo Lula, para transferir aos trabalhadores o ônus da crise. Um comício onde se prestou solidariedade ao delegado Protógenes pelo combate a que se entregou contra o verdadeiro crime organizado em nosso País. Mais importante para os jornalões eram, naquele mesmo dia, noticiar que o senador Dornelles havia sido reeleito para a presidência de seu inexpressivo partido.

Lamentavelmente, na mesma noite, o noticiário televisivo da Rede Bandeirante mostrava sua submissão aos concorrentes, operando a notícia com a mesma desonestidade que os jornais o fizeram na manhã.

Enquanto o próprio Jornal Nacional se omitia sobre o fato, o jornal da Band dava destaque somente a Heloisa Helena no novo “furo de reportagem.” E mentindo, quando informou ter ela se recusado a dar entrevista. A senadora não havia sido contatada.

A Fundação Lauro Campos e o PSOL não reconhecem às organizações Globo, Bandeirantes nem outra empresa de comunicação nenhum papel de fiscal da moralidade pública. Pelo contrário. Lamentam que o poder adquirido por essas entidades empresariais, forjadas nos piores momentos do regime autoritário, que lhe deram cobertura no escandaloso acordo com a Time Life norte-americana, lhe permita o monopólio privado da formação de opinião. E por isso se empenham na luta constante pela transformação qualitativa de nossa sociedade, na qual o conceito de democracia se afirme não pela cretinice da "liberdade de opinião" dos donos de empresas de comunicação, mas, sim, da liberdade de opinião da cidadania como um todo, contra os poderes manipuladores desses proprietários de meios de comunicação.

FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS
PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL"

RESPOSTA DA REDAÇÃO

Não nos cabe avaliar o comportamento dos colegas em atividade nos grandes jornais brasileiros, aos quais nos limitaremos a agradecer por demonstrarem mais uma vez que dão crédito às nossas informações. A ex-senadora tem todo o direito de ter, e aqui expressar, suas opiniões sobre o
Congresso em Foco. Lamentamos que o faça sem a elegância com a qual sempre nos honrou, e que, apesar disso, permanecemos interessados em manter, posto que a vemos como pré-condição para estabelecer qualquer debate público em termos democráticos e respeitosos.

Quem vive de “jogar lama” não cometeria a ousadia de criar um prêmio para parlamentares, com o qual aliás a ex-senadora já foi agraciada, por escolha soberana – em duas fases de votação – dos jornalistas políticos de Brasília e dos internautas. Nem externaria as
preocupações editoriais que já expressamos. Que os leitores tirem suas conclusões sobre os demais conceitos emitidos pela ex-senadora em relação ao Congresso em Foco.

Conforme já indicamos, temos interesse em mostrar as diferenças de comportamento dos políticos que usaram as cotas de passagem da Câmara e do Senado. Para isso, no entanto, é preciso que nossos interlocutores – a começar pelos políticos – façam como fazemos, lidem com fatos. É simples. Para que não os publiquemos, basta que os fatos não existam. Se cometemos algum erro, ou mesmo se falhamos quanto aos critérios editoriais adotados, faremos a retificação cabível, com destaque proporcional ao eventual dano causado. A ex-senadora não nos enviou, porém, nenhum elemento capaz de demonstrar que tenhamos incorrido em equívocos, de informação ou de edição.


Por fim, ressaltamos que seria descabido iniciar agora uma caça às fontes, expediente incompatível com o Estado democrático do direito. O Congresso em Foco, em qualquer de suas coberturas ou – mais ainda – na questão da farra das passagens, não possui apenas uma fonte. Mas várias. Quando não as identifica, e isso às vezes é necessário até para proteger a integridade física e profissional de pessoas, é por dever de lealdade protegido pela Constituição Federal e pelas leis. Vamos tomar como uma manifestação irrefletida da ex-senadora a solicitação de botar na fogueira as fontes que nos passam informações em off. Admitir isso seria agredir a liberdade de informação e eliminar uma salvaguarda essencial à existência do jornalismo independente.

O fundamental é que qualquer um pode ser fonte de informação do
Congresso em Foco. Claro que a gentileza torna o entendimento mais fácil.