Questionado se não estava preocupado com a má repercussão de uma possível absolvição do investigado, Moraes respondeu: "Estou me lixando para a opinião pública".
São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Para relator, não há motivo para cassar dono de castelo Sérgio Moraes, do Conselho de Ética, diz que Edmar Moreira é usado como "boi de piranha"
MARIA CLARA CABRAL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), relator do caso contra Edmar Moreira (sem partido-MG) no Conselho de Ética, deixou claro ontem que não vê motivo para pedir a cassação do colega. Para Moraes -que disse estar se "lixando para a opinião pública"-, Moreira está sendo usado como "boi de piranha". Conhecido por ser dono de um castelo avaliado em cerca de R$ 25 milhões, Edmar Moreira é suspeito de utilizar irregularmente a verba indenizatória de R$ 15 mil a que os congressistas têm direito mensalmente. Ele usou notas de suas próprias empresas de segurança para justificar os gastos. A suspeita é que os serviços não tenham sido prestados. Na opinião do relator, prevalece o entendimento do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), no caso da farra das passagens: todos os abusos cometidos até agora serão anistiados. O argumento também foi utilizado por Moreira em sua defesa entregue ao conselho na semana passada. "O grande pecado foi a história das passagens. Usaram porque não tinha normas e todo mundo foi absolvido", disse, referindo-se ao fato de grande parte dos deputados ter admitido que cedeu bilhetes da cota aérea a parentes, inclusive para viagens ao exterior. Moraes também deu sinais ontem de que não pretende levar adiante as investigações contra Moreira, já que, segundo ele, não tem como provar que os serviços de segurança não foram prestados. "Como é que eu vou provar? Teria de ir para Minas Gerais e sair perguntando para todo mundo. E é lógico que ele [Moreira] vai trazer aqui pessoas que confirmem a sua versão. Tem tanta gente que abastece nos seus próprios postos, eu acho isso moral. Se não tinha norma, ele não cometeu irregularidade alguma", afirmou. Questionado se não estava preocupado com a má repercussão de uma possível absolvição do investigado, Moraes respondeu: "Estou me lixando para a opinião pública". Moraes foi escolhido relator dentre uma comissão formada por outros dois deputados que também investigarão o caso, Hugo Leal (PSC-RJ) e Ruy Pauletti (PSDB-RS). Leal mostrou-se insatisfeito com a manifestação de Moraes e disse que todas as acusações que vão para o conselho têm de ser apuradas. Ele lembrou que o trabalho no colegiado contra Edmar Moreira tem de se basear no relatório feito pela comissão de sindicância da corregedoria da Casa -que encontrou indícios de que os serviços de segurança não foram prestados- e não no pedido de abertura do processo do PSOL -que apenas questionou o uso da verba com as próprias empresas. Leal pode apresentar relatório paralelo. Moraes já presidiu o conselho e chegou a sugerir o fim do colegiado, pois, segundo ele, há um "desconforto" em julgar colegas. Ontem, os integrantes do órgão aprovaram um cronograma de trabalho sobre o caso. Eles querem ouvir Moreira no dia 13 ou no dia 20 deste mês. |