domingo, 9 de agosto de 2009

Blog Mitos e Realidades do Brasil, uma triste realidade...

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07/08/2009

Linguajar presidencial

José Celso de Macedo Soares

Dos grandes testes do chefe de qualquer organização, sejam elas públicas ou privadas, a correta comunicação com os que nela trabalham é essencial. Na governança de um país isto é vital. O cidadão tem direito de conhecer com clareza as opiniões dos que ali estão, eleitos por ele. Não só com clareza, mas também em linguagem respeitosa. Nunca é demais lembrar que estes senhores nada mais são que funcionários públicos. Exercem suas funções porque o povo os elegeu. Qualquer que seja a posição do funcionário público, seu patrão, em ultima instância, é o contribuinte quem lhes paga seu salário. Isto se aplica também ao Presidente da República, que nada mais é que um funcionário público.

Vou me ater a algumas das absurdas declarações do Senhor Lula da Silva. “O Senador Sarney não é uma pessoa comum”. Novamente o pensamento da cultura do privilégio, do “sabe com quem está falando?”. Não somos todos iguais perante a lei? No caso do “mensalão”, disse que a irregularidade cometida por seu partido, o PT, não era nada de mais porque era feito por todos os partidos. Incrível. Abonando uma roubalheira. Teria que encher páginas para repetir as bobagens e diatribes ditas pelo Senhor Lula da Silva, quase que diariamente nos comícios que faz pelo país afora. Mas, vou focalizar sua última ofensa aos cidadãos que dele discordam. Referindo-se ao programa assistencialista Bolsa Família, chamou os críticos deste programa de ignorantes e imbecis. A ofensa baixa às raias do baixo calão. Quer dizer que um cidadão brasileiro, no pleno uso de sua cidadania, não pode expressar sua opinião de como o dinheiro do imposto que paga está sendo gasto? Ou por acaso o dinheiro gasto com o Bolsa Família sai dos bolsos do Senhor Lula? Mas vamos analisar os adjetivos. O que é ser ignorante? Segundo os dicionários: “Pessoa que não tem instrução, que não sabe nada” (Aurélio). Como o Senhor Lula da Silva, notoriamente sem instrução, pode adjetivar qualquer cidadão com este epíteto? Deixo a resposta aos leitores.

Vamos ao outro adjetivo: “imbecil”. Significa: Estúpido, idiota (Aurélio). Ai, a ofensa chega a ser insuportável. Quem deu ao Senhor Lula da Silva o direito de ofender sociólogos e cientistas políticos que têm analisado os prós e contras do programa? A Presidência da República não lhe dá este direito.

Não é minha intenção discutir os benefícios e mazelas do Bolsa Família. Apenas digo que, em alguns casos, ele é benéfico. Em outros, estimula a malandragem. O grande defeito é que não mostra aos beneficiários uma porta de saída para o estado de pobreza em que se encontram. Meu objetivo com estas linhas é protestar veementemente contra o linguajar do Senhor Lula da Silva neste e em vários outros casos. Como cidadão pagante de impostos acho-me profundamente desrespeitado por este linguajar. Presidente de nenhuma nação democrática pode usar seu cargo para, em linguagem ofensiva, referir-se deste modo a qualquer cidadão, ou grupo de cidadãos que dele discordam.

Presidentes cometem deslizes. Mas, quando são estadistas e reconhecem o erro, vêm à público desculpar-se. Foi o que aconteceu, recentemente, com o Presidente Obama, dos Estados Unidos. Tendo se referido desrespeitosamente a um policial, em acidente com professor, reconheceu o erro e desculpou-se publicamente. E ainda os convidou para tomar uma cerveja na Casa Branca.

Para encerrar, mais uma vez, recorro ao grande Goethe: “O mais razoável é sempre cada um trabalhar no ofício para o qual nasceu e que aprendeu, e não proibir que os outros façam o que lhes compete. O sapateiro confine-se às suas formas, o camponês ao arado e o príncipe saiba governar. Governar é também um ofício que se deve aprender e que ninguém, que não o compreenda, deva exercer.” Com vistas ao Senhor Lula da Silva e suas injúrias. E, também, a seus eleitores.
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