segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma feia incagade, no plenário do Senado. O local é adequado, pois é uma sentina. Nosso ouvido não merece.

O presidente cassado e hoje senador, gosta de usar termos chulos vestidos de formas aparentemente finas. Com o jeito de homem "culto", com tais sestros, mostra sua pretensa superioridade : toma champanhe com linguiça. Nada mais. Diz ele que "obra" na cabeça de um jornalista que o acusa de mentira. As bravatas do sujeito que se esconde sob a imunidade parlamentar, e que também usa tal prerrogativa para atacar seus inimigos na sociedade civil, faz recordar um termo chulo da lingua francesa, termo que tem bastante proximidade ao nosso, com uma semântica levemente diversa.

O que são as bravatas do presidente impedido? Meras "incagades". Para os ouvidos pios, dou a significação do termo na lingua de Montaigne e de Rabelais: "incagade, substantivo feminino de estilo familiar, bravata, ato de desafiar alguém". E "incaguer" é verbo ativo da primeira conjugação, o qual se conjuga como cantar. Provocare, em latim. Termo de estilo familiar. Desafiar alguém, afirmando não o temer. Diz-se em estilo comico: incaguer le destin (encagar o destino), incaguer la fortune (encagar a sorte). cf. Le Grand Vocabulaire François, 1770).

Agora, digam os leitores, o que tem sido a atuação senatorial do presidente cassado, com seu líder, senão imensa encagada?

O Renascimento usava as palavras "sem mascar", ele não conhecia o eufemismo ou os termos sujos, cobertos de roupas decentes. Rabelais e Montaigne diziam a coisa como ela é. Assim, perdemos muito com a lingua clássica, própria de pedantes que se imaginam finos. E que tomam champanhe com linguiça. Da pior fábrica. Aquela cujos produtos, engolidos e digeridos, resultam apenas em...incagades!

PS: o mesmo vale para os que debocham de nós, cantando no plenário. Eles fazem uma incagade, sem mais.

RR