Uso indiscriminado de plantas medicinais pode causar problemas de saúde
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Antonio ScarpinettiEdição das imagens:
Everaldo Silva[23/10/2009] Se os chazinhos que nossas avós nos receitavam para tratar de insônia a dor de cabeça não fizerem bem à saúde, mal também não farão, certo? Nem sempre. Quem alerta é o coordenador da Divisão de Farmacologia e Toxicologia do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp, João Ernesto de Carvalho. Segundo ele, o uso indiscriminado de determinadas plantas medicinais pode, sim, trazer efeitos nocivos ao organismo humano. “Substâncias presentes em algumas espécies podem, por exemplo, interagir negativamente com certos medicamentos empregados no tratamento de doenças crônico-degenerativas, prejudicando dessa forma o processo terapêutico”, adverte.
O uso de plantas medicinais sem a devida orientação, conforme Carvalho, vem de longa data. Até a Segunda Guerra Mundial, lembra ele, boa parte dos métodos terapêuticos utilizados pela medicina estava baseada no aproveitamento de ervas, folhas e raízes. Especialmente no Brasil, convencionou-se associar essas matérias-primas a algo essencialmente positivo ou, no máximo, inócuo. Tanto é assim que até hoje muita gente repete a frase segundo a qual se um determinado produto é de origem natural, certamente ele não poderá fazer mal à saúde. “É um erro pensar assim. Alguns do piores venenos que conhecemos podem ser extraídos de plantas. Se ingeridos, alguns tipos de cogumelos podem matar uma pessoa por intoxicação”, assinala o pesquisador.
Como se isso não bastasse, continua o especialista, substâncias presentes em certas plantas medicinais podem interagir negativamente com medicamentos usados no tratamento de enfermidades crônico-degenerativas, como diabetes, hipertensão etc. Há casos, explica o pesquisador, em que esses elementos alteram o metabolismo do medicamento, fazendo com que ele perca a eficácia ou mesmo se acumule no organismo do paciente. “Alguns chás podem causar hipoglicemia no diabético, o que induz o médico a acreditar que talvez seja necessário reduzir a dose da medicação. Se isso for feito, há o risco de, num período imediatamente posterior, quando o consumo dos chás for suspenso, de o mesmo paciente apresentar hiperglicemia. Essa oscilação pode trazer sérios danos ao tratamento e à saúde do assistido”, afirma.
Pesquisas recentes citadas por Carvalho constataram que o consumo do suco da toronja, fruta conhecida como grapefruit, contém uma substância que interfere no metabolismo de uma série de drogas, entre elas anti-hipertensivos e antimicrobianos. “Por conta dessa interação negativa, há uma tendência de que o fármaco se acumule no organismo do paciente, o que pode gerar um quadro de intoxicação menos ou mais sério”, diz. Usado como medicamento, o alho, muito consumido na forma de óleo em cápsulas, também pode interagir de modo adverso com antivirais, o que é especialmente perigoso para os portadores de Aids, de acordo com o especialista do CBQPA.
Para agravar esse quadro, assinala o pesquisador, a imensa maioria dos médicos não tem conhecimento desse tipo de problema. “Isso se deve especialmente ao fato de os cursos de Medicina não oferecerem uma disciplina que trate em profundidade a questão do uso de fitoterápicos e plantas medicinais. Isso faz com que esses profissionais dificilmente associem uma mudança no quadro geral do paciente ao possível consumo de um chá. Ademais, os pacientes também não costumam contar a seus médicos que lançam mão do uso de plantas medicinais durante seus tratamentos, seja por não confiarem nos profissionais, seja por desconhecerem que esse tipo de associação possa trazer efeitos deletérios”.
Preocupado com o desconhecimento geral sobre as consequências que as plantas medicinais podem causar à saúde, Carvalho destaca que a situação pode ser agravada com a divulgação nos próximos meses, por parte do governo federal, de uma lista de espécies formulada pelo Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde. A ideia é incluir essas plantas e fármacos produzidos a partir delas na relação de medicamentos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Se a população e os médicos não forem muito bem orientados sobre o uso desses recursos naturais, é possível que parte da população venha a enfrentar problemas”, teme o pesquisador.
Ele insiste que a melhor maneira de evitar possíveis adversidades geradas pelo uso indiscriminado ou sem orientação de plantas medicinais ou fitoterápicos é informar adequadamente a população e os profissionais de saúde sobre os riscos que o hábito oferece. “Com isso, o paciente saberá que deve comentar com seu médico que está ingerindo determinado tipo de chá, enquanto este último também passará a perguntar se o primeiro ingere habitual ou esporadicamente alguma infusão ou coisa do gênero”, defende o pesquisador do CPQBA.
O uso de plantas medicinais sem a devida orientação, conforme Carvalho, vem de longa data. Até a Segunda Guerra Mundial, lembra ele, boa parte dos métodos terapêuticos utilizados pela medicina estava baseada no aproveitamento de ervas, folhas e raízes. Especialmente no Brasil, convencionou-se associar essas matérias-primas a algo essencialmente positivo ou, no máximo, inócuo. Tanto é assim que até hoje muita gente repete a frase segundo a qual se um determinado produto é de origem natural, certamente ele não poderá fazer mal à saúde. “É um erro pensar assim. Alguns do piores venenos que conhecemos podem ser extraídos de plantas. Se ingeridos, alguns tipos de cogumelos podem matar uma pessoa por intoxicação”, assinala o pesquisador.
Como se isso não bastasse, continua o especialista, substâncias presentes em certas plantas medicinais podem interagir negativamente com medicamentos usados no tratamento de enfermidades crônico-degenerativas, como diabetes, hipertensão etc. Há casos, explica o pesquisador, em que esses elementos alteram o metabolismo do medicamento, fazendo com que ele perca a eficácia ou mesmo se acumule no organismo do paciente. “Alguns chás podem causar hipoglicemia no diabético, o que induz o médico a acreditar que talvez seja necessário reduzir a dose da medicação. Se isso for feito, há o risco de, num período imediatamente posterior, quando o consumo dos chás for suspenso, de o mesmo paciente apresentar hiperglicemia. Essa oscilação pode trazer sérios danos ao tratamento e à saúde do assistido”, afirma.
Pesquisas recentes citadas por Carvalho constataram que o consumo do suco da toronja, fruta conhecida como grapefruit, contém uma substância que interfere no metabolismo de uma série de drogas, entre elas anti-hipertensivos e antimicrobianos. “Por conta dessa interação negativa, há uma tendência de que o fármaco se acumule no organismo do paciente, o que pode gerar um quadro de intoxicação menos ou mais sério”, diz. Usado como medicamento, o alho, muito consumido na forma de óleo em cápsulas, também pode interagir de modo adverso com antivirais, o que é especialmente perigoso para os portadores de Aids, de acordo com o especialista do CBQPA.
Para agravar esse quadro, assinala o pesquisador, a imensa maioria dos médicos não tem conhecimento desse tipo de problema. “Isso se deve especialmente ao fato de os cursos de Medicina não oferecerem uma disciplina que trate em profundidade a questão do uso de fitoterápicos e plantas medicinais. Isso faz com que esses profissionais dificilmente associem uma mudança no quadro geral do paciente ao possível consumo de um chá. Ademais, os pacientes também não costumam contar a seus médicos que lançam mão do uso de plantas medicinais durante seus tratamentos, seja por não confiarem nos profissionais, seja por desconhecerem que esse tipo de associação possa trazer efeitos deletérios”.
Preocupado com o desconhecimento geral sobre as consequências que as plantas medicinais podem causar à saúde, Carvalho destaca que a situação pode ser agravada com a divulgação nos próximos meses, por parte do governo federal, de uma lista de espécies formulada pelo Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde. A ideia é incluir essas plantas e fármacos produzidos a partir delas na relação de medicamentos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Se a população e os médicos não forem muito bem orientados sobre o uso desses recursos naturais, é possível que parte da população venha a enfrentar problemas”, teme o pesquisador.
Ele insiste que a melhor maneira de evitar possíveis adversidades geradas pelo uso indiscriminado ou sem orientação de plantas medicinais ou fitoterápicos é informar adequadamente a população e os profissionais de saúde sobre os riscos que o hábito oferece. “Com isso, o paciente saberá que deve comentar com seu médico que está ingerindo determinado tipo de chá, enquanto este último também passará a perguntar se o primeiro ingere habitual ou esporadicamente alguma infusão ou coisa do gênero”, defende o pesquisador do CPQBA.