A Olimpíada-2016 e os votos de 2010
Por Villas-Bôas Corrêa
A explosão de júbilo nacional – da Amazônia devastada ao Nordeste castigado pela ironia das enchentes e ao Sul clamando pelo socorro das vítimas das enchentes que derrubam casas, deixando milhares de famílias no desespero de não saber por onde recomeçar depois de enterrar os mortos, que tudo perderam até o gosto de viver – com o anúncio, às 13h51, da distante Copenhague, da escolha do Rio, com o feitiço da Cidade Maravilhosa e as manchas das favelas miseráveis, antro de gangues que assaltam, roubam, matam e exploram a venda de drogas, para sede dos Jogos Olímpicos de 2016 alerta não apenas para a evidência do desafio e da sua importância, que vai muito além do ouro das medalhas dos campeões.
O presidente Lula apostou todas as fichas, expôs a sua liderança ao risco de uma derrota e agora carrega a carga de abrir mais uma gigantesca frente de obras, que envolve governadores e prefeitos ao custo de alguns trilhões. E, no pêndulo das cobranças, a inevitável mistura de acertos e erros, na arrancada que enlouqueceu uma população que se irmana no orgulho de uma vitória que desperta a inveja do mundo.
É fácil celebrá-la e elogiar os vitoriosos. Com a imparcialidade de 60 anos de ininterrupto exercício do jornalismo político, que só assim pode ser respeitado, muito tenho criticado o atual governo nos seus notórios pecados. E pelo quinhão da sua responsabilidade pela crise moral que infecciona o pior Congresso desde a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.Agora, acertou em todos os lances, alguns de ousado risco. O primoroso discurso que o presidente leu, com a ênfase de fazer inveja ao William Bonner, revelou a sua aplicação para brilhar para uma plateia que reunia as principais lideranças do mundo, não apenas nos esportes mas na política. Lula leu como se improvisasse, com voz firme e no tom exato, sem um erro e excelente jogo cênico nas voltas para todos os ângulos do auditório.
E agora? A dosagem da urgência, com as brechas para as imprevisíveis dificuldades, é da responsabilidade do presidente e do seu mastodôntico ministério, com as mudanças para substituir os que disputarão mandatos. Até 31 de dezembro de 2010, Lula é o responsável por mais da metade das obras para os Jogos Olímpicos de 2016, com o sucessor no segundo mandato da reeleição. Na berlinda, a candidata oficial, ministra Dilma Rousseff, colherá parte dos ganhos com o surto de euforia do país. E que a oposição terá de engolir sem fazer careta, forçando o riso tão espontâneo como esmola de sovina.
A Olimpíada será assunto nos cadernos esportivos, nos debates pelas redes de TV até o seu encerramento, em 2016. Desde o andamento das obras, seguindo os organogramas de cada uma. E para os jornalistas esportivos é um presente de rei. O treinamento dos atletas candidatos a uma vaga na representação brasileira será acompanhado por especialistas em cada uma das modalidades.
Para a campanha que começa com as convenções partidárias, em junho do próximo ano, os acordos e alianças são mais importantes que os Jogos Olímpicos de seis anos depois. Mas a estrutura publicitária do governo é a maior, a mais cara e a mais competente dos últimos anos.Como a oposição não disse ao que veio, não definiu a sua chapa e atravessa uma fase caipora com a sucessão de derrotas nos confrontos no Congresso, a cada euforia do governo corresponde um amuo dos tucanos e do DEM.
O presidente passa a impressão que descobriu o segredo de Midas e transforma em ouro tudo que toca. Por mais algumas semanas, a vitória em Copenhague, a esperta brincadeira Nós podemos, plágio do We can do presidente Barack Obama, sustenta o sucesso olímpico.
O presidente Lula apostou todas as fichas, expôs a sua liderança ao risco de uma derrota e agora carrega a carga de abrir mais uma gigantesca frente de obras, que envolve governadores e prefeitos ao custo de alguns trilhões. E, no pêndulo das cobranças, a inevitável mistura de acertos e erros, na arrancada que enlouqueceu uma população que se irmana no orgulho de uma vitória que desperta a inveja do mundo.
É fácil celebrá-la e elogiar os vitoriosos. Com a imparcialidade de 60 anos de ininterrupto exercício do jornalismo político, que só assim pode ser respeitado, muito tenho criticado o atual governo nos seus notórios pecados. E pelo quinhão da sua responsabilidade pela crise moral que infecciona o pior Congresso desde a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.Agora, acertou em todos os lances, alguns de ousado risco. O primoroso discurso que o presidente leu, com a ênfase de fazer inveja ao William Bonner, revelou a sua aplicação para brilhar para uma plateia que reunia as principais lideranças do mundo, não apenas nos esportes mas na política. Lula leu como se improvisasse, com voz firme e no tom exato, sem um erro e excelente jogo cênico nas voltas para todos os ângulos do auditório.
E agora? A dosagem da urgência, com as brechas para as imprevisíveis dificuldades, é da responsabilidade do presidente e do seu mastodôntico ministério, com as mudanças para substituir os que disputarão mandatos. Até 31 de dezembro de 2010, Lula é o responsável por mais da metade das obras para os Jogos Olímpicos de 2016, com o sucessor no segundo mandato da reeleição. Na berlinda, a candidata oficial, ministra Dilma Rousseff, colherá parte dos ganhos com o surto de euforia do país. E que a oposição terá de engolir sem fazer careta, forçando o riso tão espontâneo como esmola de sovina.
A Olimpíada será assunto nos cadernos esportivos, nos debates pelas redes de TV até o seu encerramento, em 2016. Desde o andamento das obras, seguindo os organogramas de cada uma. E para os jornalistas esportivos é um presente de rei. O treinamento dos atletas candidatos a uma vaga na representação brasileira será acompanhado por especialistas em cada uma das modalidades.
Para a campanha que começa com as convenções partidárias, em junho do próximo ano, os acordos e alianças são mais importantes que os Jogos Olímpicos de seis anos depois. Mas a estrutura publicitária do governo é a maior, a mais cara e a mais competente dos últimos anos.Como a oposição não disse ao que veio, não definiu a sua chapa e atravessa uma fase caipora com a sucessão de derrotas nos confrontos no Congresso, a cada euforia do governo corresponde um amuo dos tucanos e do DEM.
O presidente passa a impressão que descobriu o segredo de Midas e transforma em ouro tudo que toca. Por mais algumas semanas, a vitória em Copenhague, a esperta brincadeira Nós podemos, plágio do We can do presidente Barack Obama, sustenta o sucesso olímpico.
E depois? Várias e imensas frentes de obras: do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida, para a construção de 1 milhão de residências populares e, a cada dia, o apelo de ministros, governadores, prefeitos para o corre-corre da construção e reforma de estádios, vilas olímpicas, pistas para as provas de atletismo, prédios para o alojamento de dirigentes e atletas e todo uma conta de trilhões que se evaporam como a poça d’água em dias de calor.