Folha de São Paulo, Painel, domingo 18 de outubro de 2009
"Panos quentes. Assessora especial de Lula, Clara Ant disparou telefonemas para líderes de entidades judaicas na tentativa de aplacar as manifestações de protesto contra a visita ao Brasil, em novembro, do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad."
Comentário: não posso asseverar a autenticidade desta nota. No entanto, posso pensar, e muito, sobre as armadilhas que o poder apresenta aos que pertencem a setores minoritários em um pais com tradição ditatorial. Quem segue as infortunadas situações do povo judeu na Alemanha e no Brasil, tem plena consciência das fraquezas de alguns judeus que, embora em situação de poder (jurídico, político, econômico) pouco fizeram em prol de seus irmãos. Eles preferiram dois caminhos: o da "prudência", que levou ao desastre e o da colaboração, pior ainda.
Espero em Deus que o autor da nota se equivoque (no mundo tortuoso da política, notícias podem ser plantadas e o jornalista, não raro, por mais experiente e ético que ele seja, não tem como se proteger dos spin doctors) e a Assessora do presidente brasileiro não esteja pressionando os líderes da comunidade judaica para que se calem na visita de um ditador da pior espécie, negador do Holocausto, inimigo dos direitos humanos.
Espero em Deus que a Assessora tenha o auto-respeito necessário nestas horas em que os fanatismos parecem vencedores.
Deus ilumine a mente da Assessora, para que ela, mais tarde, não tenha seu nome incluído entre os que, com razão, foram acusados de exercitar de qualquer forma e de qualquer jeito, o que foi chamado por Theodor Lessing como Der Jüdische Selbsthass.
Quanto a mim, estarei nas ruas e nas praças, nos jornais e nos livros, denunciando a mais do que desastrada diplomacia brasileira, que por suposto realismo encampa as terríveis tiranias dos cinco continentes.
Se a visita do ditador se efetivar, protestarei com todas as forças. É o mínimo que posso fazer, como intelectual que respeita os direitos da pessoa humana, e os defende.
Convido aos que sentem o mesmo, para que não se instalem na "prudência", pois tal atitude, digna dos Finzi Contini, levou ao massacre no passado. E conduzirá ao massacre no futuro. Que não será distante, se o Brasil ratificar sua "amizade" com um Estado tirânico.
Roberto Romano
"Panos quentes. Assessora especial de Lula, Clara Ant disparou telefonemas para líderes de entidades judaicas na tentativa de aplacar as manifestações de protesto contra a visita ao Brasil, em novembro, do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad."
Comentário: não posso asseverar a autenticidade desta nota. No entanto, posso pensar, e muito, sobre as armadilhas que o poder apresenta aos que pertencem a setores minoritários em um pais com tradição ditatorial. Quem segue as infortunadas situações do povo judeu na Alemanha e no Brasil, tem plena consciência das fraquezas de alguns judeus que, embora em situação de poder (jurídico, político, econômico) pouco fizeram em prol de seus irmãos. Eles preferiram dois caminhos: o da "prudência", que levou ao desastre e o da colaboração, pior ainda.
Espero em Deus que o autor da nota se equivoque (no mundo tortuoso da política, notícias podem ser plantadas e o jornalista, não raro, por mais experiente e ético que ele seja, não tem como se proteger dos spin doctors) e a Assessora do presidente brasileiro não esteja pressionando os líderes da comunidade judaica para que se calem na visita de um ditador da pior espécie, negador do Holocausto, inimigo dos direitos humanos.
Espero em Deus que a Assessora tenha o auto-respeito necessário nestas horas em que os fanatismos parecem vencedores.
Deus ilumine a mente da Assessora, para que ela, mais tarde, não tenha seu nome incluído entre os que, com razão, foram acusados de exercitar de qualquer forma e de qualquer jeito, o que foi chamado por Theodor Lessing como Der Jüdische Selbsthass.
Quanto a mim, estarei nas ruas e nas praças, nos jornais e nos livros, denunciando a mais do que desastrada diplomacia brasileira, que por suposto realismo encampa as terríveis tiranias dos cinco continentes.
Se a visita do ditador se efetivar, protestarei com todas as forças. É o mínimo que posso fazer, como intelectual que respeita os direitos da pessoa humana, e os defende.
Convido aos que sentem o mesmo, para que não se instalem na "prudência", pois tal atitude, digna dos Finzi Contini, levou ao massacre no passado. E conduzirá ao massacre no futuro. Que não será distante, se o Brasil ratificar sua "amizade" com um Estado tirânico.
Roberto Romano