terça-feira, 1 de dezembro de 2009

G1, o portal, e a corrupção brasiliense, brasileira. etc.

01/12/09 - 16h05 - Atualizado em 01/12/09 - 16h05

Especialistas comentam corrupção na política; deixe sua opinião

Polícia Federal investiga pagamento de mesada a deputados no DF.

Para cientistas políticos, sistema político no país favorece fraudes.

Do G1, em São Paulo

Em meio a mais um escândalo na política brasileira, cientistas políticos e professores de ética afirmaram ao G1 que a corrupção faz parte da cultura de gestão pública do país. No entanto, eles avaliam que há formas de reduzir o problema.


No Distrito Federal, o governador e aliados políticos são investigados por um suposto esquema de pagamento de mesada a parlamentares da base aliada. O governador nega as acusações e se diz vítima de uma trama.


Confira abaixo a opinião dos especialistas e deixe seu comentário no fim da reportagem.

ESPECIALISTA

OPINIÃO

Roberto Romano: professor de ética da Unicamp (Foto: Divulgação)

Análise da situação: "O que está acontecendo no Distrito Federal é uma repetição da história do Estado brasileiro, que não começou a funcionar ontem. Começou na época da colônia e do absolutismo monárquico, a época do controle por parte do rei do Judiciário, Legislativo, e foi a época que o rei comprava os nobres para submetê-los. A monarquia foi considerada um dos períodos mais corruptos da história política do Ocidente. E o Brasil entrou no século XVI já nesse padrão, do governo que compra apoio dos poderosos. Quando nos tornamos independentes, herdamos esse aparato."

Como melhorar: "Enquanto não tivermos instaurado um regime eficaz da prestação de contas e da responsabilização, não se tem solução para esses casos. E a situação piora por conta do foro privilegiado. Não que a abolição do foro acabaria com a corrupção, mas o benefício ajuda muito a incentivar os corruptos. É garantia de que não serão punidos. (...) Outra questão mais urgente é a democratização dos partidos políticos. Você tem os donos de partidos, que dominam as finanças, as convenções, que tiram do bolso os candidatos e as alianças, e não consultam o eleitor de base do partido."

Fernando Abrúcio: cientista político e professor da FGV-SP (Foto: Reprodução / TV Globo)

Análise da situação: "Tem a ver com a cultura de muitos anos de promiscuidade entre o setor público e o setor privado. Brasília nasceu com a promiscuidade com as empreiteiras. E o sistema favorece, desde o financiamento de campanha até o preenchimento de cargos. Isso leva a um sistema em que cargos se tornam moeda de troca para obter apoio político, um processo que leva à corrupção."

Como melhorar: "O melhor seria limitar o financiamento privado para os partidos e que a prestação de contas fosse em tempo real na campanha e não posteriormente. A grande dificuldade de acompanhamento que temos é quando o financiamento é para os candidatos e não para os partidos."

Leonardo Barreto: cientista político, professor da UnB(Foto: Daiane Souza / UnB Agência)

Análise da situação: "Eu acho que nosso sistema político hoje é muito caro, os custos da transação política são muito elevados. Não digo custo apenas financeiro. Precisa distribuir secretarias, cargos, para ter apoio. Isso sem falar nos custos de campanha, porque a competição política é feita de maneira desleal. Isso tudo acaba incentivando a corrupção. Agora você tem, com certeza, outro incentivo que é a certeza da impunidade."

Como melhorar: "A corrupção sempre vai existir, não apenas no Brasil, mas absolutamente em todos os lugares. E é preciso fazer reformas para reduzir esses custos. Uma forma seria proibir deputado de ocupar cargo no Executivo. Outra forma é reduzir os cargos de livre provimento (comissionados). (...) E o que vale, o que resolve mesmo é a cadeia. As pessoas não entendem porque não acontece nada com que faz algo errado. Depois a gente culpa o eleitor. Mas eu fico imaginando se não é muita responsabilidade para o eleitorado. A Justiça tem que funcionar e condenar."

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