Escândalo Bancoop
Cooperativa Bancoop barrou associados em assembleia
11 de março de 2010
Por Fernando Barros de Mello
Documento público oficial e sentenças judiciais mostram que a Bancoop impediu a entrada de associados em assembleias da cooperativa, o que contraria a argumentação do ex-presidente da entidade, João Vaccari Neto, de que todas as decisões foram tomadas pelos próprios associados.
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No dia 15 de setembro de 2009, um oficial de cartório compareceu a uma assembleia geral extraordinária da Bancoop. Na ata, ele contou que alguns cooperados convocados para o encontro foram barrados por seguranças. O próprio oficial foi proibido de entrar no local, sob a alegação de que apenas associados teriam acesso ao prédio. Nenhuma assembleia pode impedir a participação de associados. "Cooperados equivalem a sócios. E as decisões são tomadas em assembleia. Eles têm que ser chamados a participar e todo cooperado tem direito de livre ingresso", afirma o advogado Anis Kfouri Jr, especialista em direito político. "Um problema comum em assembleias é que há interesses divergentes e muitas vezes há um desvirtuamento da conduta correta: impede-se a entrada de algumas pessoas e facilita-se a de outras, o que leva a um critério de discriminação."
Foi o que ocorreu no caso da assembleia da Bancoop. O relato do oficial de cartório tem fé pública, ou seja, validade na Justiça. "Quase todas as pessoas que chegavam a essa portaria eram barradas. Algumas pessoas portando o edital de convocação enviado pelo correio pela própria Bancoop foram barradas na entrada, não podendo participar de votação, tampouco assistir a referida assembleia", registrou na ata.
O documento informa ainda que duas vans chegaram ao local, com várias pessoas que não foram barradas. "Ou seja, entraram sem passar na triagem dos seguranças", estranhou o oficial em outro trecho do documento. No registro, 109 pessoas foram barradas.