Relatório da CIA vazado pelo WikiLeaks diz que EUA "exportam" terrorismo
DE SÃO PAULO
Um relatório sigiloso sobre terrorismo vazado pela WikiLeaks e criado pela unidade especial "Red Cell", da CIA (agência de inteligência dos EUA), cita diversos casos em que cidadãos americanos financiaram atividades terroristas.
O documento também analisa os efeitos para Washington caso os Estados Unidos passassem a ser vistos como um "exportador de terrorismo".
Datado de 5 de fevereiro de 2010, o relatório aponta que a própria CIA já admite que cidadãos americanos financiam, planejam ou participam ativamente de atentados terroristas e manifesta preocupação caso a comunidade internacional enxergue o país --que na última década lançou uma campanha global contra o terror-- como patrocinador de atividades terroristas.
"Ao contrário do senso comum, a exportação americana de terrorismo ou terroristas não é um fenômeno recente, e nem tem sido associado unicamente com radicais islâmicos ou pessoas de origens étnicas do Oriente Médio, África ou Sul da Ásia. Esta dinâmica desmente a crença americana de que nossa sociedade multicultural livre, aberta e e integrada diminui o fascínio dos cidadãos americanos pelo radicalismo e pelo terrorismo", diz o primeiro parágrafo do relatório da CIA.
A equipe do site WikiLeaks, que já anunciara na terça-feira à noite o vazamento de um relatório secreto da CIA para esta quarta-feira, diz que a agência de inteligência americana cita diversos casos em que ataques perpetrados por terroristas judeus, muçulmanos e ligados ao nacionalismo irlandês que eram baseados em território americano ou financiados por cidadãos dos EUA.
IMPACTOS
O texto da própria CIA nas primeiras páginas do relatório aponta graves consequências para Washington caso os EUA passem a ser vistos como um exportador de terrorismo. Entre elas:
- Parceiros internacionais poderiam ter menos disposição em cooperar com os Estados Unidos em atividades envolvendo extradições jurídicas, incluindo a detenção, transferência e interrogatórios de suspeitos em outros países.
- Alterando o status de "vítima de terrorismo" --o que concede aos EUA grande espaço de manobra para pressionar outras nações a extraditar cidadãos suspeitos-- para "exportador de terrorismo", outros países poderiam exigir uma política recíproca de Washington.
- Outros países poderiam exigir que os EUA concedessem informações sobre supostos terroristas ou até extraditassem cidadãos ligados a atividades terroristas. Caso o governo americano se negasse a cooperar, tais nações poderiam se recusar a entregar suspeitos procurados por Washington, afetando alianças e relações bilaterais.