Internacional
Alemanha
Bundesbank demite um de seus diretores acusado de racismo
Em seu livro, Thilo Sarrazin desenvolve teoria sobre "gene judeu" e considera que a Alemanha "se embruteceu" sob a influência dos imigrantes muçulmanos
Thilo Sarrazin em lançamento de seu livro com discurso racista contra imigrantes (AFP)
A chanceler Angela Merkel qualificou as idéias de Sarrazin de "inaceitáveis" e disse que esperava uma reação do Bundesbank
O Banco Central alemão anunciou nesta quinta-feira a demissão de um polêmico membro de sua diretoria, o social-democrata Thilo Sarrazin, devido a uma controvérsia causada por declarações consideradas racistas em um livro lançado no final de agosto.
"A diretoria do Bundesbank e seu membro Thilo Sarrazin estão conscientes de suas responsabilidades com a instituição Bundesbank. Levando em consideração o debate público (em torno do livro de Sarrazin), as partes envolvidas vão, em comum acordo, pôr fim a sua cooperação no final do mês", anunciou o Bundesbank em seu site nesta quinta-feira à noite.
Em seu livro intitulado "A Alemanha se encaminha para a sua derrota", Thilo Sarrazin desenvolve uma teoria sobre um "gene judeu" e considera que a Alemanha "se embruteceu" sob a influência dos imigrantes muçulmanos. "Se eu tivesse vontade de ouvir a convocação para as orações do almuadem, iria ao Oriente", escreveu.
Polêmica – Sarrazin foi ministro da economia da cidade-estado de Berlim durante nove anos. A polêmica com seu nome surgiu no ano passado com um discurso retrógrado contra os imigrantes. Sua plataforma é muito simples: a degeneração da nação alemã por causa do fluxo de imigrantes, segundo ele, “gente que não se adapta e de nível de inteligência baixo, que, para desgraça da nação, se reproduz a um ritmo muito superior ao dos alemães”.
"Quarenta por cento de todos os nascimentos são registrados nas camadas baixas", o que diminui continuamente o nível de educação, em vez de elevá-lo”, declarou no ano passado à revista Lettre International, referindo-se à situação de Berlim. "Árabes e turcos são duas ou três vezes mais prolíficos que a média, e muitos deles nem querem, nem são capazes de integrar-se", disse.
Sua tese é bem similar ao discurso nacionalista dos anos 1920 e 1930 na Europa, que na Alemanha teve sua pior e mais radical expressão ao desembocar numa ideologia racista exterminadora de judeus. "Os imigrantes custam mais do que aportam e, entre eles, os muçulmanos são piores por razões culturais", disse.
A chanceler Angela Merkel qualificou as idéias de Sarrazin de "inaceitáveis" e disse que esperava uma reação do Bundesbank. Também o SPD se dispôs “a examinar o fato de tal personagem continuar no partido".
(AFP e La Vanguardia)