State's Secrets
Day 1 of 9
A cache of diplomatic cables provide a chronicle of the United States' relations with the world.
ESTREITO (MA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou profundamente irritado, nesta tera-feira, 30, em Estreito (MA), com uma pergunta do Estado sobre sua relação com o grupo do senador José Sarney (PMDB-AP) no Maranhão. A reportagem indagou se a visita era uma forma de "agradecer o apoio da oligarquia Sarney" ao seu governo. Para Lula, a pergunta foi "preconceituosa".
"Agradeço, agradeço... e a pergunta preconceituosa como esta é grave para quem está há oito anos cobrindo Brasília. Demonstra que você não evoluiu nada. O presidente Sarney é presidente do Senado... preconceito é uma doença. O Senado é uma instituição autônoma diante do Poder Executivo, da mesma forma o Poder Judiciário. O Sarney colaborou muito para a institucionalidade. E ademais é o seguinte: o Sarney foi eleito pelo Amapá, eu não sei por que o preconceito. Você tem de se tratar, quem sabe fazer uma psicanálise para diminuir o preconceito", disse o presidente ao repórter.
Irritado, Lula ainda mencionou o palhaço Tiririca, eleito deputado federal. "Se você tiver que fazer algum protesto você vai para o Amapá, porque foi lá que o povo elegeu Sarney. E vai para São Paulo, porque o povo elegeu Tiririca. Na medida que a pessoa é eleita e toma posse, ela passa a ser uma instituição e tem que ser respeitada", afirmou, dirigindo-se ao repórter.
Durante a resposta de Lula, a governadora Roseana Sarney interveio. "É preconceito contra a mulher. Eu fui eleita governadora do Maranhão para tomar conta do povo", no que Lula emendou: "Sarney não é o meu presidente. Ele é o seu presidente do Senado, ele é o presidente do Senado deste País. Eu lamento que não tenha tido evolução (da imprensa)".
O presidente Lula virou aliado fiel de Sarney durante seu mandato de presidente. Em julho de 2009, articulou para que o PT recuasse da decisão de apoiar o afastamento do senador da presidência do Senado, após as revelações, pelo Estado, de envolvimento dele no escândalo dos atos secretos da Casa, e demais irregularidades, dentre elas a fraude na Fundação José Sarney com dinheiro da Petrobrás.
Em entrevista ao Estado em fevereiro, Lula saiu em defesa de Sarney e afirmou que o defendeu porque o governo precisava dele no Senado.
"Agora, quem governa é que sabe o tamanho do calo que está no seu pé quando quer aprovar uma coisa no Senado", disse Lula. "Das acusações que vocês (o jornal) fizeram contra o Sarney, nenhuma se sustenta juridicamente e o tempo vai provar. O exercício da democracia não permite que a verdade seja absoluta para um lado e toda negativa para o outro lado", afirmou na entrevista.
Humildade. Mais cedo, o presidente havia feito um discurso atípico, no qual reconheceu que antecessores não tiveram as mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho consciência que outros presidentes da República não tiveram as mesmas condições que eu", afirmou. "O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", afirmou Lula.
As declarações foram feitas em um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins. Ainda em tom de humildade, o presidente observou que a inauguração da obra ficará mesmo para o governo de Dilma Rousseff. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para fechar a comporta, pelo menos", declarou o presidente.
Lula disse que precisou desmarcar três visitas à obra por causa de problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção da usina. O presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, com o movimento de atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os pescadores continuem suas atividades. "Eu não queria violência com qualquer pessoa", declarou Lula.
GENEBRA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluirá seus oito anos no poder com uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil. Essa é a avaliação da diplomacia americana sobre a gestão de Lula e os principais elementos de seu governo, escancarando a avaliação do governo americano em relação a Lula.
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Em um telegrama secreto revelado pela organização Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.
"A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não melhoraram durante sua administração (de Lula)", afirmou o telegrama enviado entre a embaixada americana em Brasília e o Departamento de Estado norte-americano.
O documento ainda cita os vários escândalos de corrupção durante a gestão de Lula. "A Administração Lula tem sido afetada por uma grave crise política", afirma o documento, indicando que "escândalos de compra de votos e tráfico de influência" se transformaram em "pragas para certos elementos do partido de Lula, o PT".
Sobel, porém, deixa claro que a "popularidade pessoal do presidente não sofreu, mesmo depois que muitos de seus associados mais próximos foram pegos em práticas de corrupção".
O telegrama faz parte de um relatório que a embaixada americana em Brasília enviou para Washington, com vistas a preparar uma visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A meta dos americanos no início de 2009 era o de se aproximar ao Brasil, propondo acordos de cooperação no setor militar e uma colaboração para garantir certa estabilidade na América Latina.
O documento ainda insinua que teria sido o Bolsa Família que o teria ajudado a se reeleger em 2006. "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2002 em grande parte diante da promessa de promover um agenda social ambiciosa, incluindo generosos pagamentos aos pobres. Diante da força da popularidade desses medidas, ele foi reeleito em 2006, ainda que um apoio diminuído da classe média", completou.
Para limitar o aumento das temperaturas em 2°C até 2050, a redução das emissões nos países em desenvolvimento é mais determinante do que o corte em países industrializados, afirmou a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, na Conferência do Clima, em Cancún, México.
Além disso, estudos da agência indicam que reduções a longo prazo são mais custosas, tanto monetariamente quanto em impactos gerados. O gasto em 2050 seria praticamente o dobro do feito em 2020.
A meta global para 2050 é redução de 50% das emissões sobre 1990, sendo que os países em desenvolvimento teriam que cortar de 30% a 40% sobre 2005, os países desenvolvidos da UE, de 60 a 90% em comparação com 1990, e EUA, de 80% a 95%.
Alterações nas reduções dos países pobres podem fazer com que as reduções globais fiquem em 35% ou 70%, mas a variação de 80% ou 95% dos desenvolvidos não faria tanta diferença no resultado total.
Para isto, os países desenvolvidos teriam que cortar suas emissões, mas a China deveria reduzir suas emissões em 50% comparadas com 2005, enquanto a Índia poderia continuar em crescimento até seu pico de emissão.
O estudo prevê um pico nas emissões chinesas de 2020 a 2025 com lançamento de mais de 12 bilhões de CO2 equivalente por ano. Depois disso, suas emissões teriam que reduzir de 55% a 65% até 2050. Já a Índia, após chegar ao auge de 2030 a 2035, teria que cortar de 60% a 95% sobre os níveis de 2005.
Acordo de Copenhague
As promessas de redução de emissão dos gases do efeito estufa apresentadas pelos países desenvolvidos no Acordo de Copenhague chega a 18% a menos do que as emissões de 1990, mas o necessário seria de 25% a 40%. A meta dos em desenvolvimento fica entre 8 a 10% do que era previsto, quando teria que haver um corte de 15 a 30%.
Brasil (-36%/-39%), África do Sul (-34%), Coreia do Sul (-30%) e Indonésia (-26) prometem reduções consideráveis, mas China e Índia ficam entre 0 e 6% ou 0 e 3%, respectivamente, em cima do que lançariam em 2020.
Isso significa que na melhor das hipóteses, com todos os países atingido o máximo de suas metas, estaríamos ainda a 2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente do limite máximo para o aquecimento de 2°C. Se o acordo não for cumprido e as emissões continuarem na mesma toada de agora, seriam 10 bilhões de toneladas a mais.
A solução proposta pelo analista climático da Agência, Michel den Elzen, é que China e Índia adotem planos nacionais de redução de emissões, que as emissões por desmatamento sejam reduzidas em 50% até 2020, que regras para impedir o aumento do uso de terras de florestas sejam adotadas, que metas para aviação e marinha internacional sejam impostas e ainda a necessidade de um adicional de redução para os países desenvolvidos em 25%.
Mas mesmos as metas sofrem riscos de não serem cumpridas. As dos países mais pobres, por exemplo, dependem de financiamento internacional e podem ocorrer menores reduções devido à falta de precisão de quanto é emitido pelo desmatamento e também por estipular que o crescimento seria maior do que será (a China atrela seus cortes ao PBI, afirma que irá diminuir a quantidade de gases emitidos por dólar gerado em sua economia).
Entre os países desenvolvidos, as incertezas são quanto a projetos contados duas vezes, mau uso da terra e os créditos de países do Leste Europeu e Rússia que são contados para equilibrar as contas do bloco como um todo e que podem não estar mais disponíveis no futuro.
Assim, os EUA teriam que finaciar ações de desmatamento em outros países para compensar o que deveriam cortar e não irão e os países em desenvolvimento precisariam de financiamento para atingir a redução necessária para que as temperaturas não passassem dos 2°C.
Custos
Os custos para se chegar às promessas seriam proporcionalmente os mesmos para países ricos e pobres, sendo que Rússia, Ucrânia, China e Índia teriam os menores gastos.
Para a menor expectativa seriam gastos 0,1% do PIB em 2020 e para o melhor dos cenários seriam 0,2% do PIB. Para o Brasil, como as metas são altas, os custos seriam de 0,3% a 0,4% do PIB em 2020.
Além disso, o analista prevê que adiar o cumprimento das metas, atingido o mesmo patamar em 2050, elevaria os custos e os riscos climáticos. Isso exigira cortes de mais de 4% o ano no período de 2020 a 2050 para se chegar a reduções de 40% a 45% sobre 1990. O total global de custos com a redução das emissões está projetado para U$ 60 a U$ 100 bilhões.
Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética – supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu -, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão – quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido – em uma palavra, banido -, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas – nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la – isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia – teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
Os documentos secretos revelados pelo site WikiLeaks comprovam como era tratada nos bastidores a preocupação crescente da comunidade internacional com as relações entre Brasil e Irã entre 2009 e 2010. Em um diálogo com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, em Teerã, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, argumentou que seu país "não estava fazendo nada diferente do Brasil na esfera nuclear".
Putin teria retrucado afirmando que o Brasil "não se localiza no Oriente Médio".
Em Washington, Paris, Berlim e Moscou, diplomatas defenderam o aumento da pressão contra Ahmadinejad e manifestaram preocupação com a atuação do governo brasileiro. Em diferentes mensagens, a política externa brasileira foi criticada por atrapalhar os planos de sanções. O Brasil é tido como líder emergente que precisa ser atraído.
Segundo pesquisas nos documentos confidenciais ou secretos revelados até aqui, o Brasil entra na lista de preocupações das potências internacionais a partir do início 2009. Segundo relato do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, ao embaixador americano em Moscou em abril do ano passado, o Brasil era usado como álibi por Ahmadinejad quando o assunto era o programa nuclear.
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A posição de Brasília volta a ser comentada, desta vez em conversa telefônica entre o líder francês, Nicolas Sarkozy, e o presidente dos EUA, Barack Obama, em novembro de 2009.
Na ocasião, o embaixador americano relata que as altas esferas diplomáticas francesas estão preocupadas com a perda de apoio da opinião pública contra o Irã, porque países como China, Turquia e Brasil continuavam a manter relações diplomáticas ou comerciais com o Irã. O texto cita a visita de Ahmadinejad ao Brasil, em novembro de 2009.
"Países continuam a engajar relações diplomáticas e comerciais com o Irã (a exemplo dos interesses comerciais chineses, da recente visita do primeiro-ministro turco ao Irã e da visita do presidente iraniano Ahmadinejad ao Brasil)", diz o documento, classificado como secreto.
Em 2010, a preocupação com a posição brasileira aumenta e autoridades francesas advertem que o Brasil pode não conhecer o limite da negociação com o Irã. Em maio, o Brasil e a Turquia tentariam intermediar um acordo com o Irã que permitisse a troca de urânio por combustível nuclear para um reator de pesquisas médicas. O acordo seria muito criticado pela comunidade internacional. Em fevereiro, o governo da Alemanha ressaltaria aos americanos a necessidade de seduzir o Brasil, considerado "líder de opinião no Terceiro Mundo".
Em reuniões diplomáticas realizadas em 2010 e 2009, diplomatas dos EUA, França, Alemanha e Rússia tratam da influência brasileira na questão nuclear; Ahmadinejad diz a Putin que "não faz nada diferente do Brasil"
Em agosto de 2009, em uma reunião com a ministra-conselheira americana Kathleen H. Allegrone, em Paris, dois assessores diretos de Sarkozy ressaltaram a necessidade de aumentar a pressão sobre o Irã, para que o país abandonasse seu programa nuclear. François Richier e Patrice Paoli, conselheiros de Assuntos Estratégicos e de Oriente Médio, respectivamente, exortam ainda os EUA a se aproximar de países como o Brasil.
OUTROS SEGREDOS
Zelaya sofreu "golpe de Estado"
A embaixada americana em Tegucigalpa esclareceu, em junho de 2009, que o então presidente hondurenho, Manuel Zelaya, havia sido deposto por "um golpe inconstitucional e ilegal". Esse era o teor da mensagem enviada ao Departamento de Estado.
Elo Chávez-Lugo foi investigado
Diplomatas da Embaixada dos EUA em Assunção tentaram investigar ao longo de 2008 se o presidente venezuelano, Hugo Chávez, estava financiando a campanha do então candidato paraguaio Fernando Lugo, que acabou eleito presidente.
Saúde mental de Cristina preocupa
A diplomacia americana mostrou preocupação com a "saúde mental" da presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner. Hillary Clinton chegou a pedir um relatório sobre o estado de saúde mental da mandatária argentina.
Ambulâncias com arma do Hezbollah
Ambulâncias iranianas do Crescente Vermelho, a versão da Cruz Vermelha para países islâmicos, foram usadas para contrabandear armas do Irã para o grupo xiita libanês Hezbollah durante a guerra com Israel em 2006, segundo a diplomacia israelense.
Khamenei teria câncer terminal
Um empresário da Ásia Central, que viaja com frequência a Teerã, soube por um dos seus contatos que (o ex-presidente iraniano Ali Akbar) Rafsanjani lhe contou que o aiatolá Ali Khamenei tem leucemia em estágio terminal e pode morrer em meses.
Retirada de urânio do Paquistão
EUA temiam que material radioativo fosse usado em ataques terroristas. Desde 2007, Washington tenta remover urânio altamente enriquecido de um reator do Paquistão. Islamabad ainda se recusa a aceitar uma visita de especialistas dos EUA.
Segue-se um extracto duma entrevista de Mário Crespo a José Gil, que passou na Sic Notícias, em 27 de Novembro passado. São palavras absolutamente sinceras e verdadeiras as do filósofo e professor, tão sinceras e verdadeiras que deviam fazer parar o país para pensar no rumo que tomará, ou que já está a tomar, pelo facto de os bons professores serem obrigados a desistir de ensinar: por abandono da profissão, por fadiga, por desnorte...
Mário Crespo: Uma estratégia seguida por este Ministério (…) é exigir ao professor uma ocupação total na sua tarefa, total, para lá das horas do humanamente aceitável (…) para lá das 35 horas obrigatórias, para dentro das pausas lectivas – expressão nova –, o trabalho do professor deve integrar e devorar o tempo de vida privada, de lazer (…), professor só pode ser professor (…) deixa de ser homem, deixa de ser mulher...
José Gil: Isso é quase um homicídio da profissão. A profissão de professor desaparece. Desaparece, porque é impossível fazer isso (…). Estou a lembrar-me de Paul Lenoir, um poeta, que dizia que para fazer boa poesia é preciso não fazer nada (…). É preciso que haja pausa, desafio, reflexão ruminação (….). Eu sou professor, sei que estou a defender a minha causa, mas há vocações extraordinárias, muito maiores que a minha, muito mais admiráveis que eu vejo em professores do secundário, por exemplo (...) pessoas que gostam de ensinar, que adoravam fazer o que estavam a fazer e essas pessoas vão-se embora, foram-se embora (…) sobretudo (…) porque ficam tão desgostosas por elas mesmas, por terem que fazer qualquer coisa que não gostam, que é lhe destrói uma missão...
This article is by David E. Sanger, James Glanz and Jo Becker.
Day 1 of 9
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In late May 2009, Israel’s defense minister, Ehud Barak, used a visit from a Congressional delegation to send a pointed message to the new American president.
In a secret cable sent back to Washington, the American ambassador to Israel, James B. Cunningham, reported that Mr. Barak had argued that the world had 6 to 18 months “in which stopping Iran from acquiring nuclear weapons might still be viable.” After that, Mr. Barak said, “any military solution would result in unacceptable collateral damage.”
There was little surprising in Mr. Barak’s implicit threat that Israel might attack Iran’s nuclear facilities. As a pressure tactic, Israeli officials have been setting such deadlines, and extending them, for years. But six months later it was an Arab leader, the king of Bahrain, who provides the base for the American Fifth Fleet, telling the Americans that the Iranian nuclear program “must be stopped,” according to another cable. “The danger of letting it go on is greater than the danger of stopping it,” he said.
His plea was shared by many of America’s Arab allies, including the powerful King Abdullah of Saudi Arabia, who according to another cable repeatedly implored Washington to “cut off the head of the snake” while there was still time.
These warnings are part of a trove of diplomatic cables reaching back to the genesis of the Iranian nuclear standoff in which leaders from around the world offer their unvarnished opinions about how to negotiate with, threaten and perhaps force Iran’s leaders to renounce their atomic ambitions.
The cables also contain a fresh American intelligence assessment of Iran’s missile program. They reveal for the first time that the United States believes that Iran has obtained advanced missiles from North Korea that could let it strike at Western European capitals and Moscow and help it develop more formidable long-range ballistic missiles.
In day-by-day detail, the cables, obtained by WikiLeaks and made available to a number of news organizations, tell the disparate diplomatic back stories of two administrations pressed from all sides to confront Tehran. They show how President George W. Bush, hamstrung by the complexities of Iraq and suspicions that he might attack Iran, struggled to put together even modest sanctions.
They also offer new insights into how President Obama, determined to merge his promise of “engagement” with his vow to raise the pressure on the Iranians, assembled a coalition that agreed to impose an array of sanctions considerably harsher than any before attempted.
When Mr. Obama took office, many allies feared that his offers of engagement would make him appear weak to the Iranians. But the cables show how Mr. Obama’s aides quickly countered those worries by rolling out a plan to encircle Iran with economic sanctions and antimissile defenses. In essence, the administration expected its outreach to fail, but believed that it had to make a bona fide attempt in order to build support for tougher measures.
A Sense of Urgency
Feeding the administration’s urgency was the intelligence about Iran’s missile program. As it weighed the implications of those findings, the administration maneuvered to win Russian support for sanctions. It killed a Bush-era plan for a missile defense site in Poland — which Moscow’s leaders feared was directed at them, not Tehran — and replaced it with one floating closer to Iran’s coast. While the cables leave unclear whether there was an explicit quid pro quo, the move seems to have paid off.
There is also an American-inspired plan to get the Saudis to offer China a steady oil supply, to wean it from energy dependence on Iran. The Saudis agreed, and insisted on ironclad commitments from Beijing to join in sanctions against Tehran.
At the same time, the cables reveal how Iran’s ascent has unified Israel and many longtime Arab adversaries — notably the Saudis — in a common cause. Publicly, these Arab states held their tongues, for fear of a domestic uproar and the retributions of a powerful neighbor. Privately, they clamored for strong action — by someone else.
If they seemed obsessed with Iran, though, they also seemed deeply conflicted about how to deal with it — with diplomacy, covert action or force. In one typical cable, a senior Omani military officer is described as unable to decide what is worse: “a strike against Iran’s nuclear capability and the resulting turmoil it would cause in the Gulf, or inaction and having to live with a nuclear-capable Iran.”
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Still, running beneath the cables is a belief among many leaders that unless the current government in Tehran falls, Iran will have a bomb sooner or later. And the Obama administration appears doubtful that a military strike would change that.
Day 1 of 9
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One of the final cables, on Feb. 12 of this year, recounts a lunch meeting in Paris between Hervé Morin, then the French defense minister, and Secretary of Defense Robert M. Gates. Mr. Morin raised the delicate topic of whether Israel could strike Iran without American support.
Mr. Gates responded “that he didn’t know if they would be successful, but that Israel could carry out the operation.”
Then he added a stark assessment: any strike “would only delay Iranian plans by one to three years, while unifying the Iranian people to be forever embittered against the attacker.”
In 2005, Iran abruptly abandoned an agreement with the Europeans and announced that it would resume uranium enrichment activities. As its program grew, beginning with a handful of centrifuges, so, too, did many Arab states’ fears of an Iranian bomb and exasperation over American inability to block Tehran’s progress.
To some extent, this Arab obsession with Iran was rooted in the uneasy sectarian division of the Muslim world, between the Shiites who rule Iran, and the Sunnis, who dominate most of the region. Those strains had been drawn tauter with the invasion of Iraq, which effectively transferred control of the government there from Sunni to Shiite leaders, many close to Iran.
In December 2005, the Saudi king expressed his anger that the Bush administration had ignored his advice against going to war. According to a cable from the American Embassy in Riyadh, the king argued “that whereas in the past the U.S., Saudi Arabia and Saddam Hussein had agreed on the need to contain Iran, U.S. policy had now given Iraq to Iran as a ‘gift on a golden platter.’ ”
Regional distrust had only deepened with the election that year of a hard-line Iranian president, Mahmoud Ahmadinejad.
During a meeting on Dec. 27, 2005, with the commander of the United States Central Command, Gen. John P. Abizaid, military leaders from the United Arab Emirates “all agreed with Abizaid that Iran’s new President Ahmadinejad seemed unbalanced, crazy even,” one cable reports. A few months later, the Emirates’ defense chief, Crown Prince Mohammed bin Zayed of Abu Dhabi, told General Abizaid that the United States needed to take action against Iran “this year or next.”
The question was what kind of action.
Previously, the crown prince had relayed the Emirates’ fear that “it was only a matter of time before Israel or the U.S. would strike Iranian nuclear facility targets.” That could provoke an outcome that the Emirates’ leadership considered “catastrophic”: Iranian missile strikes on American military installations in nearby countries like the Emirates.
Now, with Iran boasting in the spring of 2006 that it had successfully accomplished low-level uranium enrichment, the crown prince began to argue less equivocally, cables show. He stressed “that he wasn’t suggesting that the first option was ‘bombing’ Iran,” but also warned, “They have to be dealt with before they do something tragic.”
The Saudis, too, increased the pressure. In an April 2008 meeting with Gen. David H. Petraeus, then the incoming Central Command chief, the Saudi ambassador to Washington recalled the king’s “frequent exhortations to the U.S. to attack Iran,” and the foreign minister said that while he preferred economic pressure, the “use of military pressure against Iran should not be ruled out.”
Yet if the Persian Gulf allies were frustrated by American inaction, American officials were equally frustrated by the Arabs’ unwillingness to speak out against Iran. “We need our friends to say that they stand with the Americans,” General Abizaid told Emirates officials, according to one cable.
By the time Mr. Bush left office in January 2009, Iran had installed 8,000 centrifuges (though only half were running) and was enriching uranium at a rate that, with further processing, would let it produce a bomb’s worth of fuel a year. With that progress came increased Israeli pressure.
After the Israeli defense minister issued his ultimatum in May 2009, the chief of staff, Lt. Gen. Gabi Ashkenazi, followed up in November.
“There is still time for diplomacy, but we should not forget that Iran’s centrifuges are working day and night,” he told a delegation led by Representative Ike Skelton, the Democratic chairman of the House Armed Services Committee.
That, in turn, led Arab leaders to press even more forcefully for the United States to act — before Israel did. Crown Prince bin Zayed, predicting in July 2009 that an Israeli attack could come by year’s end, suggested the danger of appeasing Iran. “Ahmadinejad is Hitler,” he declared.
Seemingly taken aback, a State Department official replied, “We do not anticipate military confrontation with Iran before the end of 2009.”
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Despite an American trade embargo and several rounds of United Nations sanctions, the Bush administration had never forged the global coalition needed to impose truly painful international penalties on Iran. While France and Britain were supportive, countries like Germany, Russia and China that traded extensively with Iran were reluctant, at best.
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A cache of diplomatic cables provide a chronicle of the United States' relations with the world.
In the breach, the United States embarked on a campaign to convince foreign banks and companies that it was in their interest to stop doing business with Iran, by demonstrating how Tehran used its banks, ships, planes and front companies to evade existing sanctions and feed its nuclear and missile programs.
The cables show some notable moments of success, particularly with the banks. But they also make it clear that stopping Iran from obtaining needed technology was a maddening endeavor, with spies and money-laundering experts chasing shipments and transactions in whack-a-mole fashion, often to be stymied by recalcitrant foreign diplomats.
One cable details how the United States asked the Italians to stop the planned export to Iran of 12 fast boats, which could attack American warships in the gulf. Italy did so only after months of “foot-dragging, during which the initial eleven boats were shipped,” the embassy in Rome reported.
Another cable recounts China’s repeated refusal to act on detailed information about shipments of missile parts from North Korea to Beijing, where they were loaded aboard Iran Air flights to Tehran.
The election of Mr. Obama, at least initially, left some countries wondering whether the sanctions push was about to end. Shortly after taking office, in a videotaped message timed to the Persian New Year, he reiterated his campaign offer of a “new beginning” — the first sustained talks in three decades with Tehran.
The United Arab Emirates called Mr. Obama’s message “confusing.” The American Embassy in Saudi Arabia reported that the talk about engaging Iran had “fueled Saudi fears that a new U.S. administration might strike a ‘grand bargain’ without prior consultations.”
In Europe, Germany and others discerned an effort to grab market share. “According to the British, other EU Member states fear the U.S. is preparing to take commercial advantage of a new relationship with Iran and subsequently are slowing the EU sanctions process,” the American Embassy in London reported.
The administration, though, had a different strategy in mind.
The man chosen to begin wiping out the confusion was Daniel Glaser, a little-known official with a title that took two breaths to enunciate in full: acting assistant secretary of the Treasury for terrorist financing and financial crimes.
The first big rollout of his message appears to have come in Brussels on March 2 and 3, 2009, during what the cables called “an unprecedented classified briefing” to more than 70 Middle East experts from European governments.
Mr. Glaser got right to the point. Yes, engagement was part of the administration’s overall strategy. “However, ‘engagement’ alone is unlikely to succeed,” Mr. Glaser said. And to those concerned that the offer of reconciliation was open-ended, one cable said, he replied curtly that “time was not on our side.”
The relief among countries supporting sanctions was palpable enough to pierce the cables’ smooth diplomatese. “Iran needs to fear the stick and feel a light ‘tap’ now,” said Robert Cooper, a senior European Union official.
“Glaser agreed, noting the stick could escalate beyond financial measures under a worst case scenario,” a cable said.
The Czechs were identified as surprisingly enthusiastic behind-the-scenes allies. Another section of the same cable was titled “Single Out but Understand the E.U. Foot-Draggers”: Sweden, considered something of a ringleader, followed by Cyprus, Greece, Luxembourg, Spain, Austria, Portugal and Romania.
The decoding of Mr. Obama’s plan was apparently all the Europeans needed, and by year’s end, even Germany, with its suspicions and longstanding trading ties with Iran, appeared to be on board.
China’s Concerns
Still, there could be little meaningful action without Russia and China. Both are permanent members of the United Nations Security Council, where multilateral action would have to pass, and both possess a global reach that could effectively scuttle much of what the United States tried on its own.
The cables indicate that the administration undertook multilayered diplomatic moves to help ensure that neither would cast a Council veto to protect Iran.
As of early 2010, China imported nearly 12 percent of its oil from Iran and worried that supporting sanctions would imperil that supply. Obama administration officials have previously said that the year before, a senior adviser on Iran, Dennis B. Ross, traveled to Saudi Arabia to seek a guarantee that it would supply the lost oil if China were cut off.
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The cables show that Mr. Ross had indeed been in Riyadh, the Saudi capital, in April 2009. While there is no direct account of those meetings, a suggestion of dazzling success turns up later, in cables describing meetings between Saudi and Chinese officials.
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The offer may have come during a Jan. 13 meeting in Riyadh between Foreign Minister Yang Jiechi of China and King Abdullah and other senior Saudi officials, one of whom told Mr. Yang, “Saudi Arabia understood China was concerned about having access to energy supplies, which could be cut off by Iran,” according to one cable.
The conversation, evidently shaped by Mr. Ross’s request, developed from there, the cable indicated. A later cable noted simply, “Saudi Arabia has told the Chinese that it is willing to effectively trade a guaranteed oil supply in return for Chinese pressure on Iran not to develop nuclear weapons.”
That left Russia.
Dealing With Russia
Throughout 2009, the cables show, the Russians vehemently objected to American plans for a ballistic missile defense site in Poland and the Czech Republic. Conceived under President Bush and billed as a shield against long-range Iranian missiles that American intelligence said were under development, the site was an irritant to Russia, which contended that it was really designed to shoot down Russian missiles.
In talks with the United States, the Russians insisted that there would be no cooperation on other issues until the Eastern Europe site was scrapped. Those demands crested on July 29, when a senior Russian official repeatedly disrupted a meeting with Russia’s objections, according to one cable.
Six weeks later, Mr. Obama gave the Russians what they wanted: he abruptly replaced the Eastern Europe site with a ship-borne system. That system, at least in its present form, is engineered to protect specific areas against short- and medium-range missiles, not pulverize long-range missiles soaring above the atmosphere. Mr. Obama explained the shift by saying that intelligence assessments had changed, and that the long-range missile threat appeared to be growing more slowly than previously thought.
The cables are silent on whether at some higher level, Russia hinted that Security Council action against Iran would be easier with the site gone. But another secret meeting with the Russians last December, recounted in the cables, may help explain why Mr. Obama was willing to shift focus to the short- and medium-range threat, at least in the near term.
In the meeting, American officials said nothing about a slowing of the long-range threat, as cited by Mr. Obama. In fact, they insisted that North Korea had sent Iran 19 advanced missiles, based on a Russian design, that could clear a path toward the development of long-range missiles. According to unclassified estimates of their range, though, they would also immediately allow Iran to strike Western Europe or easily reach Moscow — essentially the threat the revamped system was designed for.
Russia is deeply skeptical that Iran has obtained the advanced missiles, or that their North Korean version, called the BM-25, even exists. “For Russia, the BM-25 is a mysterious missile,” a Russian official said. (That argument was dealt a blow last month, when North Korea rolled out what some experts identified as those very missiles in a military parade.)
Whatever the dynamic, Mr. Obama had removed the burr under the Russians’ saddle, and in January 2010, one cable reported, a senior Russian official “indicated Russia’s willingness to move to the pressure track.”
The cables obtained by WikiLeaks end in February 2010, before the last-minute maneuvering that led to a fourth round of Security Council sanctions and even stiffer measures — imposed by the United States, the Europeans, Australia and Japan — that experts say are beginning to pinch Iran’s economy. But while Mr. Ahmadinejad has recently offered to resume nuclear negotiations, the cables underscore the extent to which Iran’s true intentions remain a mystery.
As Crown Prince bin Zayed of Abu Dhabi put it in one cable: “Any culture that is patient and focused enough to spend years working on a single carpet is capable of waiting years and even decades to achieve even greater goals.” His greatest worry, he said, “is not how much we know about Iran, but how much we don’t.”